Vɪᴄᴛᴏʀ.
Presente comprado. Pedi para minha mãe embrulhar tudo, é surpresa. Vou ir com o motorista da família daqui a pouco.
Vesti minha melhor roupa, tomei um banho, fiz barba, cortei até um pouco do cabelo (coisa que não tenho costume, pois, gosto do meu cabelo de Urso). Segundo minha progenitora, estou um pitel.
— Vem aqui, está todo parecendo um velho cafona, não seja desleixado Victor! Não foi assim que eu te ensinei a se vestir. — Sou puxado pela minha mãe, que insiste em arrumar minha roupa conforme seu olhar crítico de mãe reparadora.
— Tá bom mãe! Chega! — A faço parar de fuçar minha gravata pela milésima vez, retirando as mãos enrugadas do meu terno.
— Comeu uma balinha? Imagina chegar lá e estar com bafo, é para matar qualquer um de desgosto Victor! — Diz com aquele tom de mãe coruja, quantos anos ela julga que eu tenho? 12?
Estou ficando mais ansioso do que o cara que um atleta nas olimpíadas.
— Pegou tudo? Carteira de identidade? — Pergunta Carlota, ajeitando novamente alguns fios do meu cabelo, a afasto suavemente, não preciso disso, não sou mais uma criança que precisa de auxílio.
— Quem vai parar um cego na rua mãe? — Devolvo a pergunta, isso é tão besta de pensar que chega me faz rir. Apesar de que, hoje em dia, não duvido muito de nada.
Carlota suspira, rendendo-se ao fato de que não precisa me auxiliar feito um desmiolado no mundo. Feito uma criança.
Pego os presentes, ajeitando as alças no pulso. Espero que minha boneca goste, confiei no instinto, no conhecimento que tenho sobre os gostos da Leila e na Bel, se não der certo, vou pegar aquela anã de faculdade e esganar depois.
— Toma cuidado e diz para Leila, que desejo tudo de bom e logo vou dar o presente dela. — Pede minha mãe, após me dar um beijo na bochecha e um abraço apertado, a qual retribuo. Ela é meu maior porto seguro. A minha base sobre tudo.
— Mãe. — A chamo, antes de deixá-la seguir para o corredor do banheiro.
— Fala querido? — Escuto sua voz mais distante, talvez alguns centímetros apenas.
— Eu te amo, obrigado por ser tão incrível. — Agradeço com toda sinceridade e amor que guardo no peito pela mulher que me deu a vida, a primeira pelo qual me apaixonei de uma maneira fraterna e pura, minha inspiração, meu grande orgulho. Sinto uma energia boa aquecer meu coração neste momento, como as ondas do mar invadindo a areia da praia.
— Eu também te amo, meu garoto, para sempre. — Responde carinhosamente. Escuto um beijo estalado sendo mandado no ar, provavelmente após entrar em contato com as palmas das mãos dela.
O som dos saltos vai diminuindo até sumir.
Não posso mais ver, mas, jamais esqueço do rosto da minha mãe, ela sempre foi vaidosa, linda e elegante. Transparecendo luz e bondade, uma mulher admirável e infinitamente amável.
Dou uma última conferida nos botões do meu terno azul-escuro e respiro fundo.
É hora de fazer a mulher que eu amo, se sentir mais amada ainda.
Desço devagar as escadas, com a ajuda de uma das cozinheiras da casa, agradeço a ela, quando chego no portão, onde o carro já está me esperando para irmos.
— Já tem o endereço? — Certificar é sempre bom né. Coloco o cinto de segurança e fecho a porta. O motorista não diz nada, quase consigo escutar apenas o motor fazendo barulho, parece que tem algo de errado.
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𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada]
RomanceLeila, ou Le como costumam chamar, é uma mulher que tem que lutar contra problemas diários assim como todo brasileiro, porém entre tantas questões da sua vida, a maior é: o desemprego. Por mais que seja necessário, estudo não garante emprego após se...