𝑰𝒔𝒂𝒃𝒆𝒍.
Minha cabeça está um turbilhão, não suporto a dor, quando fico muito nervosa, tenho duas opções: aguentar a dor de cabeça, ou ir fazer uma nova tatuagem. Sim, fazer tatuagem é minha escapatória saudável. Não bebo, nem fumo, muito menos uso entorpecentes. Resta isso.
Vou fazer faxina, talvez isso ajude a distrair, acabo de lembrar que não tenho grana para fazer tatuagem, porque usei para ajudar na festinha de sábado que teve no campus. Ligo uma música e amarro o cabelo no alto, preciso lavar ele hoje.
Alguém bate na porta, pauso a música e coloco os chinelos para ir abrir.
— Vai embora. — Digo no exato segundo em que vejo quem é atrás da porta.
Forço para fechá-la, porém, ele impede colocando o pé entre a parede e a mesma.
Bufo pelo quanto isso é chato, deixo ele entrar, estou com preguiça de discutir hoje.
— O que você quer hein? — Dou-lhe as costas, ignorando sua cara pálida.
— Precisamos conversar, vamos ficar brigados? — Diz como um coitadinho.
Me poupe.
— Não somos nada, não vamos ser, então, segue teu rumo ok? — Aponto a porta, sem o mínimo de paciência para ele hoje.
Marcos avança alguns passos e eu, não recuo, mesmo com esse olhar esquisito sob mim, agora. Tamanho não me assusta fio.
— Você não pensou nisso, quando estava em cima de mim, semana passada né? — Fala com um tom arrogante e canalha. Quem você está pensando que é?
Dou um tapa bem dado nele, sentindo a mão arder pelo impacto contra sua fuça.
— Você traiu seu próprio irmão! Quer vir falar da minha moral? Me respeita! — Grito até quase perder a voz. Marcos solta um sorrisinho sem pudor e agarra meu pulso esquerdo com força.
— Me solta! — Exijo, desferindo um tapa contra seu tórax. Se eu não conhecesse o que provavelmente acontece nessas discussões, diria que ele não está cogitando a possibilidade de me ter à força.
— Está muito atrevida, não acha? Não esquece que eu, posso te tirar da empresa, no momento que bem entender! — Marcos avança em mim, fazendo com que eu tropece no próprio pé e desequilibre, caindo de costas no sofá.
— Pensa que eu tenho medo de chantagem? Vê se cresce! Otário! — O xingo, embora agora esteja com medo desse olhar. Arrasto o quadril para trás, não tenho chances de defesa, ele é mais alto e mais forte. Não quero cometer nenhum crime, mas, vou usar o que tenho para me defender.
— Você é igual sua irmã, duas vadias interesseiras! Ela viu no trouxa do meu irmão, a oportunidade de arrancar grana dele, óbvio! Como eu, sou burro! Não percebi antes! — Aproveito o desviar de olhar do branquelo e salto o sofá, correndo para o banheiro, na tentativa de me trancar dentro dele. Marcos corre atrás de mim.
— Não fala da minha irmã seu babaca! Ela nunca precisou de macho, ou de papai riquinho e tão podre quanto você! Ela é uma mulher foda e independente, seu merda! — Ele me alcança e sinto as costas colidirem com o piso frio, solto um grito de dor, por pouco, não bati a cabeça, começo a me debater no chão, tentando fazê-lo sair de cima de mim.
Marcos meus pulsos sob o piso, solto gemidos de dor, não quero chorar, não...
— Você é um burro e inútil! Dependeu do seu papai playboy, estar onde está hoje! Como sua mãe pariu um embuste como você? Foi aborto mal sucedido? — Provoco, não posso demonstrar que tenho medo.
Cada palavra, parece atiçar o gatilho da mente dele, esse olhar furioso sob mim...
Esse playboy branco, precisa ouvir verdades, se ninguém o colocou no seu devido lugar, eu vou.
