Dispensa apresentações, a galera já sabe que meu nome é Leila não é?
Então vamos começar com a minha rotina do dia 16/06 de 2016, quando eu levei um pé na bunda, ou fiquei desempregada, tanto faz, neste dia peguei minhas coisas e saí da casa na qual trabalhei por anos cuidando de um idoso, debilitado por causa da saúde.
Flashback. Anos atrás.
Passava pelo corredor rumo ao quarto, quase fui enxotada da casa, pela dona Rodrigues. Tinha a impressão de a qualquer hora, ela fosse me atropelar andando.
— Anda logo com isso! — Resmunga a velha chata, me seguindo como um cão, por todo canto da casa que eu passo. Agarro a primeira caixa vazia de papelão que encontro e coloco minhas coisas nela, cheia de ódio. Mas, contenho aquilo no peito, porque minha mãe me deu educação. Paro a uma distância segura, porque ela é capaz de dizer que estou agredindo-a. Se fosse o contrário, tenho certeza que ela sairia impune.
— Você nunca vai encontrar um trabalho como este! Nunca ninguém vai te pagar o que eu te pago! Sua leviana sem caráter! — A vontade de enfiar a mão nela é imensa! Contudo, acho melhor apenas processá-la.
O senhor Rodrigues apenas continua sentado na cadeira de madeira velha, babando e observando a cena. É ridículo que ela tenha inventado que Eu tenha dado em cima dele.
— Aguarde, meu advogado irá entrar em contato com a senhora. Pensa que eu vivo somente para trabalhar com homecare? Está muito enganada! Posso arranjar trabalho em qualquer hospital por aí, seja de renome ou não, seu dinheiro não é o único na face da terra, sua ignorante mal-educada. — Respondo, já esgotada dessas ofensas e humilhações.
Atualmente.
Eu sou cuidadora, ou melhor homecare, que cuida dos que não podem sozinhos, sem ter que ir a um hospital, sou formada em enfermagem e atuo há três anos na profissão.
Não é complicado não, eu admito que tem seus espinhos ali e aqui, porém nada que a vida não possa superar, nunca mantive a cabeça baixa mesmo — sendo a pessoa otimista que sou.
O maior problema não foi a demissão em si... Foi meus pais que dependiam de mim para ajudá-los nas despesas da casa, os estudos da minha irmã, porque todo dia ela pega condução para ir até a faculdade e precisa comer algo lá também... Não conseguiu trabalho como jovem aprendiz ainda, sendo assim depende de mim financeiramente para ajudá-la — é só uma garota ainda, está começando a entrar na fase adulta e eu como irmã mais velha (e única) devo ajudar.
Basicamente fui demitida porque a mulher do senhor Rodrigues colocou em sua cabeça perturbada que eu estava me oferendo para seu marido e disse também que a própria filha preguiçosa deles, podia ela mesma cuidar do próprio pai (engraçado porque eu em anos trabalho lá nunca vi aquela criatura pisar uma única vez na casa) portanto, eu estava dispensada terminantemente. O desemprego atingiu muitos brasileiros de dois mil e dezesseis para cá, então meus pais sofreram o impacto e foram demitidos das lojas que trabalhavam, agora fazem bicos sempre que podem para arcar com as despesas da casa. Estou revendendo roupas por enquanto, mas preciso de uma renda fixa e carteira registrada ou do contrário a situação aperta ainda mais este mês e terei que vender objetos de valor emocional como por exemplo: minha prancha de surfe.
Adoro surfar, e morar no litoral é perfeito para mim por isso, nasci um peixe em corpo de mulher porque não consigo ficar um dia sem ir visitar o mar.
Quem pode me culpar né? Ele é uma das maravilhas mais bem feitas do universo.Chego em casa carregando as sacolas do mercado mais perto que fui comprar as coisas que estavam faltando para o almoço e janta.
Minha mãe está cortando legumes e meu pai sentado lendo um papel qualquer, deve ser conta (papel muito conhecido por pobre) deixo as coisas em cima da mesa e dou um beijo na bochecha dela.
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𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada]
RomanceLeila, ou Le como costumam chamar, é uma mulher que tem que lutar contra problemas diários assim como todo brasileiro, porém entre tantas questões da sua vida, a maior é: o desemprego. Por mais que seja necessário, estudo não garante emprego após se...