Joseph
Minha cabeça já estava explodindo com tantas possibilidades, pensava em tudo e todos mas nada fazia sentido, parecíamos rodar em círculos, nunca conseguíamos achar um culpado nem tampouco conseguíamos culpar alguém. Provas, testemunhas, digitais, câmeras, tudo estava muito escasso, nada era o suficiente para achar o Kevin.Estava em casa com dores de cabeça de tanto pensar nessa situação quando meu celular tocou, atendi e recebi a ligação que mais temia.
Callahan
Ele morreu, encontraram o corpo dele. Finalmente acharam o policial e agora as coisas iam começar a ganhar mais ação, Timothy e Rose gostam de discrição mas eu não, gosto de deixar minha marca, de mostrar quem foi o autor da obra, de quem são os créditos.Eu estava espiando, estava escondido olhando discretamente para Joseph, vi o momento em que ele saiu em direção a delegacia, vi quando ele deixou a esposa em casa e saiu despreocupado, meu terceiro ato estava prestes a ser concluído.
Joseph
Dirigi até a delegacia e lá fui direcionado ao necrotério, coloquei uma roupa especial e lá dentro vi saindo de dentro de uma das gavetas o corpo de Kevin, ou o que restou dele.O corpo estava irreconhecível, cheio de ferimentos, sem unhas, com uma coloração diferente por conta do local que foi encontrado e o estado de decomposição, foi enjoativo e assustador vê-lo daquela maneira.
— Quem poderia ter feito isso com ele? — perguntei e todos na sala permaneceram em silêncio
— Estavam buscando por todos os lugares e encontraram o corpo dele na água, provavelmente a correnteza levou ele para tão longe — explicou Hector com a voz trêmula
— Nós fomos ruins, muito ruins, o Kevin também foi, mas só nós sabemos tudo o que fizemos, não faz sentido alguém totalmente desconhecido fazer isso com ele sem motivo nenhum, sem saber o que nós realmente fizemos — disse Mark de costas para o corpo, ele não conseguia encarar aquele cadáver na mesa e fiz o mesmo
— Então foi alguém próximo.
— Será que foi o Jeffrey? Ele anda estranho esses dias, não fala com a gente, só quando quer saber algo do interesse dele — sugeriu Hector com um tom de dúvida
— Não, não pode ser ele, ele é tão errado quanto a gente, ele está nesse jogo sujo a muito mais tempo, ele não fez isso antes, não faz sentido fazer agora — o defendi firme mas em minha mente essa acusação fazia um pouco se sentido
— Nós matamos o sobrinho dele, ele pode ter se arrependido... — Mark falou e todos olhamos para ele
Ele nos ligava tarde da noite querendo saber como descartamos o garoto, querendo saber detalhes, ele não parecia arrependido e sim preocupado
— Não, mesmo assim, ele não deixaria o Kevin nesse estado por conta de um garoto que bateu nele — apontei para o corpo sem vida do Kevin que todos se negavam a olhar
— Vamos sair daqui por favor. — pedi andando em direção a porta e todos me seguiram
Ao subir para a parte principal da delegacia percebi uma movimentação diferente, todos os policiais agitados e correndo, todos entrando em suas viaturas e saindo depressa, olhei através do vidro da recepção e vi vários e vários carros indo na mesma direção, ambulâncias, repórteres, algo tinha acontecido e eu ainda não tinha ciência.
Estava confuso e aéreo então parei uma policial qualquer que estava prestes a sair e ela me deu atenção visivelmente agitada
— O que aconteceu?
— Um acidente, parece um assassinato ou suicídio, não sabemos ainda — disse a polical olhando para a rua e para mim ao mesmo tempo
— E onde ocorreu isso?
— Não faço idéia, estamos indo para o local agora e se me permite eu realmente preciso ir — ela disse pela última vez saindo e me deixando parado na delegacia
Saí logo atrás dela, entrei em uma única viatura que tinha sobrado e segui as demais que estavam na frente, depois de um bom tempo dirigindo começamos a chegar muito próximo de onde eu morava e involuntariamente comecei a pensar na minha esposa.
Alguns minutos depois tive a pior das visões, minha casa cercada de policiais e viaturas. Os curiosos não me permitiam ver o que estava acontecendo no meio daquela confusão, mas meu coração estava apertado pensando no que poderia ter acontecido.
Saí do carro extremamente preocupado e pálido, tentei pensar positivo, pensar que algo aconteceu no meu quintal e não com a minha mulher, mas um de meus amigos de farda chegou até mim e não me permitiu aproximar
— O que está acontecendo — perguntei com a voz embargada sentindo meu rosto arder e as lágrimas chegando
Lutei contra pensamentos negativos mas era impossível ter controle a essa altura
— Joseph, você precisa ser forte, você já lidou com coisas assim e sabe qual é o processo, precisa deixar a gente trabalhar — um dos homens me parou com as mãos no meu peito, estava olhando entre as faixas e carros e consegui ver um corpo estirado no chão coberto por uma lona preta, vi apenas um braços e foi o suficiente para reconhecer. — Encontramos sua esposa morta, é difícil mas você tem que nos deixar trabalhar... Por favor — completou ele e a partir da palavra "morta" tudo o que ele havia dito se tornou um longo sussurro
Não consegui ter reação alguma, estava parado no meio da rua olhando para toda aquela cena sem saber o que fazer ou sentir.
De repente caí de joelhos e colocando minha cabeça no chão gritei com toda força, toda dor que eu estava sentido transformei em um longo grito, minhas lágrimas começaram a cair e comecei a sentir a dor da perda, uma dor tão doída quanto uma bala, até mais.
Senti minha alma se descolando do meu corpo, me senti inútil por proteger uma sociedade todos os dias e não conseguir impedir minha esposa de ser morta.
Continuei a gritar e ali fiquei sentindo uma mão áspera me dar tapinhas nas costas como se isso fosse me acalmar de alguma formaeu queria morrer.
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O Monstro Que Eu Criei
HorrorTimothy foi um homem que na infância presenciou coisas que nenhuma criança deveria presenciar e cresceu com as consequências dos traumas causados principalmente por sua própria mãe. Ele então se torna um adulto cheios de conflitos internos e uma dup...