37-Relógio Londrino e café

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9:30.

Londres é um lugar bem frio e um pouco pacato, mas é um lugar bonito, combina com Victor principalmente, até porquê em outras circunstâncias, consideraria a possibilidade dele matar alguém com uma caneta bic. Ele tem um charme único, e eu adoro isto nele, tão silencioso e elegante.

— Só uma pergunta. — Falo baixinho enquanto observo a movimentação de ¹Routmasters, das pessoas de casaco e roupas discretas quase todas das mesmas cores sutis e monótonas —, abaixo do céu cinzento que esconde o sol sem brilho.

— Pode dizer Le. — Responde Victor com sua voz aveludada, andando lado a lado, eu sou sua guia, como não estamos no litoral.

— Por que estamos andando de mãos dadas? — Observo nossas mãos entrelaçadas como se fossemos um casal.

O frio me faz trincar os dentes.

Victor vira o rosto para mim, ele já sabe cada direção para qual olhar quando estamos bem perto, me reconhece.

— Por que você acha amorzinho? — Ele solta um sorrisinho meigo e charmoso.

Realmente eu não sei a resposta.

— Bom, eu não sei...não faça mistério Sherlock, me diz vai. — Peço fazendo manha, Victor envolve a mão por trás da minha cintura me fazendo colar nele.

Amo o jeito que me aconchega em seu abraço, amo a forma que sorri para mim.

— Por que somos um casal, Leila. — Responde sério e com orgulho.

Neste momento pisco repetidas vezes.

Casal.

— Somos? — Replico sorrindo curiosa.

Atravesso a rua segurando firme na mão do homem de blusa preta e cachecol igual.

— Sim, somos, a menos que você queira que eu... — Ele para e pensa um pouco, aquela expressão que é imprevisível o que virá a seguir, Victor solta minha mão e ajoelha sob o asfalto escuro onde várias pessoas se movimentam, algumas apressadas.

— Quer namorar comigo, Leila? — Pergunta o homem dos olhos verdes, com um sorrisinho no canto dos lábios.

Sinto as bochechas esquentarem, todos que passam nos olham como se fosse estranho este gesto romântico de Victor, para mim.

Pode ser exagero para alguns, mas acho isto tão romântico, é clichê? Talvez, porém não perde a graça, a magia graciosa, nunca.

— Sim, eu aceito ser sua namorada, Victor. — Respondo abrindo um sorriso largo, que faz ele soltar um sussurro comemorando.

Ele se levanta devagar e me junta a si pegando em minha cintura em um movimento lento e sensual.

— Você é extraordinária, sabia? — Diz em um tom todo orgulhoso, suave e carinhoso.

Acaricio sua bochecha gelada, admirando o belo rosto a poucos centímetros do meu.

O perfume invade meu nariz me fazendo ficar ainda mais caidinha pelo branquelo.

— Eu meio que já sabia, mas gostei de ouvir você falando, amor. — Encosto meu nariz no seu, que agora está aquecido pela nossa proximidade tão bonita e romântica.

O mundo para, só existe nós dois aqui, na frente do relógio Londrino que faz barulho.

— Repito quantas vezes você quiser escutar, porque eu sou rendido, apaixonado... todo seu, amor da minha vida. — Declara com um tom tão lindo, a melodia nos invade, a conexão transborda, aprecio cada letra da frase dita como uma mensagem das estrelas e outros astros.

𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora