Pouco depois.
Estou lendo o livro que Victor pediu que eu lê-se, não consigo deixar de martelar aquela frase do café da manhã até agora. Por que me preocupo tanto? É a verdade... eu não significo nada além da cuidadora dele.
— Leila. — Sou tirada dos devaneios pela voz rouca que aguarda a continuação da leitura.
Viro a página do livro e suspiro, os ombros doloridos e a cabeça esquisita.
— O que está lendo Le. — Pergunta a voz gentil de Marcos que acaba de entrar no quarto.
Abro a boca, porém algo impede as sílabas de saírem.
— É a divina comédia. — Responde Victor repudiando a presença masculina.
— Não gosto de clássicos. — Comenta Marcos de modo descontraído e eu sorrio em resposta.
— Claro que não, é um boçal que só pensa em dinheiro e sexo. — Alfineta óbvio demais o irmão dele.
Marcos fecha o punho assim como a expressão suave que tinha.
— Leila, venha almoçar... temos um bom vinho para hoje. — Convida gentilmente o homem de cardigan azul escuro e calça jeans preta.
Victor suspira entediado ao meu lado e tamborila os dedos em seu abdômen.
— É claro, obrigada. — Agradeço sendo simpática e deixo o livro de lado sob o edredom branco.
Marcos sorri acolhedor e sai.
— Por que detesta tanto ele? — Realmente quero saber, não aguento a curiosidade.
— Porque é um abutre interesseiro que segue os passos do desgraçado do meu pai... a única coisa que importa para esse carniceiro é dinheiro. — O modo imparcial que fala do irmão é referente a como falamos do pior inimigo.
— E seu pai? Pode me dizer o porque não suporta que citem ele? — Questiono sem barreiras.
Victor parece disposto a revelar tais informações.
— Otávio Cavalieiri não é meu pai... Sempre suspeitou da minha mãe, acusando ela de traição e me tratando como um fardo, ou seja me considerava um bastardo e fez até Carlota realizar teste de DNA para ter a certeza de que eu era seu filho legítimo como Marcos. — Explica sem nenhum orgulho.
— E tem mais... Agredia ela e a mim, sempre que podia, humilhava com prazer e nunca demonstrou nada por mim, muito menos deixou parte da herança no testamento... dei graças que morreu. — A frieza rancorosa me faz sentir fervura no sangue. Que monstro...como alguém pode ser tão desprezível assim?
— Não imagino como deve ter sido horrível conviver com ele todos estes anos...— Victor põe a mão sob a minha acima do edredom e respira fundo, parecendo aliviado.
— Minha mãe é uma boa mulher... O erro dela é defendê-lo usando a justificativa patética de que não teve preparo quando eu nasci... a situação sempre esteve igual, foi só a rejeição dele mesmo. — A mágoa nítida em tais frases pesa sob mim, absorvo seus sentimentos como se fossemos a mesma pessoa... talvez seja mania ser tão parcial em pouco tempo.
O tanto que Victor certamente sofreu pelas mãos do Otávio... que horror. Agora consigo engolir um pouco melhor o modo como se comporta em certas situações.
— Precisa colocar para fora todo este ressentimento. — Aconselho o par de olhos esmeralda.
— Para que? Não vai mudar o que já aconteceu. — Opina cabisbaixo, ainda mantendo a mão acima da minha.
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𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada]
RomanceLeila, ou Le como costumam chamar, é uma mulher que tem que lutar contra problemas diários assim como todo brasileiro, porém entre tantas questões da sua vida, a maior é: o desemprego. Por mais que seja necessário, estudo não garante emprego após se...