Timothy Ray White
Passaram-se muitos dias, fiquei preso em casa contendo o monstro que tenho dentro de mim.Descobri que Jeffrey saiu da cidade, ele não tem para onde ir, eu sei para onde ele foi, se eu estiver certo ele até facilita as coisas para mim.
January, 10
Hillary Ray White
Sinto falta do meu neto, do meu Tim.
A muito tempo não o vejo e mesmo que eu lute contra pensamentos ruins estou começando a acreditar que ele se foi, ou que está sendo maltratado longe de mim.Ele foi complicado, e em boa parte da vida ele não teve muita felicidade, eu queria poder entender o que foi que houve com ele
Fui até as coisas que Anthony, as coisas que consegui pegar, não foi muito difícil de conseguir, Abigail não queria "coisas velhas de gente morta", ela pretendia jogar fora, nem Tim sabe da existência dessas coisas.
Enquanto estava abaixada revirando muitos papéis olhei para a parede e vi duas silhuetas, me virei e tive visão de Hanna e Bruce
— Mãe? — Bruce me chamou
— O que está procurando? — perguntou Hanna
Não tinha saída, ou eu falava ou eles iriam descobrir por conta própria.
— Essas são coisas do Anthony... Eu trouxe para cá depois que ele faleceu. — falei e eles chegaram mais perto com cautela olhando a caixa repleta de papéis
— Para quê revirar o passado mãe? — Bruce perguntou me fazendo lembrar de Tony, meus olhos então se encheram de lágrimas em uma fração de segundos
— Para entender o presente. — respondi
— O que quer entender? — perguntou Hanna se sentando ao meu lado
— Anthony se foi e deixou Timothy, Tim agora se foi... — limpei a garganta — Sumiu. — corrigi —Talvez nas coisas que Tony deixou eu possa entender pelo menos o motivo de alguma das coisas que aconteceram com ele e com o filho dele. — ambos se encararam em seguida olhando para mim
— Então nós vamos te ajudar, já que não podemos fazer nada em relação a Timothy, isso é o mínimo. - Hanna falou com determinação
Eles então se sentaram ao meu lado olhando e revirando uma caixa com vários papéis lendo um a um.
One hour later
(Uma hora depois)— Eu achei uma carta — exclamou Hanna me fazendo parar de mexer na caixa que estava comigo e me fazendo olhar para ela — E tem outras aqui dentro — continuei em silêncio assim como Bruce, observamos Hanna rasgar o lacre da carta, respirar fundo e começar a ler
Hanna Ray White
"Dia 20 de fevereiro, primeira confissão.
Nunca fui muito religioso nem presente em igrejas, nunca tive o costume de me confessar com qualquer outra pessoa que não fosse minha mãe, mas ela já tem problemas demais para me escutar, então me precavi e estou escrevendo, espero que Abigail não leia nada disso.
Bom, hoje o dia foi estressante como sempre, não consigo mais ter alegria ao lado de Abigail, ela não me dá mais desejo, tudo passou muito rapidamente.
Ok, não diria que tudo passou de repente, várias coisas aconteceram para que tudo chegasse nesse ponto, e já que não posso falar com ela o que acho, vou escrever na esperança de que isso acalme meus nervos.
Tim nasceu de uma forma muito repentina, ela rejeitou ele desde aquele assombroso dia, ele era tão frágil e ela nem se quer o chamava de filho, ele cresceu sem o amor dela, mas claro, na frente dos outros ela era a melhor mãe do mundo! Isso me irritava muito, fico enfurecido vendo quão falsa ela consegue ser na frente aos outros.
Ela não brinca com ele, não sorri para ele, e quando estou perto consigo ver ela tentando ser algo que não é, é visível o desconforto de Tim e dela também.
Eu fiquei tão preocupado com a saúde do meu filho que deixei de lado as outras necessidades dele e eu me culpo muito por isso.
Passei bastante tempo longe dele trabalhando para pôr comida na mesa e não deixar faltar nada para ele e o mais essencial eu não dei.
Não estive presente quando ele era pequeno, não sei o que houve pois confiei que Abigail iria cuidar dele, afinal, ela é a mãe dele! Mas hoje em dia para falar a verdade não sei se essa foi a melhor escolha que eu fiz.Ver que ele não tem o brilho nos olhos de uma criança feliz me deixa desolado. Me sinto um pouco culpado por isso, mas daqui para frente vou fazer o possível e impossível para ver ele feliz."
Quando terminei de ler, olhei para minha mãe e meu irmão que já estavam vermelhos segurando o choro, com os olhos marejados e com a mente visivelmente longe, acho que pensando em como Tony estava se sentindo.
Que dor eu senti lendo essa carta, que desabafo triste do meu irmão, não fazia idéia de tudo o que ele passava em silêncio, senti as lágrimas vindo rapidamente mas segurei o choro
— Diz mais alguma coisa? — perguntou Bruce com a voz trêmula e uma expressão de tristeza
— Não, acaba aqui. — minha mãe olhou para mim
— Termine de ler as outras — ela pediu tentando se manter forte
— Tem certeza? Isso está deixando vocês piores ainda...
— Termine de ler. — fui interrompida por Bruce que falou em um tom de voz alto — Você acha certo enterrar tudo isso mais uma vez? Isso tudo são palavras que ele queria dizer para nós, mas não podia! Ele morreu e agora estamos ouvindo o que ele queria falar e você quer silenciar ele mais uma vez? — eu engoli seco, de certa forma ele tinha razão.
— Bruce tem razão, pelo menos vamos ouvir como Tony enxergava Abigail antes de partir. Aparentemente ele passou os últimos dias dele escrevendo tudo o que sentia e o que pensava, se juntarmos as peças vamos descobrir muita coisa — minha mãe afirmou
— Já que não o escutamos em vida, vamos ter que o escutar depois de morto. — Bruce falou e o peso de suas palavras alcançou a todos na sala
Oh Tony, nos ajude a entender seu filho para que você consiga descansar em paz.
Por favor...
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O Monstro Que Eu Criei
TerrorTimothy foi um homem que na infância presenciou coisas que nenhuma criança deveria presenciar e cresceu com as consequências dos traumas causados principalmente por sua própria mãe. Ele então se torna um adulto cheios de conflitos internos e uma dup...