Hillary Ray White
Alfred aos poucos foi parando de chorar e de repente olhando para o chão começou a falar— Meu pai está vindo... — eu olhei para ele esperando que fosse um blefe mas pela convicção de suas palavras parecia realmente verdade
— O que ele vem fazer aqui? — perguntei e ele me olhou com cansaço, fui ignorante, era óbvio o que ele viria fazer aqui. — Me desculpe, não era isso que eu queria dizer... Ele virá quando? — Alfred tornou a olhar para o chão
— Não sei, disse que o mais rápido possível, já deve estar chegando
Ao ouvir isso fiquei levemente desconfortável, não estava preparada para ver David de novo, por mais que tenha se passado anos desde o ocorrido no lago tudo ainda é muito claro para mim, a briga entre ele e Tony, Tim desacordado e ferido, tudo por culpa dele e de Abigail. Fiquei tão concentrada em Alfred que nem passou pela minha cabeça a possibilidade dele voltar, afinal, é a família dele que acabou de ser desfeita, precisava sair de alguma forma, não queria encontrar ele, mas não podia deixar Alfred sem apoio, não sabia o que fazer
— Eu preciso ir ao banheiro, você está bem? — perguntei e Alfred tirou a cabeça do meu colo, ele apenas fungou o nariz se afastando, beijei o topo da cabeça dele e me levantei indo em direção a saída
Por sorte encontrei Hanna vindo na minha direção, estava com um olhar perdido e conturbado, porém eu precisava falar o que Alfred me contou
— Hanna, David está vindo para cá, eu não posso ficar aqui com Alfred, eu não quero ver ele! — expliquei pausadamente e Hanna segurou em meu ombro tentando me acalmar
— Fique tranquila, ele não virá para cá — ela me certificou com paciência e eu estranhei essa calmaria repentina
-— Como você sabe? — perguntei com desconfiança
Hanna Ray White
Depois de me certificar de que eles iriam embora eu voltei para a delegacia e por sorte quando minha mãe veio me fazer perguntas eles já não estavam mais lá, agora ela queria saber como eu sabia que David não viria e talvez se eu falasse a verdade poderia deixar ela mal já que ela mesma disse que não queria ver nenhum deles— Eu estou supondo, é provável que ele não venha, a polícia está barrando muitas pessoas na entrada da cidade, não sabemos se ele ainda pode entrar depois de tantos anos — menti
— Bom, eu vou ficar com Alfred por enquanto, quando a polícia terminar as perguntas eu vou levar ele para minha casa, não quero ter que ver David e quando ele chegar você vai receber ele bem longe de mim — ela explicou e eu concordei em silêncio
Era triste ver que ela ainda estava ferida pelo o que David fez, Timothy e Anthony eram muito mais que importantes para ela...
— Tudo bem, agora volte, Alfred precisa de você. — ela sorriu sem mostrar os dentes voltando para a sala onde estava Alfred, agora era a hora para entender tudo o tinha acabado de acontecer
Jeffrey Ray White
Ouvir tudo o que Hanna disse para David me fez pensar no que eu queria fazer, eu queria me desculpar com todos, com a minha mãe principalmente, mas e se ela não quisesse me ver também? Se ela passasse mal e acabasse morrendo? Eu não sobreviveria com mais uma morte nas minhas costas.Eu queria pedir perdão para minha esposa, para Jane, eu tinha certeza que ela estava com raiva de mim, e eu não a culpo por isso, eu também ficaria com raiva dela se ela saísse sem aviso prévio e não mandasse notícias e rejeitasse minhas ligações, mas mesmo estando completamente errado eu queria me desculpar com ela também, mas e se eu piorasse as coisas entre nós dois? Se ela não me permitisse ver minha filha? Se ela estivesse em um dia ruim tudo poderia vir a baixo, então para o bem de todos eu acho melhor não aparecer, ficar por enquanto quieto e esperar o momento certo para falar com elas
De repente ouvi uma batida e quando voltei a realidade vi que o carro tinha acabado de bater em uma viatura, olhei para David que me olhava desacreditado e vi o momento em que os policiais saíram do carro vindo em minha direção
— Você está louco? Onde estava com a cabeça para não prestar atenção no trânsito? Com todos esses carros você bateu justamente em uma viatura?! Só pode estar brincando. — David perguntou com raiva
Ele estava extremamente nervoso com isso e eu não entendi de primeira, mas logo depois me lembrei do que ele tinha feito para Timothy, a anos ele estava distante pois tinha fugido do que fez, ele estava com medo de ser pego
— Que batida hein!? Está bêbado? — o policial falou se apoiando no vidro do lado do motorista, do meu lado
— Não senhor, estava apenas desconcentrado, me desculpe. — ele analisou todo o interior do carro
— Vocês não são daqui, eu estou aqui há alguns dias e eu nunca vi vocês em lugar nenhum, de onde vocês são? — o policial questionou e eu engoli seco, olhei para David que encarava o outro policial que estava do lado da janela dele e senti que os dois se conheciam, pensei rápido e disse a verdade... Bom, não toda a verdade.
— Viemos de fora, ele é meu irmão, morávamos em outra cidade, minha mãe e o resto da minha família vivem aqui, eu vim visitar ela
— Minha esposa e minha filha foram supostamente mortas, eu vim para auxiliar meu filho. — David que ainda estava olhando para o policial ao lado dele revelou
— Você era marido da mulher que foi assassinada esses dias? — perguntou o policial ao meu lado olhando para David
— Não sei, vim para tentar ajudar com alguma coisa, talvez reconhecer o corpo, mas espero que não, espero que ela esteja bem. — David respondeu com paciência
— Acho que reconhecer o corpo está fora de cogitação rapaz, eu preciso dos documentos de vocês e...
— Deixa que eu cuido deles, pode ir. — o policial foi interrompido pelo outro que estava ao lado de David e o que estava ao meu lado voltou para a viatura
— David, o que você está fazendo aqui? — o policial cochichou e eu olhei para os dois sem entender o que estava acontecendo
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O Monstro Que Eu Criei
HorrorTimothy foi um homem que na infância presenciou coisas que nenhuma criança deveria presenciar e cresceu com as consequências dos traumas causados principalmente por sua própria mãe. Ele então se torna um adulto cheios de conflitos internos e uma dup...