49-Expulso

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𝗟𝗲𝗶𝗹𝗮.

Carlota foi socorrida a tempo, fiquei aliviada por isso, mas não completamente, porque o quadro dela é delicado. Trouxe Victor e Isabel no hospital comigo, não sei daquele parasita do Marcos. Espero que não apareça na minha frente tão cedo, porque vou perder a cabeça com ele.

— Leila, venha até aqui, por favor. — Pede Carlota, estendendo a mão enrugada para mim, a voz ainda está fraca pelo impacto do acontecido. Me aproximo da cama e lhe dou a minha mão esquerda, sorrindo, embora não esteja nada contente.

Odeio o clima silencioso de um hospital.

— Não faça muito esforço, quero te ver recuperada logo. — Tento fazê-la se sentir segura e cuidada, porque é essa minha função, deste que entrei na casa dos Avelar.

— Le, você é uma pessoa admirável e tenho muito carinho por você, então, quero a sua ajuda, porque confio em você. — Sibila a mulher de cateter o² no nariz, mantendo o fraco olhar fixado em mim. Não sinto algo bem, vendo ela, nesta situação.

— O médico disse que; estou piorando, é questão de meses, até que o tumor destrua tudo o que resta de mim. Victor está acordado? Quero contar a ele, Le. — Lágrimas vagarosas descem pelo canto dos olhos dela, estou tentando ficar firme diante dessa fragilidade da situação.

Dirijo olhar para o curto sofá no canto direito da sala, onde Victor e Isabel dormem, um encostado na cabeça do outro. A cena é fofa, fico feliz de vê-los unidos.

— Está dormindo, mas se quiser, posso acordá-lo. — Digo baixinho, apreciando a visão do meu noivo dorminhoco e fofo.

— Ele ficou muito mal, está exausto e toda aquela situação caótica, o deixou assustado. — Tenho que desabafar sobre isso.

Carlota não está suficientemente bem, para fazer movimentos prolongados com o pescoço, por isso, pergunta para mim, sobre a condição do filho dela. É difícil ter que ouvir, que uma amiga tem meses, até começar a definhar devido à doença.

Tentarei manter a firmeza, ser forte suficiente para lhe passar conforto e paz.

— Eu pretendia contar, desculpa não ter conseguir guardar segredo, não quero esconder mais nada do Victor, ele é meu melhor amigo, o amo muito e sinceridade é algo que devemos ter entre nós, Carlota. —Me aproximo mais da cama, ao gesto dela.

— Eu sei, eu sei meu anjo, você é a mulher mais amável, cuidadosa e gentil, que eu já conheci Leila, meu filho não poderia ter encontrado alguém melhor para cuidar dele. — Elogia a senhora de cabelos loiros, retirando o cateter do nariz de maneira engraçada, deve incomodar bastante.

— Não sei porque colocaram essa bosta em mim, não estou com falta de ar... enfim, não precisa acordar ele, e também... perdão por ter pedido que casassem antes da minha morte, foi egoísta e imaturo da minha parte. Façam as coisas conforme decidirem e julgarem melhor, de qualquer forma, terão todo meu apoio e benção. — Fala a voz rouca, após isso, minha sogra gesticula para que eu, mova a cama hospitalar com o controle junto a lateral da cama.

— Sabe Le, eu apenas queria ver o Victor em boas mãos, vê-lo casando é meu maior sonho... — Carlota seca as lágrimas que escorrem, sua tristeza me deixa abalada, porém, é uma infelicidade estar tão doente e isso envolver o meu noivado com ele.

— Ele não sabia se virar sozinho, é bom que você esteja aqui agora, e dê uma surra nele se for necessário, teimoso feito burro empacado! — Nós acabamos dando risada, não posso negar, que Victor precisava muito de mim, quando cheguei na casa deles. Carlota envolve a outra mão sobre a minha e acaricia, refletindo alto, com o sorriso que disfarça seu medo e tristeza notáveis. Sorrio em meio ao clima tenso.

𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora