Capítulo Quinze

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Andávamos pelo salão ainda de braços entrelaçados. Addison era super gentil e amorosa, mostrava tudo sobre o lugar e me explicava com tanta paciência... Nunca pensei que alguém como ela poderia ser tão gente boa.

Addison então me leva até a cozinha para mostrar como eram feitas as refeições que hoje seriam servidas.

— Vem cá, meu anjo, experimenta. — Ela pede colocando uma colher de molho branco na minha boca.

Assim que experimento, faço questão de sentir bem o gosto. E realmente era incrível.

— Hummm, é uma delícia.

— Sim, Mark é o meu melhor cozinheiro, está comigo à anos. O único problema é que ele se recusa a me dizer a receita.

— Mas é o certo. Um chefe nunca revela seus segredos. — O senhor de cabelos grisalhos e barba por fazer diz me dando mais um pouco do molho.

Aceitei de bom agrado e agradeci em seguida.

— Senhorita Salvatore, gostaria de experimentar os vinhos? — Addison pergunta sorridente.

— Sim, mas só se você parar de me chamar de "senhorita Salvatore," me chame apenas de Hope.

— Tudo bem, mas agora vamos... — Me puxa pela mão.

Fomos até a área dos vinhos. Addison pediu para que uma moça de uniforme nos servisse. A moça falou que só iria buscar as taças e que em seguida serviria a bebida. Addison avisou que não havia pressa nenhuma e a moça apenas concordou.

— Posso perguntar uma coisa, Addison?

— Claro que pode, meu anjo, o que quiser. — Sorri voltando toda a sua atenção para mim.

— Porque a senhora tem sido tão boa e gentil comigo? A senhora nem me conhece e já foi me convidando para a sua festa.

A mulher de cabelos negros e olhos claros me olha com doçura.

— Sabe a moça que foi buscar as taças? — Ela pergunta e eu balanço a cabeça afirmativamente. — Então, ela é uma das minhas protegidas, eu ajudo ela numa associação. Naomi é uma boa menina e tudo o que precisava era de uma oportunidade, então eu à convidei para o meu jantar e ela só aceitou se pudesse trabalhar e eu concordei. Quando encontrei com você e Regina, eu me encantei com a forma que você se expressava e como falava as coisas sem pensar...

— Sério? Porque suas amigas não pareciam muito contentes, elas me olhavam como se eu fosse uma má educada.

— Elas são pessoas horríveis, que se acham superiores aos outros por causa da sua condição financeira. Eu só sou "amiga" delas por causa dos status. — Balança a cabeça negativamente. — Mas a verdade é que eu prefiro pessoas mais verdadeiras e transparentes e foi por isso que eu te chamei. Além disso você é a protegida da Regina.

Assim que ela acaba de dizer, eu vou em sua direção dando-lhe um abraço, pegando a mesma de surpresa. Eu não sabia o que dizer então eu à abracei mostrando a minha gratidão.

— A senhora é um amor de pessoa.

Addison acaricia meu cabelo e após nos afastarmos ela me olha com um sorriso largo no rosto. Logo depois a moça retorna com as taças e começa a servir os vinhos.

(...)

Voltamos para o saguão umas duas horas depois. Realmente eu perdi a noção do tempo com a Addison.

O jantar se iniciaria daqui vinte minutos.

— Me desculpa, Hope, mas eu preciso receber os outros convidados.

— Tudo bem, obrigada, Addison! — Sorrio, depositando um beijo no seu rosto.

Após isso ela se vai me deixando sozinha. Olho envolta e vejo Regina, ela conversava com algumas pessoas mas ao mesmo tempo sua atenção estava voltada a mim. Fui em sua direção para ficar do seu lado, afinal eu não conhecia ninguém daqui.

Eu estava do lado da Regina e ela parecia estar me ignorando, pois se recusava a me olhar ou dar atenção às coisas que eu dizia.

Um de seus amigos ficou me encarando até finalmente abrir a boca.

— A senhorita possuí algum parentesco com o Preston e a Regina?

— Não, senhor. — Respondo.

— Eu só a trouxe porque Addison a convidou, caso contrário eu não a teria trago. — Regina diz ríspida me fazendo revirar os olhos. — Afinal, você estava com ela todo esse tempo não é mesmo, Hope?

— Sim.

— Então por quê você não continuou lá? Você sabe que aqui não é o seu lugar!

Assim que ela diz, todos da sua roda de amizade me olham boquiabertos. Sinto uma raiva e uma vergonha imensa por ter que ouvir aquilo.

— É porque ela tinha que receber os outros convidados, caso contrário eu não teria voltado aqui tão cedo. — Olho para o homem de blazer que havia me feito a pergunta e sorrio. — E graças a Deus por eu não ser parente do senhor Preston e da senhora Regina Johansson, mesmo ela sendo a minha "protetora." É assim mesmo que vocês falam? — Pergunto ironicamente.

— A senhorita me parece muito ingrata... — Uma das vacas diz.

— É talvez eu seja. — Inclino a cabeça para o lado. — Talvez eu não devesse nem estar dizendo essas coisas, além disso, Regina é tão boa comigo e com os outros pobres e desmerecidos... ela gosta tanto de fazer caridade pelo Brookyn que deves enquando até parece que ela mora lá.

Regina me fuzila com o olhar e Preston também. A ruiva segura no meu braço pedindo licença para os seus amigos, enquanto o corno do seu marido pede mil e uma desculpas.

Ela me leva atrás do salão, onde havia uma sacada.

— O quê você está pensando, Hope!? Por acaso você quer que eles saibam que eu estou morando no seu prédio? Regina Johansson morando no Brookyn, o que eles pensariam!?

— Eu tô pouco me fudendo pra isso! — Exclamo.

— Fala baixo, garota estúpida. — Sussura entre os dentes.

— Eu só falei aquilo por causa da forma que você me tratou na frente de todos. Eu não fiz nada de errado, eu tenho me comportado bem até... — Sinto lágrimas descerem sobre meu rosto. — A senhora não tem motivos para me tratar mal! — Me altero atraindo a atenção dos outros convidados.

— Fala baixo, Hope, se não eu te levo embora nesse exato momento!

— A senhora não precisa me levar embora porque eu mesma vou sozinha!

— Você não conhece nada por aqui, você pode facilmente se perder.

— Eu não ligo, agora se me der licença...

Regina tenta me parar mas eu sou mais rápida. Ouço ela me chamar mas apenas lanço um dedo do meio e saio apressadamente do salão. Eu queria muito me despedir da Addison mas eu não à encontraria tão cedo, então resolvi deixar de lado.

Após chegar na rua, olho para os lados e realmente eu não conhecia nada por aqui. Maldita hora em que eu resolvi aparecer nessa festa, Regina tinha razão, esse não era o meu lugar. Mas isso não importa agora, pois de uma forma ou outra eu chegaria no meu apartamento e nunca mais sairia de lá.

Após pensar mais um pouco, resolvo seguir reto aonde quer que esse caminho me leve.

Querida, Johansson Onde histórias criam vida. Descubra agora