O Monstro Que Eu Criei

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Hanna Ray White
Durante o momento em que estávamos sendo atendidos pelos socorristas meu celular tocou diversas vezes, mas eu não atendi porque o que estava acontecendo ali era muito mais importante do que qualquer outra coisa.
Um dia depois das coisas acalmarem chegou até mim que tinha acontecido uma tragédia na casa de David, eu ainda não fui até lá e nem conversei com Alfred, pelo o que parece ele é o único que está supostamente vivo já que não estava em casa quando tudo aconteceu.

De repente me veio à mente uma suposição e dessa suposição duas coisas podiam acontecer.
Talvez dizer isso poderia piorar as coisas ou trazer uma luz que não víamos a todo esse tempo, talvez eu pudesse estar certa, mas quais as chances?

Não podia ser egoísta e deixar o sofrimento do meu sobrinho totalmente de lado e focar na minha suposição, Bruce parecia estar bem, então deixei ele no hospital e fui até a delegacia, era lá que estava boa parte da minha família... Mais uma vez.

Hillary Ray White
Alfred estava chorando em meus braços por minutos consecutivos, era um choro incontrolável, não só por tristeza ou perda, mas por medo, ele viu toda a cena, ele encontrou a mãe morta e ao tentar pedir ajuda para a irmã encontrou a mesma jogada na banheira também sem vida, não imagino quão difícil deve ter sido para ele se sentir sozinho meio a aqueles corpos, nem se ele fosse o culpado ele conseguiria fingir tão bem, eu acredito na inocência dele.

Talvez eu estivesse mais abalada se não tivesse sido medicada pela Hanna antes dela me contar o que aconteceu, eu estou muito leve e aérea, pelo menos eu posso usar do que eu sei para confortar Alfred, eu posso tentar ajudar ele e quando a minha ficha finalmente cair será eu quem vai precisar de um ombro para chorar, afinal, é minha neta e minha nora que estão sendo levadas para o LMI (IML) a essa altura.

Hanna Ray White
Enquanto chegava na delegacia vi uma caminhonete não muito desconhecida, eu pensei na possibilidade de ser um de meus irmãos mas eles nunca pisaram aqui novamente... Porém quanto mais eu me aproximava do veículo e percebia que ele também iria para o mesmo lugar que eu mais eu acreditava que podia ser um deles, os dois sumiram, poderiam estar bem aqui novamente, eu entenderia a volta de David, é a família dele que foi destruída...

Me aproximei bruscamente do carro, e o motorista me lançou um olhar raivoso logo em seguida um olhar surpreso, o motorista não era um estranho qualquer, era Jeffrey, e ao lado dele estava David.

Fechei o carro deles um pouco perto da delegacia impedindo que eles continuassem e todos nós saímos dos carros juntos

— O que você está pensando em fazer?! — perguntou Jeffrey com as mãos na cintura

— É assim que você volta? Você some por meses e a primeira coisa que diz é isso Jeffrey? Por que você sumiu? — ele coçou a nuca em seguida olhando para David que desviou o olhar, eles sabiam de algo que eu não sabia mas eu iria descobrir uma hora ou outra

— Eu vim trazer ele para ver a Sarah e Adelaide. — respondeu Jeffrey com um tom mais pacífico ignorando completamente a pergunta que eu havia feito

—David... Quanto tempo — olhei para ele mas ele não olhava no meu rosto

— Nós precisamos ir. — Jeffrey disse saindo da minha frente começando a andar até a delegacia

Pensei em minha mãe e em como ela reagiria vendo os dois de uma só vez na delegacia, lembrei do que Jeffrey fez a Timothy e em como minha mãe se sentia, isso seria demais para ela, Bruce, Sarah, Adelaide e agora os dois? Eu não poderia deixar que ela os visse

— Espera! — gritei e eles pararam me olhando — Agora não é o melhor momento para ir lá, Bruce tentou se matar e ela está consolando Alfred, ele encontrou as duas mortas. Vocês dois aparecendo novamente é demais, ela não está tão bem de saúde como a anos atrás, isso pode ser muito para o coração dela, não vão agora, pelo menos por hoje

— Elas... Morreram? — perguntou David com a voz trêmula, embora ele tenha perguntado a resposta era óbvia, ele sabia que as duas estavam mortas mas ele queria ouvir que era mentira, infelizmente eu não podia negar a verdade

— Eu sei que é difícil, mas...

— Não, você não sabe! — fui interrompida e ele começou a chorar — Você nunca perdeu o seu esposo ou o seu filho, você não faz ideia do que eu estou sentindo! — ele disse com raiva e vi seu choro ficando mais forte

Ele estava triste e abalado pelas perdas, mas ele precisava falar daquela maneira comigo? Eu tinha pendências com David, ele tinha me magoado profundamente com o que ele fez ao Tony e sem pensar na dor dele eu acabei dizendo o que não deveria no momento errado

— Eu não sei como é perder? Você esqueceu que Anthony também era meu irmão? Que depois que ele se matou fui eu quem fiquei aqui na cidade lidando com tudo o que aconteceu depois enquanto você estava dormindo com a mulher dele? Fui eu quem estava consolando a mamãe e tentando seguir em frente da forma certa! — disse com raiva e lágrimas nos olhos, David desfez a expressão de raiva ficando apenas com uma expressão triste e chorosa — Você quer ir e fazer a mamãe passar mal? Ótimo! Vá em frente, mas eu não irei ficar com ela no hospital por culpa sua, ela não quer te ver, ela ainda lembra do que você fez com Timothy, então se ela ficar hospitalizada saiba que sua companhia é a última que ela vai querer, e então ela ficará sozinha naquela cama de hospital pois como eu já disse eu não vou arcar com as consequências dos seus atos! Então se está disposto a fazer isso vá em frente! Você ficou tantos anos sem aparecer, vai morrer se esperar ela ir embora? — ele confirmou com a cabeça entrando na caminhonete em silêncio, aparentemente estava magoado

Jeffrey me olhava assustado de longe sem interferir, pensei em perguntar por que ele se foi mas estava com meus nervos a flor da pele pelo atrito que tive com David então apenas o olhei para ele de volta também em silêncio

— Eu vou esperar... Não vou entrar agora, quando ela for embora me avise que eu voltarei aqui, se você não apagou meu número pode me ligar, eu não troquei. — Jeffrey falou em seguida entrando na caminhonete manobrando e indo na direção contrária a delegacia