45-Hipocrisia

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Contei a minha mãe sobre o pedido de casamento, ela abençoou (sempre foi religiosa) e ficou muito feliz, meu pai ficou contente também, contudo, estava preocupado porquê a Isabel ligou, dizendo que queria falar urgentemente comigo.

Tomei um banho e vesti minhas roupas góticas, confortáveis e estilosas. Estou preparando um almoço caprichado, porquê hoje teremos a visita do Victor e da Carlota.

Carlota não conhece muito bem meus pais, tampouco Victor, eis a chance.

Campainha toca.

— Deixa que eu atendo! — Anuncio para Ivone e Antônio, que estão lavando o quintal na parte de trás da nossa casa.

Vou para a porta e abro, saio da frente como reflexo seguro, porquê do contrário, Isabel teria passado por cima de mim, como um furacão. Parece muito nervosa.

— Credo, o que houve contigo? — Pergunto estranhando esse comportamento, ela nunca esteve tão nervosa desse jeito.

Isabel remexe as mãos, fazendo uma careta angustiada, vish... tem coisa aí. Seco as mãos no avental e o retiro do corpo em seguida, colocando sob o velho sofá.

— Leila, eu sei que não estamos conversando, mas é muito sério o assunto, preciso de ajuda e só você pode ajudar. — Ela está tremendo, mais pálida do que papel. Encaminho Bel para o meu quarto e tranco a porta, precisamos conversas à sós.

— Diz de uma vez! Quer me matar do coração? — Gesticulo indicando que ela fale, sentindo um aperto gelado no peito.

Bel tenta respirar fundo e tranquilizar os ânimos, o suficiente para dizer.

— Promete que não vai surtar? — Pede angustiada, desviando o olhar de mim.

— Se não me disser, não! — Procuro conter minha exaltação, vendo ela andar em círculos como um disco quebrado de vitrola. Estou sentindo uma sensação tão ruim. Bel fica parada finalmente, enchendo os pulmões de ar e sustentando a postura.

— Como você sabe, eu ainda estou trabalhando com o Marcos. — Isabel diz, ainda trêmula. Ouvir o nome do Marcos, já indica que vem bomba a seguir.

— Eu te disse para ficar longe dele, porra Isabel! Será que eu falo grego? — Isabel pega nas minhas mãos e arregala os olhos de propósito, lembrando que necessitamos manter isso longe dos ouvidos de nossos pais. Sussurro um pedido de desculpas.

Foi inevitável ser escandalosa.

— Escuta, só escuta! Ok? — Pede a garota de franja, os olhos assustados me deixam muito mal, o que ela quer dizer?

— Eu e o Marcos, nós... Transamos. — Isabel dá uma pausa, com medo de falar tais palavras e causar estrago... Tarde demais. Estou sentindo a visão ficar turva.

O que eu temia, aconteceu...

Vou matar o filho da puta!

— Aquele filho da puta fingido! Quando foi isso? — Digo no tom mais baixo possível, estou tremendo de tanto ódio. Isabel gesticula indicando diminuição do tom de voz, extremamente nervosa e assustada.

— Pouco depois de vocês, voltaram da viajem, eu entrei na sala dele, estávamos conversando e eu disse: queria ir um dia para Porto Alegre, ou Maranhão... Começamos a nos beijar, as coisas foram ficando mais liberais e... Ah! Você sabe né! — Bel responde, a voz falha pela confusão que está rodando em sua mente. Sinto que vou ter um surto, não falta muito!

Busco amparo atrás de mim, por sorte a cama está aqui, sento para aguentar o rojão. Não consigo digerir isso.

— Pelo menos, você usou preservativo? Foi consentido, ele te tratou mal? Como você transa com um desconhecido! — Cochicho para não estravazar e chegar em Antônio ou Ivone. Isabel esconde o lábio inferior, parecendo ainda pior do que antes.

𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora