bitter goodbye

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Timothy Ray WhiteAprendi que sacrifícios são necessários, atitudes impulsivas fazem parte, eu sabia dos passos de todos eles, eu escutava e ficava espiando a todos mas eles nunca percebiam

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Timothy Ray White
Aprendi que sacrifícios são necessários, atitudes impulsivas fazem parte, eu sabia dos passos de todos eles, eu escutava e ficava espiando a todos mas eles nunca percebiam.

E sabe por que? Porque eu era um cidadão comum aos olhos deles, eu era uma minoria que não iria fazer nada com aquelas informações.

Rose criava personagens tão convincentes, criava pessoas que os polícias não davam atenção, quem iria se preocupar com uma idosa ou um morador de rua ouvindo informações confidenciais?
Eles me olhavam com desprezo e nojo, não me olhavam os olhos, olhavam minhas roupas e falavam de mim em alto e bom som, para eles eu era um animal sujo que ocupava espaço na terra, eles não se preocupavam que eu ouvisse para onde eles iriam, o que eles iriam fazer, quais foram as ordens dos seus superiores, e eu sabia de absolutamente tudo.

A arrogância deles matava cada vez mais pessoas, não que eu queira que isso melhore, isso me ajuda.
A arrogância deles já matava antes mesmo de eu começar os assassinatos, a arrogância matava quando eles viam alguém em real situação de rua e humilhavam aquela pessoa, quando uma criança de rua pedia dinheiro para comer e eles a chutavam de perto deles, nas poucas vezes que eu saí de casa na época em que eu morava com a minha avó eu pude ver o tratamento que as pessoas desfavorecidas recebiam, eu me aproveitei disso e hoje graças a esses policiais eu consigo avançar cada vez mais no meu propósito.

February 26th

Hillary Ray White
Pela primeira vez desde o primeiro assassinato desligamos a televisão e não escutamos nenhuma notícia sobre as mortes.
Bruce ficou aqui na minha casa tentando digerir o que houve, ele estava traumatizado com tudo o que aconteceu.

Não podíamos ficar presos em casa fugindo do mundo, as coisas continuavam acontecendo lá fora.
O sepultamento de Janice a ex-namorada dele será hoje, os familiares dela querem fazer isso o mais rápido possível, tentei de tudo para convencer Bruce a ficar em casa e não ir, mas foi em vão, ele queria ir e eu não podia prendê-lo, isso poderia causar mais traumas e mágoas no meu filho, então mesmo que fosse doloroso eu quis acreditar que uma hora ele iria superar e tudo iria voltar ao normal...

Mesmo sabendo que o normal nunca iria voltar.

Não iria permitir que ele fosse sozinho, então decidi que eu iria com ele até o cemitério, quando chegou o horário, dirigi até lá e no local muitos familiares de Janice estavam chegando juntos, o local estava cheio de curiosos, familiares e policiais.

Bruce foi ao encontro da mãe de Janice e eu fiquei observando tudo de longe, ambos choraram abraçados e eu não sabia que palavras usar para confortar aquelas pessoas.

Ser analista ou psicóloga é algo complicado pois não conseguimos salvar todos os nossos pacientes e muitos deles ficam pelo caminho, consequentemente temos que lidar com as famílias dessas pessoas e nós sempre temos palavras armazenadas para esses momentos porque é uma possibilidade e nós sabemos disso.
Quando estamos na posição de "ajudante" nós temos que usar palavras de impacto que vão mudar a vida das pessoas que irão escutar, palavras que vão ajudar, que vão mostrar que nós sempre estaremos ali para eles, porém quando a vítima está dentro do nosso círculo familiar tudo muda.

O enterro ocorreu como qualquer outro, muita emoção e lágrimas por todos os cantos, todas as covas estavam com familiares, as mais recentes com muitas pessoas, não sabia ainda o que tinha de fato acontecido então depois de tudo ter acabado me aproximei de um dos policias que estavam lá e discretamente fiz algumas rápidas perguntas

— Você era do departamento dela, não é? — ele abaixou a cabeça como resposta — Eu sinto muito, não sei o que houve, você pode me dizer? Se não estiver em condições tudo bem, eu vou entender... —  o policial levantou a cabeça secando as lágrimas no rosto

— Ela era do meu departamento há 4 anos, éramos amigos...

Entendo que nesses momentos tudo o que queremos é alguém para nos ouvir então continuei em silêncio esperando o momento em que ele respondesse a minha pergunta

— ... E eu nunca imaginei que eu pudesse encontrar ela morta ensanguentada no meio do nada como um lixo, ela estava suja de lama no meio da terra, todo o local estava com muito sangue — ele descreveu começando a chorar certamente lembrando da cena — E ela estava com um rasgo no pescoço, ela estava jogada como nada no chão! — ele comentou e voltou a chorar

Instintivamente eu o abracei e ele me abraçou de volta, vi meu filho na mesma situação e ver aquele rapaz chorando assim como Bruce mexeu comigo.

Minutos deles ele me largou e se recompôs respirando fundo

— Ela e mais dois foram encontrados em uma espécie de parque... Mortos brutalmente

— Eu sinto muito. — falei olhando nos olhos do rapaz que já não chorava mais

— Eu não sei quem fez isso, mas esse homem destruiu muitas famílias e pessoas, mas a troco de que? De nada! Eu ainda não sei quem fez isso com todas essas pessoas, jovens de 18 e 17 anos foram mortos sem piedade — ele disse com raiva nos olhos — Eu não sei quem fez isso, mas esse monstro vai pagar por cada vida que ele tirou. — ele finalizou com uma voz trêmula e uma expressão de tristeza misturada com raiva

— Eu tenho certeza que vai. — toquei no ombro dele me despedindo e saí logo em seguida

Olhei ao redor e vi todos os familiares das outras vítimas, vi um grupo de polícias destacados conversando longe das outras pessoas, provavelmente assuntos de delegacia.

Porém vi algo que me chamou ainda mais atenção, um pedinte sentado no banco bem próximo aos mesmos polícias, eles davam as costas ao homem e ignoravam a presença do mesmo, pensei em ajudar aquele homem, mas antes que pudesse ir lá ele se levantou e caminhando foi embora do cemitério.

Enfim, não podia ficar presa nesses detalhes irrelevantes, eu tinha um filho para consolar.

O Monstro Que Eu CrieiOnde histórias criam vida. Descubra agora