February 25th
Bruce Ray White
Eu ainda trabalhava fora do país, mas preferi ficar perto da minha família por conta desses ataques noturnos desse assassino misterioso.
Mesmo que quisesse sair de onde eu estava não poderia, a cidade está fechada então eu não tinha muitas opções.Minha namorada Janice está na minha cidade, ela veio da cidade natal dela para ajudar na captura do serial killer, fazia muito tempo que eu não a via então decidi ir até a delegacia para fazer uma surpresa.
Peguei meu carro e comecei a dirigir, a cidade estava vazia como nunca antes, fico feliz e triste com isso, feliz pelas pessoas estarem respeitando as ordens e triste pelos acontecimentos recentes.
Depois de dirigir por alguns minutos vi vários carros de polícia cercando uma praça específica.Meu Deus, mais pessoas morreram!
Pensei em ligar para minha mãe então parei o carro um pouco distante da cena e fiz uma ligação
— Alô? — ela respondeu quase que imediatamente
— Mãe? Você está na rua ou em casa? — perguntei olhando atentamente para o que os policiais faziam
— Estou na rua, perto de casa, estou com Hanna, precisávamos fazer compras mas já estamos voltando, estamos quase perto da praça.
— Eu estou em frente a praça, parece que mais pessoas morreram, estão cercando todo o local
— Estou vendo, já estou perto o bastante para ver os carros parados em frente, quem será que morreu dessa vez?
Enquanto eu olhava para a cena com o celular no ouvido vi o momento que em um saco preto levaram um corpo para dentro de um veículo, apenas os braços estavam de fora, porém mesmo de longe eu pude reconhecer aqueles braços, pude reconhecer aquele bracelete...
Não estava acreditando no que vi, involuntariamente disse o nome dela enquanto ainda estava no telefone
— Janice?...
— Janice? Alô? Filho?
Larguei o celular e abri a porta do carro sem me preocupar em fechar, corri pela rua e cada vez que eu chegava mais próximo eu reconhecia ainda mais o corpo mesmo sem poder vê-lo completamente
Era a Janice...
Hanna Ray White
— Alô? Bruce? —escutei minha mãe dizendo ao meu lado— O que houve?
— Ele disse "Janice" e depois de alguns barulhos não respondeu mais, não sei o que houve
Quando estávamos próximos, na frente da praça pude ver vários polícias contendo Bruce que gritava e tentava sair dos braços dos mesmos, eu e minha mãe nos assustamos com a cena e corremos em direção a Bruce
— O que houve?! — perguntei aos gritos
— Ele conhecia uma das pessoas que morreram, infelizmente eu não posso permitir que ele ultrapasse a marcação — respondeu um dos policiais meio a gritaria e confusão
—Era a Janice, Hanna! Esse maldito assassino matou a Janice! — gritou Bruce entre soluços e um choro incontrolável
Não conheci a namorada de Bruce mas tenho certeza que ela era especial para ele, não sabia o que dizer, estava paralisada vendo o estado de choque que meu irmão se encontrava
— Bruce você precisa vir comigo — minha mãe falou para ele o segurando pela cintura tentando tirar ele do local
— Eu não vou deixar ela, eu não posso! —ele respondeu ainda chorando muito, ele não tirava os olhos do veículo onde provavelmente estava o corpo
— Você precisa deixar ela, ela se foi Bruce. Você precisa sair desse lugar, por favor vamos embora — ela o respondeu ainda puxando ele para longe tentando esconder as emoções
Percebi que estava parada sem fazer nada então fui em direção a Bruce e nós duas carregamos ele a força de volta para dentro do carro dele que estava do outro lado da rua completamente aberto
Colocamos ele no banco de trás e lá ele se deitou e chorou ainda mais.
Minha mãe entrou no carro do lado do passageiro e eu dirigi de volta para casa deixando o meu carro trancado do localDurante todo o percurso minha mãe tentou acalmar Bruce que estava incontrolável, eu não o julgo, já perdi várias pessoas importantes, perdi meu irmão, nós perdemos o Anthony e eu sei o quanto me doeu, então fiquei em silêncio deixando que minha mãe falasse com ele
Saí do carro e deixei os dois lá dentro, eu não iria ajudar e nem acrescentar nada, então não ocupei espaço, entrei para casa e observei pela janela minha mãe abraçando Bruce e Bruce deitado nos ombros de minha mãe.
Hillary Ray White
Eu sei lidar com a perda e com a dor, infelizmente ambas são minhas companheiras, perdi meus bens maiores, meu filho e meu esposo e por segundos pensei em acabar com a minha vida, foi no meu próprio trabalho que eu achei a solução para os meus problemas.Eu faço muito mais que apenas ouvir e conversar com doentes e necessitados de ajuda, eu percebi que eu tinha poder para me ajudar, e agora nesse exato momento eu tinha que auxiliar o meu filho, ele não precisava de uma analista ou uma psicóloga ele precisava de uma mãe, então usei de toda empatia que tinha graças as minhas experiências de perda para tentar dar conforto para ele de alguma forma.
Depois de muitos minutos chorando ele finalmente parou e apenas lágrimas sem controle molhavam todo o rosto vermelho dele, os lindos olhos verdes foram tomados por lágrimas e uma cor avermelhada
— Por que ele fez isso? Por que com ela? — ele perguntou pela milésima vez com uma voz abatida
— Um dia nós vamos saber filho, eu tenho certeza que ela não fez nada, o trabalho dela oferecia riscos, você sabe disso — o confortei alisando o cabelo dele
— Eu nunca pensei que eu poderia mesmo perder ela...
— Você não a perdeu, ela ainda está viva no seu coração e na sua mente, ela só não está aqui fisicamente filho, ela vai estar sempre contigo — ele voltou a chorar e soluçar nos meus braços
Quando será que vamos voltar a ter paz nessa cidade?
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O Monstro Que Eu Criei
HorrorTimothy foi um homem que na infância presenciou coisas que nenhuma criança deveria presenciar e cresceu com as consequências dos traumas causados principalmente por sua própria mãe. Ele então se torna um adulto cheios de conflitos internos e uma dup...