do you remember me?

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Callahan
— Pare de chorar se não quiser morrer agora — a ameacei segurando com violência o rosto dela, ela usava aparelhos então pressionei ainda mais a boca dela a vendo fazer caretas de dor e pouco a pouco a boca se encheu de sangue

Adelaide
Segurando meu maxilar com aquelas mãos frias ele machucou minha boca, eu estava respirando rápido pois estava com muito medo, queria gritar por socorro mas a arma carregada e apontada para mim não me permitia.
Isso só pode ser um pesadelo, eu não posso estar realmente vivendo isso! Eu nem conheço esse homem, por que no dia de hoje? Eu estava em um terrível transe, congelada olhando para esse homem que parecia ter saído de um filme de terror direto para o meu quarto.

"Pare de chorar se não quiser morrer agora" ele após dizer essas palavras respirou fundo e colocou a mão na lateral na cabeça a pressionando com os olhos fechados, eu não sabia o que fazer, estava olhando para ele esperando que ele fizesse alguma coisa, não conseguia ter nenhuma reação

Timothy
Eu deixo para Callahan esse trabalho, eu sinto parte do que ele sente quando ele está matando ou ferindo alguém, mas eu não gosto de estar no controle e fazer isso, lá no fundo eu não gosto, porém pedi para Callahan o controle e rapidamente estava na frente de Adelaide depois de anos.

— Você não se lembra de mim, não é? — perguntei calmamente olhando para ela que me olhava com pavor, Callahan conseguia assustar qualquer um com facilidade

— Eu nunca vi você na minha vida —  ela respondeu pausadamente com a voz baixa e falhada

— Você me viu quando criança, entendo que você não me reconheça... — mencionei desfazendo a postura rígida que Callahan tinha e fez

Senti uma forte dor de cabeça, sabia que Callahan tomaria o controle novamente, porém para minha surpresa era Rose.

Eu tinha perguntas para Adelaide, por isso pedi o controle, sabia que se Callahan ficasse mais alguns minutos com ela eu não teria oportunidade, porém eu não sei o que perguntar, ver aquela mulher na minha frente me deixou de certa forma frágil, eu não imaginava que eu iria reagir assim, Rose saberia o que perguntar, ela me conhecia como ninguém e as perguntas dela seriam as minhas dúvidas, ela saberia o que fazer.

Adelaide
Após falar algumas curtas palavras aquele homem tornou a ficar em silêncio novamente, dessa vez não me olhava nos olhos, abaixou os ombros e a cabeça, parecia estar mais relaxado, não me passava tanto medo nem autoridade, pensei em fazer uma loucura mas eu ainda sentia medo então apenas observei o que ele iria fazer dessa vez, ele estava quieto e com o olhar longe, de repente ele fez o mesmo movimento da primeira vez, novamente levou a mão até a cabeça e respirando fundo fechou os olhos. O que estava acontecendo? Isso só pode ser uma piada!

Rose
Levantei minha cabeça e olhei para Adelaide que me olhava com desconfiança, peguei a arma que estava em cima do banco e rapidamente esse olhar desconfiado foi trocado por um olhar de medo, ela se encolheu na parede mais uma vez olhando para mim, foi então que me sentei no mesmo banco e coloquei a arma no meu colo voltando a olhar para ela que não tinha coragem para proferir uma palavra

— Adelaide... Você não me reconhece mesmo? Tente fazer um esforço, querida — ela então olhou para baixo com uma expressão confusa, parecia estar tentando lembrar de onde me conhecia

— Por favor, eu já lhe disse, eu não te conheço! — ela respondeu olhando para a arma no meu colo

— Você não me disse nada, estamos nos vendo pela primeira vez. —  falei abrindo um longo sorriso em seguida, ela respirava ainda mais rápido, era notório pela respiração dela que ela estava nervosa

Adelaide
Não sei mais o que está acontecendo, cada hora fica pior e mais assustador, não sei com quem estou falando, um homem? Um maníaco? Um louco? Parecia ter falado com três pessoas diferentes em menos de 20 minutos! Eu não sabia mais o que fazer, tinha medo de falar, aquela arma apontada para mim me fazia suar frio, esse homem mudou de tom de voz e postura como se estivesse encenando, ele agora fala de forma feminina e isso me assustava mais ainda, por que ele fazia isso? Eu estava muito mais que apavorada e completamente rendida

Rose
— Como você pôde esconder o erro da sua filha? Você poderia ter evitado o que aconteceu com ele naquele lago..  — olhei para a arma em minhas pernas

— Do que você está falando? — eu a encarei

— Lembra quando o seu filho caiu no jardim da sua sogra? Qual era o nome dele mesmo?... — fingi tentar me lembrar de algo — Ah, Alfred! — ela então me olhou de baixo para cima

Finalmente, ela me reconheceu.

— Não pode ser você... — ela disse baixo

— Agora que você me reconheceu, podemos conversar melhor — ela colocou a mão na boca talvez tentando conter um possível choro — Você se lembra desse dia assim como eu, seu filho foi para o hospital, como você não iria lembrar não é mesmo?
Você poderia ter dito naquele hospital que Sarah inventou uma mentira — a raiva começou a tomar conta de mim — Ele iria acreditar em você, você era a esposa dele, a mãe dos filhos dele! Você tinha poder para evitar tantas coisas... Mas você não fez isso, pelo contrário, você alimentou uma mentira — completei com ódio ao lembrar com clareza daquele dia

— Vocês eram crianças! — ela gritou juntamente com um choro colocando as mãos na parede, parecia estar tentando fugir dessa situação de alguma forma

— Você podia ter evitado o acidente Adelaide, a sua filha mentiu e você passou a mão na cabeça dela, você encobriu um erro dela e também por sua culpa aquele maldito acidente aconteceu! — gritei como ela — Você sempre destratou Timothy, depois que o pai dele morreu você encobriu todos os erros dos seus filhos, quantas vezes ele voltou ferido para a casa da Hillary e você disse que ele se machucou no caminho quando na verdade foram seus filhos que fizeram todos aqueles ferimentos nele? Você sempre soube de tudo e ficou de boca fechada! — segurei a arma com força, eu queria poder apertar o gatilho, aquelas lembranças me deixaram desconfortável, lembrar do que Timothy sentiu e pensar que ele era uma criança indefesa me fez borbulhar de raiva.

Não me mate, por favor — ela suplicou continuando a chorar

— Eu não vou te matar — respondi e ela esboçou uma expressão rápida de felicidade — O Callahan vai. — sua expressão apavorada tornou a aparecer juntamente com seu olhar fixo na porta, talvez esperando que o Callahan entrasse por lá — Ah, ele não vai entrar por ali, ele já está aqui. — uma única lágrima solitária correu pelo rosto dela

O Monstro Que Eu CrieiOnde histórias criam vida. Descubra agora