— Eu vou processar essa lanchonete, vocês vão se arrepender do que fizeram! — Regina ameaçava. — E pode sair daí de dentro, Hope, eu já te vi.
Fechei os olhos com força. Isso não tava acontecendo. Como eu ia imaginar que esse homem era advogado da senhora Johansson. Eu, Lizzy e Holly já aprontamos diversas vezes e nunca deu errado. Geralmente o cliente xingava mais depois ia embora, nós riamos e depois fazíamos de conta que nada aconteceu.
Regina parecia poderosa, e se ela realmente cumprisse com as suas ameaças?
— Regina, eu sinto muito. — Falei me levantando bem devagar. — Não foi nossa intenção...
— Não foi intencional? Sério, Hope! Não tinha uma desculpa melhor?
— Você conhece ela? — Holly perguntou confusa.
Fiz menção que sim.
— Ela é a minha nova vizinha. — Sorri sem graça para todos que agora me encaravam. — Ela não é um amor de pessoa? — Sai de dentro do balcão, caminhando em passos vacilantes.
Regina levou as mãos na cintura.
— Isso é sério, Hope? Por quê não nos contou que essa senhora era sua vizinha? — Lizzy perguntou em um sussurro, para que somente eu ouvisse.
— Eu não sabia que ela apareceria por aqui... ela não é o tipo de pessoa que entra numa lanchonete como essa.
— Do que está se referindo, Hope? — Holly perguntou com a testa franzida e cruzando os braços assim como sua irmã.
— Que merda! Não foi isso que eu quis dizer, meninas. Eu juro! Vocês me conhecem.
Ambas se entreolharam e assentiram por fim. Soltei o ar pela boca aliviada por elas terem entendido o que eu quis dizer, mas agora na minha frente estava uma pessoa completamente difícil de amassiar. Regina e o babaca do seu advogado me fuzilavam com o olhar.
— Podem se preparar, porque nós vamos fazer questão de fechar esse estabelecimento. — O advogado emitiu.
— E agora, Hope? — Lizzy perguntou assustada. — Meus pais saíram para comprar algumas coisas que faltava na lanchonete, se eles voltarem e se depararem com isso aqui...
— Fica calma, eu vou dar um jeito. — Sussurrei e as irmãs concordaram.
Me aproximei de Regina e tentei ajudá-la a limpar sua roupa com um guardanapo que peguei de uma das mesas. A mesma se afastou bruscamente impedindo meu ato.
— Por favor, Regina... — Pedi com a voz trêmula. — Vamos conversa.
A mesma me mirou fixamente, enquanto seu advogado proferia mil e uma ameaça. Regina, fechou os olhos com força, respirando fundo. Depois ela olhou para cima e murmurou um, "— Não acredito."
— Tudo bem, você tem quinze minutos. — Ela disse fazendo meu coração acelerar.
— Desculpa, senhora Johansson, mas não acho....
— Quieto, Richard! Por enquanto é só, eu dispenso os seus serviços até a segunda ordem.
O homem assentiu relutante, ele então foi embora batendo o pé visivelmente enfurecido. Regina olhou para o seu relógio de pulso e falou "Treze minutos." Arregalei os olhos concordando.
Pedi para que fôssemos para outro lugar, pois a qualquer momento os pais das minhas amigas chegariam.
Felizmente ela aceitou.
(...)
— Sabe quanto custa essa roupa que eu estou vestindo? — Perguntou.
Estávamos agora dentro do seu carro.
— Eu não faço a mínima ideia, senhora.
— Tenho certeza de que não. Nem um ano de trabalho pagariam por isso aqui. — Ela balançou a cabeça negativamente.
Senti lágrimas descerem sobre meu rosto. Minhas amigas e a família delas não podiam pagar por uma brincadeira de mal gosto da minha parte. A lanchonete era tudo que eles tinham e eu nunca me perdoaria se eles a perdessem.
— A lanchonete é tudo que eles têm. — Olhei em seus olhos.
— Por quê não pensou nisso antes? — Arqueou uma sobrancelha.
— Ah, como se a senhora nunca tivesse errado na vida! — Fiz bico.
Regina, ficou apenas calada e pensativa, como se, o que eu disse tivesse a atingido de alguma maneira.
Então voltei a falar.
— Por favor, Regina, faça o que quiser comigo, me mande para a prisão... Eu pago a sua roupa, nem que eu tenha que rodar bolsinha na esquina...
—Calma, garota, eu não vou fazer nada disso e muito menos vou permitir que você se venda por dinheiro.
— É sério?
— Sim, mas é claro que isso não vai sair barato. Tem umas condições. — Concordei sentindo um pouco de alívio. — Eu quero que você deixe de colocar som alto de noite, e quero que você me ajude a me adaptar nesse bairro. Infelizmente eu terei que passar uns bons meses aqui e seria bom ter alguém para me auxilia.
Sorri abertamente para ela.
— Mas é claro. E quando eu começo?
— Hoje mesmo, se você puder.
— Eu posso! AGORINHA MESMO! — Coloquei o cinto de segurança e me ajeitei no banco. Abri mais a janela e apoiei o braço.
Regina me olhou com a testa franzida. — O que a senhora está esperando? Vamo embora!
A mesma assentiu por fim, enquanto balançava a cabeça negativamente, como se não estivesse acreditando no que estava acontecendo. Regina colocou um óculos de sol e ligou o carro por fim com um sorriso de lado.
Confesso que minha pressão caiu com a cena.
Mas que mulher encantadora!
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Querida, Johansson
RomanceApós perder sua herança, Regina Johansson, se vê obrigada a largar a sua vida de luxos para se aprofundar numa vida completamente oposta do que ela vivia, até que ela consiga recuperar a sua fortuna. A ex magnata acaba se mudando para um apartamento...