February 15th
Anthony Ray White
Ouvi os passarinhos cantando alto e acordei, olhei para a janela e vi as arvores sendo balançadas pelo vento, olhei ao redor e o sol iluminava todo o quarto, Abigail não estava na cama então estava no banheiro já que a chave da porta estava comigo.Olhei para a mesinha e vi um vidro cheio de leite, então lembrei que tinha que ir ver Timothy
Levantei imediatamente e destranquei a porta, ouvi o chuveiro ao fundo e deduzi que ela estava tomando banho, fui para o quarto de Tim e percebi que ele ainda estava dormindo, peguei uma mamadeira que estava em uma mesinha do quarto e coloquei parte do leite ali, quando fui até o berço pegar Tim senti que ele estava mole demais, segurei em sua mão e a senti gelada, no mesmo momento respirei fundo arregalando meus olhos e tive certeza, Tim não estava consciente.
Entrei em desespero tentando fazer com que ele acordasse, eu o balançava mas ele não respondia, procurei pulso mas não achei, peguei ele no colo ainda desesperado e coloquei o primeiro sapato que apareceu em minha frente, nem sequer troquei de roupa, corri pela rua até chegar em frente a casa de um amigo, ele me viu e veio ao meu encontro
— Por favor, eu preciso levar meu filho até o hospital, ele não está respirando! — bradei aflito com a voz trêmula e extremamente nervoso
Meu amigo não me respondeu, apenas olhou para Tim e nos colocou dentro de seu carro, ele dirigiu o mais rápido que conseguiu e chegamos voando ao hospital
— MEU FILHO NÃO RESPIRA! — gritei no hospital e rapidamente um enfermeiro o pegou do meu colo
— O que aconteceu senhor? Qual o nome dele? — uma enfermeira perguntou me parando
— Para onde estão levando ele? Eu preciso ir com ele! — falei tentando sair da frente dela e seguir o homem que estava com meu filho nos braços
— Ele vai ser tratado senhor, mas agora eu preciso saber o que foi que houve — ela insistiu e olhei em seus olhos que passavam tranquilidade, me acalmei por um segundo e disse tudo o que havia acontecido
— Ele nasceu ontem, eu apenas me levantei e fui ao quarto dele o amamentar mas ele estava desacordo — expliquei ainda nervoso porém tentando me controlar
— Tudo bem vamos cuidar dele, onde está os registros dele? — ela perguntou novamente
— Ele não tem, ele nasceu ontem. — repeti
— E onde ele nasceu? Em qual hospital? Posso tentar achar algo sobre ele lá — ela perguntou pela milésima vez.
— Ele nasceu em casa senhorita, eu não estava presente quando ele nasceu, não tenho registros nem nada que comprove minha paternidade mas tenho uma mulher louca que acabou de dar a luz em minha casa se quiser provas mais concretas! — falei irritado, a enfermeira me olhou com um olhar agora confuso e assustado. — Eu preciso ver meu filho, ele só tem a mim e... — antes que eu pudesse terminar um médico saiu das mesmas portas que Tim entrou
— Você é o pai daquele bebê lá dentro? — ele perguntou vindo em minha direção
— Sim, sou... — respondi espantado
O médico olhou para a enfermeira e ela assentiu com a cabeça como que se estivessem falando em códigos e logo em seguida ela saiu, o médico então tocou no meu ombro e começou a falar
— Venha comigo — ele me direcionou pelos corredores — O que aconteceu com o seu filho? — ele perguntou enquanto andávamos em direção a sala onde Tim estava
— Ele estava desacordado quando levantei para o amamentar — respondi engolindo seco com medo do que ele iria me dizer
— Você iria amamentar? isso é tarefa da mãe — ele riu tentando me relaxar mas foi em vão e um silêncio constrangedor se instalou no lugar
— A mãe dele não quer saber dele, nem o olhou no rosto desde que ela mesma o separou do cordão umbilical, eu tenho que fazer essa tarefa. — respondi de cabeça baixa
O médico então limpou a garganta e parou na minha frente
— Como assim separou do cordão umbilical?
— Ela mesma fez o parto do bebê, ela estava sozinha quando começou a sentir as contrações e... — um policial apareceu ao nosso lado me fazendo olhar curioso para os dois. - O que está acontecendo? — perguntei confuso
— Senhor, podemos conversar em um lugar reservado? — perguntou o policial já quase me segurando pelo braço
— Mas e o meu filho? — perguntei ignorando completamente o pedido do policial
— Ele está sendo cuidado, mas antes preciso conversar com o senhor — o policial disse já com um tom de voz diferente
— Ok, acho que podemos conversar... — o policial então me encaminhou até uma sala particular onde se sentou bem a minha frente me encarando e logo depois me fazendo perguntas
— Certo, Senhor...?
— Anthony White - completei
— Senhor White, certo... Senhor White quantos anos você tem?
— 37, por que?
— Vamos com calma, sou eu quem faço as perguntas aqui. - desviei o olhar - Sua esposa, como ela se chama?
— Abigail - respondi na defensiva
— Ok, Abigail estava grávida e teve o bebê recentemente pelo o que o senhor disse a enfermeira correto? — assenti — então, como seu filho não tem documentos?
— Ele nasceu ontem, não estava em casa, ela mesma fez o parto, já disse isso a enfermeira. — respondi e o policial arrumou a postura na cadeira em seguida o mesmo passou a mão no cavanhaque pensativo
— Tudo bem senhor White, você não parece estar mentindo, mas para ter certeza eu vou mandar uma equipe até sua casa para conversar com a sua esposa, só para ter certeza de que tudo é verdade e está tudo de fato bem, você concorda e entende isso?
— Sim claro, eu só quero ver meu filho. — respondi com o pensamento em Timothy
— Ah, e você vai registrar o seu bebê ainda hoje! — ele me informou — Na sua casa tem telefone fixo? — confirmei com a cabeça
— Me dê o número, quero falar com sua esposa, faz parte do protocolo. Coloque também o endereço nessa mesma folha — ele me entregou um bloco de notas e uma caneta, escrevi tudo o que ele pediu e o entreguei, ele analisou o papel e depois disso saiu junto comigo de dentro da sala.
O médico e a enfermeira estavam do lado de fora, ele pediu para que eu esperasse na porta e assim fiz, ele conversou com os dois por alguns minutos e depois a enfermeira veio até mim pedindo que eu a seguisse
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O Monstro Que Eu Criei
HorrorTimothy foi um homem que na infância presenciou coisas que nenhuma criança deveria presenciar e cresceu com as consequências dos traumas causados principalmente por sua própria mãe. Ele então se torna um adulto cheios de conflitos internos e uma dup...