30-Praia

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Decidimos vir a praia depois do café da manhã, assim podemos caminhar e conversar, sem minha prancha obviamente — porque além dela ser pesada, é difícil de equilibrar duas pessoas e Victor poderia acabar se machucando por minha culpa.

— Eu queria conhecer sua irmã, não tive a oportunidade na festa. — Diz Victor sentindo o frescor marítimo com gosto.

Aproveito a sensação da areia entrando em meus pés enquanto andamos de braços dados.

— Ela é bem...peculiar digamos...mas é uma boa garota, esforçada e simpática e gentil. — Comento sentindo uma pontinha de saudades incomodar dentro de mim.

Todos estão olhando para nós, de repente viramos o centro das atenções.

— Sua mini cópia então. — Deduz o da regata branca, convicto demais.

— Se me considera assim...obrigada pelo elogio. — Sorrio feito boba.

— Estou sendo sincero, sempre sou contigo Leila. — Acrescenta Victor abrindo um sorriso puro que faz as covinhas da bochecha aparecerem.

— Vamos entrar na água? — Pergunta mudando a rota que seguimos.

— Claro, mas vai ficar onde eu possa te ver. — Respondo bem séria, pois o mar é bem traiçoeiro.

Victor resmunga em concordância e entramos separadamente na água, porém ainda continuo mantendo a atenção total nele para que não se machuque — não quero tratá-lo como um boneco de vidro, mas cuidado nunca é demais.

Ele não está acostumado a vir na praia pelo que saiba e também pelo apreciar de cada grão da areia, cada gota de água, cada fração do ar.

Gaivotas completam o cenário colorido acima de nós, que é o meu favorito na terra com toda certeza — não trocaria esta divindade da natureza por nenhum outro espetáculo elementar da gringa.

Devo aproveitar o momento para falar do Marcos?

Me nego a tirar toda esta alegria vital dele, está tão contente e entrosado com o mar que mal vejo aquele semblante abatido estampar a face pálida agora.

Agora não. Não vou estragar o momento.

Victor merece ser feliz.

Me sento na água rasa e o observo, vou aproveitar e pegar um bronzeado já que Victor não está longe mesmo.

— Quer uma água de coco, ou outra coisa? — Pergunto levantando da areia molhada que encharcou minha tanga.

— Acredita que eu nunca tomei água de coco? — Ele diz num tom bem humorado enquanto brinca com a água.

— Nunca? — Ele afirma que não gesticulando.

— Da para contar nos dedos às vezes que minha mãe me trouxe, primeiro porque era muito ocupada, segundo porque era extremamente protetora e até um pouco paranoica demais. — Explica o homem de bermuda azul.

Se Carlota já era protetora antes, deve ter triplicado depois do assalto.

— Quer vir comigo? — Estou com medo de deixá-lo sozinho.

— Não me trata que nem criança Le, relaxa, estou bem...ninguém vai querer roubar um cego. — Debocha Victor dando risada.

Reviro os olhos e dou risada também da sua gracinha.

— Não se afasta ok? Já volto. — Informo saindo de perto dele sem obter respostas.

Pego dois cocos e pago usando o dinheiro que trouxe na parte de cima do biquíni roxo.

𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora