22-Festa

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Engraçado, hilário como a máscara está estampando o rosto deles e continuam agindo como adoráveis anjinhos.

É cinismo dizer que eu não aprovaria que me dissessem uma verdade assim, gostaria de saber em primeiro mão se fosse traída.

— Venha, quero te mostrar uma coisa. — Victor pega em minha mão e sai andando, estou tão atordoada que mal guio o próprio corpo, chumbo pesando em meus pés.

A ingenuidade dele em relação aos dois dissimulados me aperta o coração, ainda mais porque ele realmente gosta dela.

Maldita, jogou no lixo todo o afeto e tudo que Victor ofereceu durante tanto tempo.

Desprezível no mínimo.

Me dá ânsia apenas de pensar naquela azeda que está agora conversando com Carlota na sala, do lado do amante.

Belo teatro, digno de aplausos.

Paramos em frente a cama dele e Victor retira o saxofone coberto por um pano preto debaixo do móvel, sempre cuidadoso.

Antes de ouvi-lo tocar com toda animação e sentimento, digito uma mensagem para minha mãe dizendo que separe a melhor roupa para ela e meu pai e Bel (caso queira vir) e depois passarei lá para buscá-los.

Festa surpresa.

Victor posiciona o instrumento a frente de cima e passa a corda por cima do pescoço, fazendo ficar pendurada para que a execução saia melhor.

Me sento na cama e cruzo as pernas afim de ouvi-lo tocar, tão puramente e doce.

A melodia de Forever in Love do Kenny G.

Perfeitamente assoprada pelo belo homem em minha frente.

Simples e elegante ao mesmo tempo — quase esqueço o peso do fato que atormenta meus pensamentos.

Nunca irei entender como ela pôde ser capaz... ela nunca o mereceu, Victor não mereceu ser traído e muito menos um futuro enganador ao lado da nojenta traidora que disse várias vezes o amar.

Que amor é este que trai, que mente, que não valoriza? Amor é construído por reciprocidade.

Isto vai quebrá-lo quando souber... e a mentora da verdade será quem mais preza por sinceridade e demonstração dos sentimentos. Se você ama, inevitavelmente vai acabar ferindo.

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Jogo no lixo o chiclete de menta que estava mascando porque perdeu o gosto e retiro o vestido do guarda-roupa, usei ele na formatura do curso, está novíssimo e posso usar novamente.

Minha mãe vai usar um que usou no casamento da minha prima por parte da família dela e Bel usará o vestido azul-royal da formatura do ensino médio mesmo.

Passo a maquiagem do caos e colo os cílios postiços, em seguida passo o batom vinho longa duração — porque a noite é uma criança.

Ajeito o brinco de argola que coloquei, bem chamativa, estou gostosa demais.

— Está linda filha. — Elogia meu pai notando minha produção toda, para ele eu sempre serei a criatura mais linda da terra em conjunto com minha irmã e mãe.

A dificuldade em abotoar o último botão da camisa polo azul clara é causado por causa da barriga avantajada resultante da cerveja que ingere faz muitos anos.

Não é álcoolatra, porém gosta de tomar uns goles de vez em quando, coisa que minha mãe detesta.

Aliás, ela detesta qualquer coisa do tipo e que possa causar vícios.

Deixo de lado a meia preta opaca que pretendia pôr nas pernas — prefiro mostrar a bela escultura que foi feita, não é me gabando não, mas eu sou uma mulher fantástica em quesito de beleza.

— Mãe, sabe onde está meu sapato? — A questiono procurando o scarpin preto em meio a toda zona de guerra que ficou o quarto, Bel entra feito um furacão e quase me derruba.

— Tá aqui mana. — Entrega o par de sapatos que eu estava procurando, toda descabelada e ofegante.

— Valeu Bel, mas para de correr. — Repreendo sorrindo de modo chato para ela, Isabel faz careta.

Coloco os scarpin pretos confortáveis e ajeito a faixa/colar preto em meu pescoço, dando uma última olhada no espelho, parece que ganhei peso, porque minha bunda e coxas estão maiores.

Isabel me dá um leve empurrão e toma a frente do espelho.

Dei risada deixando a gracinha descontrair o clima e tirar a tensão dos meus ombros descobertos.

— Aquele povo todo lá é rico né? — Bel retoca o batom roxo escuro que passou nos lábios, mantendo foco no espelho.

— Ricos não, milionários. — Corrijo dando risada, procuro a bolsa por cima da cama.

— E o seu patrão é chato? Por que sabe que eu não aturo gente cri-cri né, é tão... blé. — Bel emiti som engraçado com a língua.

Suspiro fundo, com certeza Victor era insuportável quando o conheci, porém mudou bastante, aprendeu que o casulo precisava ser quebrado e as pessoas não podiam ser magoadas e depois tudo voltaria ao normal... complexo demais.

Organizo os sapatos que espalhei dentro do espaço destinado a eles da cômoda enquanto Bel puxa a barra do vestido azul para cobrir as coxas mais finas que as minhas, afinal o corpo ainda está em processo de crescimento.

— Por que sua mão está machucada Isabel. — Observo o arranhão em sua falange.

Isabel retrai a mão para trás do quadril.

— Por que dei um soco na cara do idiota que queria me questionar sobre o trabalho de bimestre. — Confessa despreocupada.

Uma pontinha de orgulho surge em mim, mesmo que seja errado gostar de agressão, tem casos a parte né.

— O que ele disse? — Encontro minha bolsa e saímos do quarto depois que eu apanho a chave extra da casa dos Avelar.

— O babaca passa o bimestre inteiro enchendo o rabo de bebida e se enfiando nas pernas daquelas putas, aí chega final do bimestre a professora quis empurrar ele para meu grupo, não aceitei e ele me xingou por não querer aceitar o encosto preguiçoso que ele é, fazer todo o trabalho sozinha e ainda deixar ele ganhar nota nas minhas costas, o que ele estava pensando? Que eu sou mula dele? Trouxa do caralho. — Xinga Isabel com raiva, explicando a situação, realmente ela teve razão. Passo pano para minha irmã.

Gente folgada é pior que gente impulsiva.

Meus pais estão prontos de mãos dadas esperando por nós, Carlota ordenou que o motorista dela viesse nos buscar. É tão bonita a forma como ele admira a bela mulher que não foi afetada pelo tempo, do seu lado. A pureza e sinceridade do amor deles que não esfriou com o tempo, é compreensivo e ingênuo, é o exemplo de casal que eu gostaria de seguir, qualquer pessoa romântica gostaria de tê-los como inspiração. Quase nunca discutem, sempre estão dialogando e demonstrando nos pequenos gestos o quanto amam um ao outro — admirável o carinho e doçura do amor dos dois.

— Estão ótimos, não vão dar um beijinho não? — Bel faz biquinho ajeitando a franja escura acima do rosto, parecendo o gato de botas com os olhos castanhos que mais parecem lanternas e brilham.

Antônio e Ivone sorriem tímidos e dão um selinho para satisfazer a mais nova.

— Perfeito, vamos Leila? — Bel fica satisfeita e se vira para caminhar até a porta, sorridente e empolgada com a festa surpresa, faz muito tempo que não saímos e principalmente todos juntos.

𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora