Retiro a bolsa do ombro enquanto ando mantendo o foco no celular, entrei em um aplicativo de relacionamento: tinder.
Por que eu entrei? Sinceramente nem eu sei, acho que preciso desabafar, algo casual quem sabe.
Mensagem Bel:
O cinema do final de semana está de pé?
Puts, esqueci deste detalhe.
— Não me viu chegando. — A voz rouca e sensual me faz dar um leve pulo assustada, meu coração dispara e minha orelha ainda sente sua voz quente. Que raiva desta linda criatura sorrindo maldoso atrás de mim.
— Se eu tivesse visto, não tomaria um susto espertinho. — Sorrio forçado recuperando a instabilidade.
Victor se aproxima e me dá um beijo morno na bochecha, o perfume dele invade minhas narinas — é delicioso e suave...e principalmente... não me dá alergia.
Hoje parece melhor, mais disposto, versátil.
Fico borboletando depois deste ato meigo.
— Lembra da viagem para Londres? — Pergunta com um sorriso entusiasmado nos lábios.
— Claro, inclusive estava pensando nela. —Comento sorrindo.
— Falei para minha mãe, agora é só falta sua resposta e comprar as passagens. — Fala o dos olhos verdes charmosos.
Entrelaço o braço no dele e nós seguimos a passos lentos para o jardim.
Pelo visto já tomou banho, escovou os dentes e todo o restante, sozinho.
— Só preciso que esteja de acordo. — Soou exclusivo, ou seja, está em minhas mãos em grande parte.
— Nunca viajei de avião sabe... tenho um pouco de medo. — Victor sorri achando graça do meu pavor antecipado.
— É sério, eu entro em pânico só de pensar aquela coisa voando... É enorme. — Estremeço afastando tal visão da mente.
Victor dá risada se divertindo.
— Não seja dramática Le, todos nós temos que ter certeza do medo para ter certeza de que realmente ele nos perturba. — O tom bem humorado dele diz enquanto adentramos o jardim ensolarado.
— Fala isso por que já viajou não é? — Resmungo brava, para o bonito é fácil né.
— Já viajei de navio uma vez, fomos para Argentina quando eu tinha lá uns onze anos. — Conta o branquelo.
— Quantos dias pretende ficar lá? Sua tia, ela é rabugenta ou bacana? Preciso levar alguma roupa especial? — Questiono feito uma metralhadora.
Victor franzi as sobrancelhas absorvendo devagar demais minha rapidez nas frases.
Estamos percorrendo o caminho entre os arbustos e depois vamos para as escadas da sala de estar.
— Minha tia é uma mulher faladeira e supersticiosa que adora cozinhar e ter companhia, então acredito que vá gostar dela. — Responde a primeira pergunta.
Percebo que cortou o canto da testa e paro de andar imediatamente.
— Que corte feio, onde fez? — Analiso o ferimento vendo a expressão de desinteresse dele.
— Deixa isso para lá, não foi nada demais. — Resmunga impaciente e eu concordo, depois cuidarei disto para que não piore.
Certamente foi alguma aventura teimosa do bonito, pois adora se meter em encrenca.
— Não foi nada demais, mas pode virar. — Reclamo bem séria, ele nem liga.
Mastigar a ideia de viajar com Victor é muito pesado para mim agora, preciso botar a cabeça no lugar e ir ajeitando uma coisa de cada vez —, inclusive nem contei sobre o pedido do Marcos.
— Victor, tenho que te falar uma coisa. — Comento esfregando a testa, ansiosa.
Ele pega um dente de leão no meio das plantações e percorre os dedos com muita dedicação, sentindo a flor em cada centímetro dela.
— Sou todo ouvidos. — Responde cheirando a flor abaixo dos raios de sol que iluminam seu rosto pálido, logo a tarde chegará.
Respiro fundo e tomo coragem, não que eu não tenha, mas é um assunto delicado.
Victor assopra o dente-de-leão e faz ele se desfazer pelos ares. Um gesto tão inocente e belo que quase perco o foco, vendo isto.
— Seu irmão quer uma chance para conversar contigo. — Digo de uma vez aliviando o peso dos ombros.
Imediatamente a expressão fica ríspida.
— Não tenho absolutamente nada para falar com aquele canalha. — Victor lança o cabo da florzinha no chão grosseiramente.
— Ele parecia realmente arrependido... pelo menos tente, se não der certo...
Victor avança um passo e me silencia segurando a ponta do meu queixo delicadamente.
— Esteve com Marcos? Se encontrou com ele não foi? — O tom soou meio incomodado, sinto seu hálito morno atingir minha pele.
Trinco os dentes querendo rir. Victor contrai os lábios em uma linha fina e irritado... fica mais lindo ainda quando está zangado.
— Está com ciúmes por acaso? — Ergo as sobrancelhas querendo resposta destes olhos verdes charmosos e sombrios.
Victor tira o polegar do meu queixo.
— Ciúmes? Claro que não... apenas quero você longe dele, Marcos não presta. — A lucidez soberba que fala isto é repetida.
— Não presta mesmo... mas quer que eu fique longe dele por que exatamente? Todos merecemos segunda chance. — Victor revira os olhos e suspira sarcástico.
— Ah! Leila, Leila, deixa de ser ingênua, é isto o que ele faz, manipula até conseguir contornar a situação, Marcos sempre foi assim... não deixe ele te enfeitiçar com aquela carinha bonita e voz doce, é uma cobra. — Victor resmunga perdendo a tranquilidade, andando de um lado para o outro passando a mão pelos cabelos.
Parece uma situação que eu já vi...carinha bonita e voz doce, só muda para voz rouca, mas enfim...
— Ele é sangue do seu sangue Victor, não seja tão orgulhoso... pense pelo menos... faça pela nossa amizade, ok? — A palavra faz o Avelar ficar surpreso.
Amizade.
— Está bem, vou pensar sobre o assunto, mas não garanto nada. — Acrescenta cedendo, porém, o orgulho ainda entocado nele, a mania de fazer a pose: cruzar os braços e jogar levemente a cabeça para trás; acaba de ser feita. Com o toque especial de contrair o canto dos lábios.
— Mas só... — O branquelo se aproxima e antes que eu recue ele começa a me fazer cócegas, até que não aguente e implore para que pare, pois estou sem fôlego já.
— Vamos dar uma volta? Estou enjoado de ficar dentro desta casa. — Pede do modo mais gentil e meigo abrindo o sorriso que aquece meu coração. É bom vê-lo tão animado.
— Só porque você está merecendo. — Sorrio largo, Victor ameaça me morder e eu distancio o ombro ainda sendo presa por suas mãos.
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𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada]
RomanceLeila, ou Le como costumam chamar, é uma mulher que tem que lutar contra problemas diários assim como todo brasileiro, porém entre tantas questões da sua vida, a maior é: o desemprego. Por mais que seja necessário, estudo não garante emprego após se...