Após o drástico golpe que levei com a ingratidão grosseira de Victor, estive pensando no quanto entreguei de mim nestes dias.
Não foi Júlia, não foi Carlota e nem Marcos... fui eu.
Aquele arrogante pensa que pode falar comigo daquele modo e as coisas vão ficar assim? De modo algum, não vou passar por cima do meu amor próprio e dignidade.
— Mãe, você vem comigo colocar as tranças? — Pergunto a ela, terminando de secar os pratos da louça do almoço.
Meu pai está varrendo o chão para colaborar, afinal é o mínimo né, já que também mora aqui e suja a casa... a mão não irá cair se cooperar.
— Vou sim filha, já aproveito e faço uma hidratação. — Ivone responde organizando os enfeites da mesa e a travessa de vidro vazia já limpa.
— Querem que eu leve vocês? — Oferece meu pai de bom grado.
— Não precisa, é aqui pertinho e quero exercitar as pernas. — Respondo por nós duas, acabo meu afazer e suspiro fundo.
Estou com dor de cabeça e não consigo parar de pensar nos acontecimentos do dia anterior. Por sorte hoje estou de folga e não terei que enfrentar o peso corrosivo que é ver Victor me tratando como a vilã da história.
Saímos para o salão de beleza que fica algumas ruas acima e mantenho o silêncio enquanto os pensamentos tornam fumaça minha mente exausta.
Acho que vou distrair minha mente tomando um bom vinho ou qualquer bebida forte depois de sair do salão, ou quem sabe fazer uma nova tatuagem, já tenho uma no pulso direito escrito: e♡︎.
Em homenagem a minha profissão, e: é de enfermagem e o coração representa o amor que sinto.— Leila, sua patroa não fica incomodada com sua maquiagem filha? — Minha mãe se preocupa com qualquer julgamento duro que eu possa sofrer por minha opção de estilo.
— Não mãe, nos primeiros dias passei uma mais leve... mas, depois ela não disse nada, então acho que tudo bem. — Explico distraída, me perdendo sob as ruas que arrasto meus pés.
Carlota não é preconceituosa, por sorte... ou é o mínimo que faz, afinal de contas a roupa que eu vestir ou a cor da maquiagem que eu passar não interfere em nada no meu trabalho e a dedicação com que o faço.
Vaidade não significa fracasso profissional.
— Que cor vai querer. — Questiona Ivone em relação às tranças.
— Acho que roxo, gosto da cor. — Murmuro desanimada ao entrar no pequeno espaço destinado a tal penteado.
— E o comprimento. — Ouço a mulher dos cabelos crespos e bunda grande dizer.
— Desculpe mãe, o que disse? — Não estou assimilando as coisas muito bem hoje.
— Qual comprimento Leila... está com a cabeça na lua é? — Questiona sem paciência após cumprimentar a cabeleireira.
Não é na lua mãe... é nele.
Maldição! Quero tirá-lo da minha cabeça desde ontem a noite quando deitei para dormir.
Dia seguinte.
O frio me faz trincar os dentes, uma pena que não pude aproveitar o mar para surfar ontem, é uma das coisas que mais gosto, senão a que mais gosto de fazer no tempo livre, depois que saí do salão ontem paguei algumas contas e aproveitei para comprar uma calça jeans preta e a camisa mangas longas cor vinho, que por acaso estou usando hoje.
— Bom dia Leila, depois quero falar com você a sós, estou atrasada. — Cumprimenta a mulher do cabelo pixie agora loiro e os brincos de pérolas nas orelhas.
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𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada]
Storie d'amoreLeila, ou Le como costumam chamar, é uma mulher que tem que lutar contra problemas diários assim como todo brasileiro, porém entre tantas questões da sua vida, a maior é: o desemprego. Por mais que seja necessário, estudo não garante emprego após se...