A.R.: Bonnie & Clyde - Parte 5

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ATENÇÃO: CAPÍTULO PODE SER PESADO PARA ALGUNS LEITORES


Depois do enterro foi algo estranho pra você. Sua mãe faleceu quando era muito pequena, dias de vida na verdade. Então você nunca lidou com isso antes.

Você tinha noção da força de Arvin, foi diferente pra ele, sua infância foi marcada por mortes. Você gostaria de dar todo o consolo do mundo, mas ele queria espaço. 

A avó e o tio sabiam de você agora, eles ainda faziam uma certa careta para sua postura, e sabia que eles achavam loucura Arvin estar com você. 

-Você quer um beijo? - Você perguntou a ele enquanto observava o perfil dele, o clima chuvoso parecia refletir a dor dele ao perder a irmã.

- Não - ele respondeu trincando o maxilar, observando a chuva cair - Eu quero saber o que você sabe sobre o cara.

- Arvin…

- Se não for me contar, eu quero que saia! - ele interrompeu você. Tinha noção da enorme besteira que você fez.

- Eu não sei o nome dele - você disse baixo - Eu juro que ela nunca me disse. Porém, teve um domingo em que ela queria muito conversar comigo.

- Sobre o que? - ele perguntou ainda sendo rigoroso com você, ele nunca falava com você daquela forma sombria, ele guardava todos os sorrisos pra você, sempre paciente e carinhoso. Mas agora, existe uma sombra dura em seus olhos, fez você se encolher no banco do carro.

- Eles estavam transando - você decidiu falar de uma vez - E quando ela quis falar com ele sobre isso, no dia seguinte, ele fingiu que não aconteceu. É tudo o que eu sei… eu não quis forçar ela a falar mais… achei que…

- INFERNO! - Arvin explodiu com você, as mãos dele bateram de forma furiosa contra o volante do carro - QUE INFERNO PASSA NA SUA CABEÇA? VOCÊ A OUVE DIZER ISSO E NÃO FAZ NADA? PORRA!

- Eu achei que ela me falaria com o tempo - Você chorou tentando se explicar.

- PORRA! PORRA! - Arvin espancou o volante do carro - ELA ESTAVA GRÁVIDA, SUA ESTÚPIDA! QUE MERDA PASSA NA PORRA DA SUA CABEÇA? DE NÃO TER ME CONTADO?

- Por favor, me desculpe, e-eu… - você soluçou alto, seu choro começou a estrangular sua fala.

- Saí do carro! VAI PRA SUA PORRA DE CASTELO E SAÍ DO MEU CARRO! - Arvin gritou mais uma vez. Você saiu correndo para sua casa, e nem olhou para trás. 

Você chorou o dia inteiro, não falou e nem procurou Arvin pelo resto da semana, ele também não procurou você. 

No final, você se surpreendeu ao perceber que Arvin ainda tinha a visão de você como uma princesa estúpida, e aquilo partiu seu coração em milhares de pedaços. Você assistia às aulas sem interesse, sentava no tapete do escritório do seu pai para fazer algumas atividades, e ele observava você por alguns minutos antes de voltar para o próprio trabalho. 

Seu pai sabia que tinha alguma coisa acontecendo, mas você é uma garota durona como sua mãe foi um dia, você sempre soube lidar com situações embaraçosas melhor que ele. Entretanto, quando você se recusou a comer no terceiro dia seguido, pensou que precisava interferir. 

-Como está a escola, broto? - ele perguntou enquanto vocês estavam sentados na varanda da casa, observando suas plantações de uvas se estendendo por metros de distância. 

- Bem - você respondeu baixo com um suspiro, você podia ouvir algum grilo e ver alguns vagalumes também. As estrelas estavam bonitas no céu.

- E o que está acontecendo? - você não precisou responder - Leonora era sua amiga?

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