5-Família Unida.

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Passei o restante do sábado vendo Victor e a namorada trocarem carícias e conversarem sobre assuntos que não me interessavam em nada, apenas o conduzia para onde queria ir e lhe dava objetos que pedia. Carlota simplesmente não deu sinais na casa. Domingo foi bem parado, exceto pela minha visita de costume a praia, para surfar e aproveitar o sol delicioso que me aquecia calorosamente.

Isabel havia voltado para a república e eu fiquei com meus pais como sempre, contando quase todos os detalhes do sábado monótono que tive.
Segunda-feira.

Acabo de chegar e nem sinal do branquelo que sempre me assusta, deve estar dormindo ainda.

— Bom dia, Leila. — Ai que saco! Outro susto, causado por Carlota.

— Que coisa hein... gostam de chegar do nada igual fantasma. — Murmuro para mim mesma e a mulher inclina o rosto em dúvida sobre o que eu disse.

— Nada não. — Desvio o assunto e sorriu fraco para a senhora de terno e calça preta social com scarpin da mesma cor.

— Victor ainda não acordou, pode acordá-lo por gentileza? — Pede a mulher do batom bordô em minha frente.

— Claro. — Confirmo gentilmente e sigo para o quarto do mesmo após gesticular minha próxima direção a mãe dele.

Entrando no quarto escuro e silencioso, me aproximo com cuidado da cama de casal preta e branca, vendo Victor dormir profundamente embaixo do edredom.

— Victor. — Cutuco seu braço sutilmente, da beira da cama.

Nenhum movimento.

Puxo as cortina blecaute e a luz intensa da manhã calorosa irradia pelas paredes do quarto.

— Está na hora de acordar donzelo. — Brinco ajeitando o anel do meu anelar antes de me virar para ele e certificar que acordou.

Nada.

Victor remexe o corpo na cama despreocupado.

As pálpebras ainda fechadas.

— Colabora vai. — Peço com preguiça esperando que ele acorde voluntariamente.

O homem de moletom cinza continua prisioneiro do sono.

— Precisa tomar café. — Lembro o dorminhoco o cutucando de novo.

— Você é irritante sabia. — Finalmente obtenho resposta vinda da voz rouca e grave dele.

— Talvez sim — Respondo divertida e sorrio para o vazio, Victor sente sob a cama e boceja procurando forças para começar o dia. Reparo no corte na parte inferior da sua mandíbula.

— Tentou fazer o que para este corte ficar tão feio? — Analiso bem o ferimento profundo que estampado a pele pálida dele.

Victor tosse um pouco antes de responder.

— Queria fazer a barba... não deu muito certo. — Admite tendo que passar por cima do orgulho. Obviamente fez isso depois que eu fui embora.

O ajudo a sair da cama e coloco os chinelos em seus pés os apoiando em minha própria coxa esquerda.

Sei que ele se sente envergonhado diante disto, porém precisa começar a aceitar meu auxílio. Victor não enxerga, todavia mantém a cabeça erguida e acompanha meus movimentos, talvez pelo instinto que está desenvolvendo.

— Vamos tomar banho e eu faço para você, é o meu trabalho Victor, não precisa ter vergonha de pedir. — Falo terminando de amarrar o cadarço do tênis dele e o enfiando para dentro do sapato para que acidentes não aconteçam, acho inapropriado tal calçado... falarei a respeito com Carlota depois.

𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora