33-Mel

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Isabel não parou de tagarelar desde que chegamos aqui no cinema, inclusive comprou uma generosa quantia de comida, parece até que passa fome em casa. Misericórdia, parece que tem um buraco infinito dentro do estômago dessa criatura de só 1,52 de altura.

— Aí Leila. — Chama minha atenção enquanto tenta equilibrar as diversas embalagens nos braços.

— Fala, Bel. — Respondo sentando no lugar que reservamos anteriormente para não ter complicações desnecessárias.

Isabel senta do meu lado, toda atrapalhada, quase caindo e desperdiçando toda pipoca que comprou.

— Tipo, por que você ainda trabalha naquela casa? O branquelo lá não vai precisar mais de você daqui alguns dias... — Finjo não escutar o restante da frase.

Por mais que seja inevitável este fato, realmente devo considerar.

Mastigo um pouco de pipoca antes de responder.

— Porque preciso de dinheiro, porque ele não me dispensou ainda, simples. — Dou as respostas tentando afastar a bagunça da minha mente.

Bel faz uma careta esquisita.

— Já pensou que pode ser pelo fato dele gostar mais de você do que pensa sua lerda? — Isabel é bem direita.

Quase que a pipoca vai parar no meu pulmão com o impacto.

— Está cheirando alguma erva diferente? Claro que não... que coisa mais sem nexo. — Desconverso, não tenho a autoestima tão baixa para pensar que alguém não poderia se apaixonar por mim, principalmente Victor —, mas isto é tão improvável que chega a me mutilar internamente.

— Acorda para a vida Leila! O branquelo está gamadinho em você! Tá parecendo que você está naquele filme lá... Bird, Bird...

Bird box, Isabel. — Completo a frase revirando os olhos pela sua forma escandalosa de falar, agora graças a isto, todos aqui presentes sabem meu nome.

— É isso aí! Leila, tu acha mesmo que um homem vai admirar que está cadelando por você? Claro que não, eles nunca entregam de bandeja tão rápido. — Continua tagarelando a de franja, bem explícita nas teorias paralelas dela.

— Eu não sei, nunca tive um namorado, o único caso que tive foi no colégio e foi bem trágico aliás... não quero voltar no passado, quem guarda o passado é museu. — Finalizo o assunto, Isabel suspira ansiosa pelo telão começar a transmitir o filme.

— O amor é uma coisa tão estranha, de repente você começa a gostar de alguém e fica babando igual bulldog só de escutar o nome daquela peste. — Soou bem específico, suspeito que significa mais do que Isabel realmente quer transparecer.

As luzes da sala se apagam.

— Depois vai me contar essa história direito, nem tenta me passar a perna porque vou ser bem chata em relação a isto hein. — Informo Bel antes de ter a atenção chamada pelo celular que vibra no bolso de trás da calça legging.

Não sei muito sobre amor romântico, mas o que sei deve ser suficiente para aconselhar Bel, bem suficiente para que não saia ferida de um possível relacionamento.

Mensagem de Marcos:

E aí? Falou com ele? O que ele disse?

Não posso falar agora, estou no cinema.

Por favor Leila, não aguento mais esperar.

Só me diz se ele aceitou conversar.

𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora