𝖆𝖓𝖓𝖊 𝟓𝟖

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Eu passei por ele que me seguiu, entrei no quarto tirando roupão e me enfiando debaixo das cobertas depois de dar um gole na água. Ele deitou ao meu lado me puxando pra ele e começou a me alisar e cheirar.

Anne: Eu tô cansada, quero dormir. - Disse, quase num sussurro - 

Lorenzo: Eu só vou ficar aqui, pode dormir. Não vou fazer nada.

Despertei mais tarde de conchinha com o Lorenzo que tinha um braço sobre mim. Puxei seu braço mais junto ao meu peito e ele deu uns beijos nas minhas costas, nuca e ombro. Eu me aconcheguei um pouco mais nele e já notei a ereção. Ele aproveitou o braço que eu tinha trazido mais pra perto de mim e agarrou meu pescoço. E em pouco tempo já estava dentro de mim. Virou me deixando de bruços e ele em cima. O ritmo do início era lento, calmo, mas logo mudou. Ele não aguenta. Eu também não. Depois que nos saciamos um pelo outro, fomos tomar banho e então, ir comer. Ele perguntou se eu queria fazer alguma coisa hoje, mas eu notei que as vezes que eu não estava muito por perto, ele digitava freneticamente no celular e cancelava ligações que recebia e então, neguei. Ele tinha que voltar pra esposa e eu estava realmente cansada do nosso reencontro. 

Eu estava na sacada fumando um baseado quando ele apareceu e abaixou ao meu lado.

Lorenzo: Vou precisar ir resolver uma merda. - Eu não respondi. Ele tocou minha perna - Posso voltar? 

Anne: Prefiro ficar sozinha. - Ele abaixou a cabeça. Respirou fundo e levantou, vindo sentar ao meu lado. Dei uma puxada no baseado, encarando a minha frente - 

Lorenzo: Larga isso aí, vamos conversar. - Pediu e eu neguei com a cabeça, ainda sem o olhar - 

Anne: Eu só quero que você vá embora e me deixe um pouco sozinha. 

Lorenzo: Um pouco? Posso voltar, então? 

Anne: Não, eu te aviso quando quiser te ouvir. 

Lorenzo: Por que você tá agindo assim? Dá pra olhar pra mim? - Ele tocou meu rosto virando pra ele com rispidez - 

Anne: Eu tô uma confusão de sentimentos, Lorenzo. Minha cabeça toda hora dá uma virada. Eu só quero pensar sem você aqui pra influenciar qualquer que seja a minha decisão. 

Lorenzo: Do mesmo jeito que você diz que eu influencio estando aqui, vou influenciar não estando e eu prefiro não arriscar. Eu quero continuar com você. 

Anne: É, mas eu já deixei inúmeras vezes pra você que eu não quero. - Eu levantei, puta - Você sempre consegue o que quer, sempre.

Eu joguei a ponta do baseado em qualquer lugar e dei as costas pra ele, entrando e indo direto pro quarto onde bati a porta e me taquei na cama. Eu quero me livrar dele? Quero. 

Mas também não quero. 

Mas olha como eu fico depois de estar com ele. 

É sempre um 8 ou 80. 

Nunca é uma parada leve e por que eu sou tão masoquista?

Não demorou muito pra ele sentar ao meu lado e eu levantar, mas óbvio que ele me puxou com força, me fazendo voltar pra onde estava. Eu lancei um olhar mortal pra ele, mas talvez não tenha causado tanto impacto já que ele não demonstrou reação. Ele ia falar algo mas me adiantei.

Anne: Eu também tenho coisas pra resolver, você pode ir resolver as suas logo? - Ele arqueou a sobrancelha -

Lorenzo: Que coisas? Terminar com o Otto? - Eu revirei os olhos e passei a mão no rosto - 

Anne: Eu não tenho nada, nada com o Otto, Lorenzo. - Ele estalou os lábios, desacreditado - 

Lorenzo: Eu vi vocês ontem, Anne. 

Anne: Viu o que? Eu me divertindo com um amigo? Porque foi isso que aconteceu. 

Lorenzo: Vocês não são amigos, Anne. - Eu revirei os olhos - Se eu não insisto era ele quem estaria aqui agora e eu duvido que você estaria fazendo toda essa ceninha, com esse olhar de arrependimento e nojo pra mim. - Eu engoli seco - Tô mentindo? 

Anne: Ele não é casado. - Disse amarga. Ele negou com um sorriso sarcástico e passou a mão no rosto - Você não suporta saber que eu morria de amores por você e agor... - Ele me cortou - 

Lorenzo: Morria? Deixou de me amar? Não sente mais nada por mim? Eu não te satisfaço mais? Deixei de ser bom pra você? - Eu suspirei com os olhos fechados - Vamos jogar limpo aqui, Anne. - Ele abriu os braços e eu mordi o lábio inferior - Desde a merda que a Laís causou na nossa vida, eu tenho corrido atrás de você. Eu tô tentando te agradar de todas as formas e você me esnobando. 

Anne: Você tá com o orgulho ferido, isso sim. - Eu ia levantar, mas ele me puxou de novo - 

Lorenzo: Não sai saindo, estamos conversando. 

Anne: Eu falei que te avisaria quando quisesses te ouvir. 

Lorenzo: Eu já estou aqui, vamos concluir essa merda. - Ele tocou minha boca me fazendo parar de morder o lábio. Eu suspirei. Fiz um coque no cabelo e passei a mão no rosto - Eu não sou mais o homem que você ama? - Eu ri fraco, negando com a cabeça. Fechei os olhos, mas logo o encarei - 

Anne: É mais do que óbvio que você é, Lorenzo. - Ele sustentou meu olhar, me analisando. Eu abaixei a cabeça - Mas eu te falei que te amar dói e só amor não basta. 

Lorenzo: Joga a sua condição, eu vou fazer o que você pedir. - Eu entreabri a boca - E aí? - Ele indagou. Meu celular começou a tocar me tirando da hipnose do olhar dele e quando eu ensaiei me levantar, ele virou meu rosto pra ele - Você não vai atender agora, né? - Perguntou mais como uma afirmação e eu continuei na frente dele -

Eu estava muito decidida... ok, nem tanto, mas eu queria mesmo terminar tudo com ele, mas também não queria. 

Mas eu sei que a gente se machuca muito.

 Mas a gente se ama muito. 

Eu queria mais uma vez tentar pedir pra ele terminar com a Laís, mas eu sabia que isso ele não faria. Que condição eu tinha pra jogar pra ele sendo que o único problema disso tudo era ele estar com ela?

Anne: Lorenzo... - Comecei, mas não sabia o que queria falar - Eu vou pegar uma bebida. - Ele abaixou a cabeça, respirando fundo e eu saí do quarto indo até a cozinha -

Eu peguei uma garrafa de uísque que estava na metade e virei no gargalo mesmo. Eu precisava de alguma coisa forte que me deixasse dormente para tomar uma decisão rápida. Porque meu coração luta contra minha razão. 

Por que ele não veio atrás de mim?

Eu sinto que desde que comecei a ter algo com o Lorenzo, ele me leva do céu ao inferno. Me empodera e me desestabiliza. Ele sabe o poder que tem. Eu disse e demonstrei tantas vezes. Ele cresceu nisso, na minha fraqueza em relação a ele.

Por que ele ainda não veio aqui? 

Mas uma vez a vontade de pedir pra ele terminar com a Laís me vem à cabeça e a dúvida cruel de saber se dessa vez ele acataria meu pedido, minha condição... 

meu celular voltou a tocar me tirando dos meus pensamentos e eu saí da cozinha pra ir atrás dele, mas o Lorenzo apareceu na minha frente. Olhou pra garrafa de uísque da minha mãe e voltou a me olhar. Se aproximou colocando as mãos paralelas ao meu rosto e ficamos nos encarando.

𝕸𝖊 𝖆𝖉𝖔𝖗𝖆Onde histórias criam vida. Descubra agora