A.R.: Resistência - Parte 1

1.8K 90 62
                                    

Sua vida sempre foi boa, você sempre foi de classe média, optou por fazer enfermagem, e hoje você vive bem, principalmente depois que se alistou no exército americano.

A sua base é Washington, literalmente no centro de tudo, você atende soldados com pouquíssimas lesões. 

Você está bem com a sua vida, principalmente, nunca havia se apaixonado, você não se preocupou nem um pouco com homens durante sua permanência na faculdade e nem agora trabalhando no exército da América. Você tinha um foco e conseguiu isso. Mas o amor sempre chega, você querendo ou não, tinha ideia que estava destinada a alguém, só não sabia que esse alguém podia entrar timidamente em uma quarta feira comum. 

Você estava observando prontuários, escutou o sino tocar e um par de botas sobre a madeira. Você levantou os olhos e o observou, você sentiu algo, sentiu sua respiração falhar, tinha certeza que conseguia ouvir o coração dele.

-Olá, bom dia - ele disse e sua voz falhou, você sabia que ele estava sentindo o mesmo que você.

- Bom dia, posso ajudar você? - a sua voz também falhou. Logo deu um jeito de afastar aquela fantasia boba e voltar a realidade.

- Eu machuquei meu ombro, está sangrando um pouco. 

- Oh sim- você se levantou rapidamente - Pode sentar aqui, na maca, por favor.

O homem entrou rapidamente, sua observação sobre o ambiente, ele parecia nervoso.

-Qual o seu nome, soldado?

- Arvin Russell, senhorita - Ele respondeu enquanto você procura o prontuário dele.

- Você consegue tirar a camisa sozinho? - Você pergunta abrindo a pasta dele - Eu ajudo.

Você realmente o ajuda quando observa o rosto doloroso dele. Observando o ferimento, você estranha.

-Como foi que disse que se machucou?

- Eu não disse, eu bati na porta - ele mentiu, por isso parecia nervoso, o corte e o roxo pelo ombro forte dele, dizem que ele entrou em uma briga, provavelmente um grande soco, você reparou nos dedos dele, vermelhos e inchados.

- Que porta estranha - você comenta, mas cuida do machucado, usando todo o seu cuidado possível.

Você repara no cabelo castanho ondulado, rosto desenhado, olhos chocolate, lábios finos. Você decora cada traço, cada centímetro do rosto dele, tudo é atraente e marcante. 

-A porta atacou você? - você pergunta limpando o pequeno ferimento - Isso parece ter sido rasgado com um anel.

- Foi maçaneta - Ele mentiu novamente, você queria rir, mas tratou de ficar quieta apenas cuidando do machucado.

- Você sabe que eu preciso reportar esse machucado e essa mentira para o seu Coronel.

- O que? Eu não estou mentindo - a voz dele falhou novamente, você o encarou por alguns segundos - Eu briguei na saída do cinema.

- Oh é mesmo? 

- Um cara tentou colocar as mãos embaixo da saia de uma moça, e eu arrastei ele pra fora e o soquei até ficar inchado, mas ele deixou uma lembrança.

- Bem, vou escrever para o seu Coronel, que você tentou arrumar uma porta, e se machucou. Tudo bem?

- Obrigado, senhorita - Ele diz baixo. 

Você se mantém em pé ao lado dele, o prontuário aberto, e fazendo anotações, existe um silêncio constrangedor. Você sabe que ele está te observando, se sente observada.

ImaginesOnde histórias criam vida. Descubra agora