T.H.: Os homens da minha vida - Parte 2

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Você não consegue pensar muito, e nem queria isso. 

Suas crises de choro eram persistentes, geralmente com o bebê se mexendo de forma dolorosa e isso não facilita. Sua mãe obrigava você a engolir tudo que oferecia, e você sabe que precisa comer. Seu bebê precisa disso, é tudo o que resta dele. 

Voltar para o seu apartamento estava fora de questão, você não quer ver o ambiente que compartilhava com Harrison, a lembrança já é dolorosa. Você ainda espera que ele apareça, para ficar com você e sussurrar poemas para seu filho. Isso costumava ser um momento de vocês.

Tom tem sido forte por você, e em algumas situações você tem sido forte por ele. E em outras vocês choram juntos. 

Monitorar o pequeno bebê tem sido um trabalho árduo, em algum momento você percebeu que sequer sorria ou demonstrava afeto às pessoas a sua volta. Apenas acaricia sua barriga, sozinha, pensando em como contar ao seu filho como era seu pai, pensou em começar a trabalhar nisso. Tom, Harry e a irmã de Harrison, Charlotte, ajudaram você nisso. Você fez um álbum de fotos e colagens, isso mantém você ocupada, mas a sensação é de dormência, e depois desespero, e dormência novamente. Para resumir, é um ciclo.

Você ainda espera por ele, todos dias, olhando pela janela, observando as horas, algumas vezes, você pensa: ele deve estar chegando. Até se tocar que ele está morto.

Sua mãe mantém uma conversa com você, ela diz que você precisa ser forte e então explode ao dizer que não precisa que digam o que fazer. Você sabe o que fazer. 

Agora você mora com Tom, Harry e Charlotte que se manteve em estadia por quanto tempo precisar, é difícil agora fazer algumas coisas, como se deitar confortável ou tomar banho, e ela sempre ajuda. Nikki também está sempre visitando e mantendo você distraída com algumas dicas sobre o bebê. 

Enterrar Harrison foi a coisa mais dolorosa em sua vida, você achou que surtaria em qualquer momento, mas a mãe de Harrison continuou abraçando você por todo o tempo. E tudo que você sente é sufoco. 

Você dirige até o apartamento, sozinha, nem sabia como tinha escapado dos cuidados da sua família, dos Osterfield e dos Holland. Mas ali estava você, estacionando o carro de Tom em frente ao seu apartamento, que um dia foi seu e de Harrison. 

Você observou tudo, a cor das paredes, os móveis, reparou na orquídea lilás perto da janela, Harrison amava cuidar dessa orquídea, e você pensou em como ela poderia ter sobrevivido esse tempo. Você cuida dela rapidamente. 

De repente, você sente o perfume, a fragrância dele, forte como se tivesse acabado de borrifar o perfume, você sabe que ele está ali, naquele minuto com você. Sabe que em algum momento ele faria isso, ele desceria do paraíso para te ver, e chora. Talvez seja a sua mente pregando peças, ou parte daqueles filmes espíritas que você gostava de assistir e Harrison ria. 

Quando se virou, você o observou, estava ficando louca, mas estava disposta a ficar completamente insana somente para tê-lo com você.

– Isso é um pouco arrogante, e a minha garota não é arrogante - Harrison disse, embora ele estivesse do outro lado do ambiente, você o escutou como um sussurro perto do seu ouvido, você agradece aos céus por tê-lo ali - Você não acha isso arrogante?

- Sobre o que? - você pergunta.

- Eu sinto a sua dor, mas juntar-se a mim não é a resposta, o pequeno precisa de você - ele sinalizou para o seu bebê - Não é garantia que fique comigo, você sabe!

- Existe vida após a morte?

- É a única vida que temos de verdade - ele ri e você também.

- Parece um kardecista falando - você diz.

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