Felizmente, Victor adiou o pedido mais um dia, por estar aflito demais em relação ao pedido, sugeri andarmos de bicicleta pelas ruas calmas do sábado.
— Segura firme, porque eu não ando devagar. — Aconselho ajeita meu pé no pedal, Victor pousa as mãos em meu quadril e resmunga concordando, parece estar contente e empolgado.
Guardo o celular na cestinha presa ao guidão após digitar uma mensagem para Isabel e prossigo.
— Algum dia pode me levar para surfar e tomar água de coco na praia. — Comenta o passageiro da garupa.
A brisa refrescante beija pele e cílios, tento manter a concentração, refletindo sobre o que Carlota disse, o peso de saber que a morte chegará em breve certamente é macabro e injusto.
Não gostaria de descobrir tal coisa.
"Victor e Marcos não podem saber", falou anteriormente implorando por sigilo.
Será uma punhalada nas costas se eu contar? Acredito que Victor goste da mãe dele tanto quanto Marcos, ou mais... afinal, foi quem permaneceu ao lado dele trazendo conforto e segurança e carinho, mesmo que tenha falhas assim como todos nós temos, Carlota merece respeito e apreço do filho — aquela casa monótona e misteriosa guarda tantas coisas das quais não explorei, por falta de coragem ou preguiça... desinteresse talvez.
Estou sendo hipócrita em dizer que gostaria de manter afastamento de tal revelação, contudo não tenho o direito, a decisão cabe a mãe deles, pois é a protagonista do segredo... mereço sossego, quero paz, apenas paz.
— Posso te fazer uma pergunta e me responda com toda sinceridade? — Foram duas perguntas que acabei de diferir a ele.
Victor afirma balançando a cabeça, mesmo que eu possa não ter visto por causa da bicicleta que tenho que guiar caminho a frente.
— Ama a Júlia? — Despejo de uma vez por todas o peso da dúvida.
Dane-se a indiscrição.
— Por que está pergunta? — Victor parece confuso, estreitando de modo irritante o cenho.
— Só... responde. — Sinto a dor chata invadir a caixa torácica.
Sou digna de receber a resposta que quero.
— Sim. — Soou modesto, mas ainda sim não totalmente firme... para mim, em minha ilusão esperançosa de termos futuro.
Talvez esteja confuso ou seja carente da atenção dela, não do amor... espero eu.
— Agora quero sinceramente da sua parte Leila. — Quase perco o equilíbrio da bicicleta escutando tais letras.
Sinceridade é minha definição.
— Diga o que quer saber. — Murmuro pedalando rápido demais, cada fio de adrenalina quase me faz entrar nas nuvens cinzas do céu acima.
— Beijou Marcos não foi. — Soou subliminar e desprovido de contentamento, sinto que não é somente por detestar o irmão cafajeste... será que...
— Estava me espionando? Qual seu interesse em saber disto? — Me esforça em prol da raiva ficar detida em mim.
Victor abre a boca, porém as palavras somem em meio ao vento, não está muito confiante da possível reação que daria. Intrometido mesmo.
Balas invisíveis estouram minha mente.
— Claro que não... estava. — Confessa cedendo a verdade incômoda.
Deslizo o pé do pedal, parando em frente a uma barraquinha de sorvete.
Preciso me distrair e fingir que estou ignorando o fato curioso do por quê ele esteve me espiando.
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𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada]
Lãng mạnLeila, ou Le como costumam chamar, é uma mulher que tem que lutar contra problemas diários assim como todo brasileiro, porém entre tantas questões da sua vida, a maior é: o desemprego. Por mais que seja necessário, estudo não garante emprego após se...