Minha colega de apê, não está aqui hoje, por isso não posso ter ajuda, sem gritar muito.
— Branco, padrão, filho de magnata, é óbvio que você teria o cargo na empresa, quer que eu, continue? — Ignoro a dor devido ao peso do corpo dele sob mim.
Marcos não me solta, embora saiba o quanto está me machucando e o desconforto disso.
— CALA A BOCA, ISABEL. — Vocifera em meu rosto, sinto o hálito de bebida me atingir. Que merda eu tinha na cabeça, para me envolver com esse escroto?
— NÃO CALO, O QUE FOI? FERI SEU EGO? — Grito de volta, no mesmo ódio, quase cuspindo na cara dele, que nojo!
— Sai de cima de mim! Ou vou fazer questão de todo mundo saber, que você está me agredindo seu puto! — Esmurro seu peito, lutando contra o peso do corpo dele sob o meu. Marcos não diz nada, apenas fica me encarando de maneira bizarra, como se pensasse no que vai fazer comigo agora. É, ele não mudou nada.
É como o pai dele. Desprezível.
— Vai ficar jogando na minha cara? Belo argumento, realmente você é a pior garota que eu já conheci! — Ofende novamente, quase babando em cima de mim.
O peso dele diminui sob minha cintura, o jogo para o lado e arrasto o corpo para o mais longe possível desse embuste.
— Você e sua irmã, são duas barraqueiras e escandalosas! Dramática! Deveria agradecer porque eu, quis te foder, olha o quanto isso é ridículo! — Marcos ofende usando do tom agressivo, vindo até mim, cambaleando como um boneco de posto.
Procuro com a mão direita, no balcão atrás de mim, pelo meu spray de pimenta.
Se ele chegar mais perto...
— Tenho amor próprio suficiente, para não relevar a merda que você acabou de me dizer! Eu não sou tua branquela, não tenta me manipular ou me diminuir, não dá certo! — Mesmo que a garganta esteja fechando e que isso tenha magoado, não foi suficiente para diminuir minha autoestima.
Marcos avança um passo, em reação, minhas pernas falha, meu coração dispara.
— Filho de peixe, peixinho é! Vocês são medíocres e eu, sou igualzinho ao meu pai! Velho Otávio! Saudações ao grande filho da puta! Ainda não acabamos Isabel, você vai comer na palma da minha mão! — Marcos aponta para mim, olhando com ódio e me tratando como a culpada do seu descontrole. Por sorte, mal consegue desapoiar da parede, de tão bêbado.
— Enfia os papéis da minha contratação, no seu rabo! Vai se foder! Some da minha casa! — Perco a voz de tanto que me esforço.
Marcos agarra um vaso de vidro em cima da mesa, atrás do sofá marrom, e atira contra a parede pérola (cor) os estilhaços voando gelam meus ossos, sinto que vou vomitar daqui a pouco. Aproveito a passagem livre e saio correndo, rumo à porta. Passo o corredor, correndo sem olhar para trás, descalça. Medo de ser uma vítima de feminicídio, se ficasse mais tempo ali.
— Vadia! Eu vou jogar pimenta na sua ferida! Você me paga Isabel Tavares — Ouço-o gritar, enquanto tenta me alcançar pela escadaria. Não paro, não vou arriscar.
Carlota vai ficar sabendo disso. Preciso urgentemente ligar para Leila.
— Bel? O que foi! — Escuto o borrão que virou o rosto do porteiro, gritar para mim, ao me ver passando pela portaria correndo.
Estou enjoada, preciso parar, mas, ele pode me alcançar. Não sei como entrou sem que eu desse permissão, porém, é branco e rico né, óbvio que consegue tudo o que quer.
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𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada]
RomanceLeila, ou Le como costumam chamar, é uma mulher que tem que lutar contra problemas diários assim como todo brasileiro, porém entre tantas questões da sua vida, a maior é: o desemprego. Por mais que seja necessário, estudo não garante emprego após se...