non-existent devotion

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Hanna Ray White— Por que se martirizar com isso?

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Hanna Ray White
— Por que se martirizar com isso?

— É mais fácil viver com raiva do que com a dor, você não sente raiva das pessoas que te fizeram mal? — ele perguntou me encurralando, como eu iria responder isso sem dar razão para o sentimento que ele estava sentindo?

— Sim, mas eu tento lidar com isso de maneira passiva

— Não existe passividade nesse caso, pessoas assim merecem morrer. — ele falou me surpreendendo novamente, eu nunca ouvi esse tipo de discurso de ninguém, e não esperava ouvir isso vindo do meu próprio irmão

Hillary Ray White
Não sei o que de fato acontece em minha família mas parece que todos têm uma predisposição a se tornarem pessoas ruins, me arrepiou ouvir o que Bruce disse, eu estava escutando atrás a porta e ouvir aquelas últimas palavras levaram meus pensamentos para Timothy, parecia que era com ele que Hanna falava, eu nunca cheguei a ouvir essas palavras saindo da boca dele e se ouvi não me lembro, mas pareciam ter sido criadas pelo meu neto, eu podia ouvir a voz dele no lugar da voz de Bruce, parece que todos da minha família preferem viver com a culpa de matar alguém do que a culpa de não se vingar, a vingança parece estar enraizada nessa família, até que ponto isso pode ser apenas um blefe de Bruce?

Abigail White
David estava extremamente estranho, falou da esposa e dos filhos....
A quanto tempo eu não escuto ele falar deles, ele se importa e eu sei disso, mas ele nunca demonstrou tão abertamente.

Ele parecia estar transtornado, bravo e preocupado, eu não me importava com o que tinha acontecido com a família dele, mas eu queria estar perto dele, apenas para acompanhar, e além do mais, faz tempo que eu não volto naquela cidadezinha

Enquanto pensava ouvi o barulho do carro, um som alto de batidas, imaginei que alguém estava chegando então saí para ver, para minha surpresa era David socando a lateral do carro, algo parecia ter dado errado

— O que houve? Por que você está fazendo isso? — tentei me aproximar dele que não me olhava

— Esse maldito carro estragou, não liga! Eu preciso ir para casa e ele resolveu parar de funcionar justamente agora — ele gritou com raiva

— Precisa ir para casa, David? — perguntei com uma voz manhosa

Como assim casa? Ele estava em casa!

— Olha Abigail, eu vou ser sincero com você, não quero acabar discutindo e me estressando antes de sair, minha mulher e minha filha podem estar... — ele engoliu seco —Mortas. — ele fez uma expressão de medo — E eu tenho que ir ajudar o meu filho no que ele precisar, eu deixei de ser um pai presente na vida dele e essa é a chance de me redimir.

Eu ignorei todo o resto quando ouvi "minha mulher" estava com o pensamento longe, fiquei em silêncio tentando processar tudo.
Uma mágoa misturada com raiva começou a surgir dentro de mim e lágrimas desceram pelo meu rosto

— O que houve? — ele perguntou me olhando preocupado enquanto eu limpava meu rosto

— Sua mulher pode estar morta, não é? — perguntei com ironia e ele fechou os olhos com força percebendo o que tinha falado, a expressão de arrependimento dele era clara mas agora era tarde demais

— Abigail me desculpe por ter dito isso, mas você escutou tudo o que eu disse? De todas as coisas que eu acabei de te falar a única que te incomodou foi eu ter chamado Adelaide de minha? O que tem de errado com você? — ele perguntou com uma expressão de repulsa

— O que tem de errado comigo? — repeti gesticulando — Eu deixei o seu irmão, você sabe o que eu fiz para deixar ele e eu fiz tudo isso por você! — apontei para ele — Eu abri mão daquele garoto para viver longe de tudo e todos por um erro seu! Eu não tinha nada a ver com o que aconteceu e eu vim para esse fim de mundo começar uma vida nova com você e é assim que você me agradece? Indo correndo de volta pra sua mulher sem se preocupar com tudo o que nós construímos?! — estava enfurecida e ele apenas me olhava com uma expressão de decepção

— Já chega para mim! Eu não aguento mais isso! — ele falou apontando o dedo indicador para mim — Você fez o que fez porque quis Abigail, nós dois sabemos disso, você matou ele porque ele quis te deixar, mas eu não sou o Tony e você não vai fazer o mesmo comigo! Você largou o seu filho por aí tão facilmente porque você nunca se importou com ele, não foi difícil fazer isso! Eu não te pedi para fugir comigo, você estava apaixonada por mim e me seguiu porque quis, você achou que eu seria um devoto seu por você ter ficado do meu lado naquele dia no lago? Eu te agradeço por ter impedido o Anthony de me matar aquele dia mas tudo isso passou... Igual o que eu sentia por você. — ele desabafou

Eu olhava para ele incrédula com os olhos arregalados surpreendia por tudo o que tinha acabado de escutar

— Então você vai deixar tudo para trás por causa dela?

— Eu não tenho o que deixar, nunca tive nada aqui. — ele respondeu e lágrimas de ódio escorreram pelo meu rosto, foi nesse momento que eu entrei de volta para casa e me tranquei no quarto despejando toda minha raiva e frustração no travesseiro

O Monstro Que Eu CrieiOnde histórias criam vida. Descubra agora