O Monstro Que Eu Criei

last call

— Continuando, temos que resolver esse problema o mais rápido possível, o rapaz está certo, câmeras poderiam nos ajudar nesse caso. O assassino matou um policial na frente ao departamento de vocês com várias equipes na cidade, ele deu dois tiros no rapaz, tiveram intervalos e ninguém foi averiguar de onde os barulhos estavam vindo, o primeiro tiro foi no pescoço dele, talvez ele pudesse sobreviver se alguém tivesse ido até lá ou tivesse visto pelas câmeras. Talvez pudéssemos impedir essa morte. — todos na sala permaneceram quietos sem olhar diretamente para nossos superiores — O assassino também matou quatro jovens em uma praça, uma praça que deveriam ter policiais fazendo ronda, talvez esses jovens pudessem estar vivos se tivesse uma segurança por perto, foram alvejados de tiros e deixados expostos da pior maneira possível, esse cara não se importa com nada, ele não se preocupa em esconder os corpos ou se fazer algo discreto ele quer atenção, ele não quer ser encontrado, ele quer reconhecimento! Quanto mais pessoas ele matar mais reconhecimento ele vai ter, nós só vamos conseguir prender esse cara quando começarmos a colocar as medidas discutidas hoje aqui em prática, assim vamos evitar mortes e holofotes para ele, tudo depende do nosso trabalho.
Aqueles garotos deveriam ter 18 ou 19 anos, eu tenho filhos nessa idade e tenho certeza que alguns polícias aqui também tem, aquela mulher que foi espancada até a morte também era nova, poderia ser filha ou esposa de alguém aqui dentro, aqueles policiais eram amigos de muitos aqui, poderiam ser primos, parentes, irmãos... Quando saírem pelas ruas depois dessa reunião lembrem-se disso, poderia ser alguém da sua família no lugar daquelas pessoas que morreram, lutem com garra e não deixem que essas fatalidades voltem a acontecer. — ele discursou — Não sabemos se o assassino parou nos quatro jovens ou se vai matar mais pessoas então todo cuidado é pouco. Aqui nessa prancheta eu tenho protocolos de segurança e na mesa ao fundo da sala tenho cópias para todos vocês, a partir de hoje tudo deverá ser posto em prática, nós vamos pegar esse homem o mais rápido possível.

Ao final do seu discurso todos nós nos levantamos e pegamos uma folha na mesa ao sair, nessa folha tinham lugares para fazer ronda e medidas que deveríamos tomar, palavras que deveríamos usar com os moradores para os alertar da periculosidade do assassino e outras coisas

Todos saíram da delegacia em direção as suas viaturas, alguns ficaram conversando em salas separadas e eu fiquei parado na porta olhando para a rua perdido em meus pensamentos.
O nome de Jeffrey continuava claro em minha mente, não sei por qual motivo mas eu suspeitava dele, eu não sabia o que fazer com meus pensamentos

— Aconteceu alguma coisa? — uma policial apareceu parando do meu lado me fazendo voltar para a realidade

— Só estou pensando — falei voltando a olhar para a rua

— No seu amigo? — eu olhei para ela surpreso logo em seguida desviei o olhar novamente

— Também, mas eu estou pensando em outra pessoa, um outro amigo...

— Se ele está bem você não precisa se preocupar, é visível que você está abalado com a morte do seu amigo que morreu, mas você precisa ficar focado no agora... Não se pode mudar o passado. — eu prestei atenção naquelas últimas palavras

Não se pode mudar o passado...
Será que as consequências dos meus atos no passado estão vindo agora?

— Qual o seu nome? — olhei para ela que estendeu a mão

— Janice. — cumprimentei ela

— Eu vou ficar bem Janice, meus pensamentos não vão afetar a minha produtividade, não se preocupe. — respondi com um sorriso falso, ela tocou no meu ombro amigavelmente como despedida e andando em direção ao estacionamento desapareceu meio aos carros

Resolvi fazer uma ligação para me acalmar e verificar se minhas suspeitas faziam sentido, se Jeffrey poderia ter algo a ver com a morte dos meus amigos eu só iria descobrir falando com ele