56-Conversar

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Lᴇɪʟᴀ.

É complicado ter que conversar com Victor, pois, este assunto é delicado.

Entretanto, ele tem muita maturidade para compreender e discutirmos numa boa, sobre tal coisa.

— Amor, senta aqui. — Peço, o conduzindo para o sofá branco. Victor senta e fica aguardando em silêncio.

— Já dei os remédios da sua mãe, ela está descansando, disse que não consegue mover da cintura para baixo. — Serei sincera com ele, a situação tende a piorar. É uma doença progressiva, então...

— O que você queria me dizer? — Pergunta ansioso, mexendo no canto dos olhos.

Respiro fundo. Minha garganta está seca.

— Nós precisamos falar sobre meu trabalho, se vamos nos casar, as despesas serão mais altas e não vou poder continuar somente com o salário que me pagam. — Começo a falar, Victor está sonolento, porém, presta atenção.

— Eu posso voltar a trabalhar no teatro, daremos conta juntos. — Sugere meio apreensivo pela ideia. Somos muito apegados, porém, é algo necessário.

Seguro sua mão e acaricia as bochechas tão claras quanto flores de baunilha. Sem dúvidas, ele necessita tomar muito sol.

— Eu não vou continuar como sua homecare, vou trabalhar  fora, em um hospital provavelmente, compreende? Vamos encontrar uma maneira, de você ficar seguro e podermos administrar o dinheiro que entrará em casa. — Arrumo os fios escuros que insistem em cair nos seus cílios, por serem tão lisos.

— Se é isto o que você, tudo bem. Mas, não ficará pesado? Quero que continue trabalhando com o que ama e bem. — Esse receio demonstra o quão inesperada foi minha informação para ele.

O puxo carinhosamente para um abraço.

— Fique tranquilo, já trabalhei em um hospital e ficarei meio período fora, no começo será difícil se adaptar, mas já tive uma ideia que poderá ser de muita ajuda. — Essa ideia surgiu após algumas pesquisas no celular, já vi muitos deficientes visuais, optarem por esta ajuda.

— Não preciso de outra enfermeira, se é o que está pensando... Posso me virar sozinho por quase um dia todo Le. — Diz mais seguro e confortável, o tranquilizou um pouco sobre esta mudança.

— Não ia sugerir isso agora, porém, um cão guia será de grande utilidade, até você se acostumar com a casa. Se quiser sair também... Irá dar tudo certo. — Vejo em sua expressão, como está tenso e preocupado.

— Minha mãe, ela precisará de cuidados, como faremos? — Lágrimas escorrem pelos olhos dele, quando se distancia do meu ombro. Preciso pensar sobre isso também.

Carlota não poderá ficar sob os cuidados de qualquer pessoa.

— Vou cuidar disto, não se preocupe, sua mão vai ficar segura, prometo. — Dou um selinho calmo nele, o cheiro do perfume suave acaba me deixando estranhamente enjoada. Deve ser novo, não estou acostumada com este cheiro adocicado.

— Confio em você, sei que fará o que for melhor para ela. Vou trocar minha roupa. — Avisa, sorrindo desanimado.

O deixo ir trocar o pijama cinza, apesar de ficar fofo nele, não pode ficar assim o dia todo. Até porque, tem consulta marcada hoje, com o neurologista.

Sigo para o quarto para ver Carlota, entretanto, no meio do corredor me dá uma vontade anormal de fazer xixi. Corro para o banheiro e quase não me seguro.

Será que estou com infecção urinária?

— Leila. — Escuto minha sogra chamar.

— Já vou Carlota! — Digo o mais o possível, para saber que estou perto. Caso seja uma emergência. Estou tão enjoada, que náusea terrível... Deve ter sido algo que comi.

𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora