Capítulo 7

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                                          Maia

- Você não está mesmo feliz por me ver. Já não volto aqui, só precisava saber se estavas bem.

- O teu marido sabe que está aqui?

- Não, não sabe de nada. __ coloco uma madeixa dos meus cabelos atrás da orelha.

- E como me acharam?

- Não sei, foi ele. __ digo apontando com a cabeça para o Noah que estava um pouco afastado enquanto falava ao telemóvel.

- E confia nele?

- Até agora só me apetece matá-lo. __ digo e ele ri. - Sinto sua falta, e ter que me adaptar de novo é difícil.

- Você consegue. Olha, não pode mais vir aqui, se o teu marido ficar a saber, ele mata-me a mim ou alguém da minha família. Eu me afastei de você porque ele me ameaçou.

- Imagino... Desculpa por ter te posto nessa situação. E não te preocupes, não volto para cá, sei que estás bem é o mais importante. __ falei olhando para o chão.

- Só peço que tenha cuidado com ele. Você pode muito bem denunciá-lo.

- Sobre quais acusações?

- Violência doméstica, ameaças mortais, perdi as contas de quantas vezes cuidei dos seus machucados.

- Não quero falar sobre isso.

Ele suspira derrotado e joga uma pedra ao além.

- Um dia ele te mata.

- Podemos não falar sobre isso?

- Tudo bem, desculpe. Mas olha para mim, você pode sempre contar comigo. Está bem?

- Está bem.

- Qualquer coisa que surgir, liga para mim e eu estarei aí para você.

- Está bem... Não me contou que tinha namorada.

- É bem recente.

- De onde se conheceram?

- Numa festa, é nova no bairro. Não resistiu ao meu charme.

- Ela é linda, ninguém resiste.

- E como está a Lola, a Lara... O pessoal todo?

- Com muitas saudades, mas estão bem.

- É o mais importante.

Dei um sorriso fraco. Ficámos em silêncio por alguns minutos, apenas a observar tudo.

Olhei para longe e vejo mais uma vez o Noah. Com quem ele falava? Faz um tempão que está aí, a andar de um lado para outro. Ora coloca a mão no bolso, ora a tira.

- Tenha cuidado._ Andrew fala. Olhei para ele e ele olhou de volta.

- Com o quê? _ ele não respondeu, apenas apontou com a cabeça para o Noah.

- Nada a ver, eu o odeio.

- O ódio e o amor caminham juntos.

- Lembra da Bella? _ perguntei para mudar de assunto.

- Sim.

- Quase que deixei a cabra cega e careca

- O que você fez?

- Bati nela.

- Porquê fez isso?

- Disse que é amante do Greco.

- A sério?

- Sim, fiquei saturada e joguei uma taça nela.

- E falou com ele?

- Falei, e acho que ela tem razão. Não sei o que fazer da minha vida. __ dramática me jogo no colo dele e ele começa a passar sua mão na cabeça.

Olho para o Noah e ele olha para mim também. Senti uma pontada lá em baixo.

- Você sabe o que fazer, só precisa da motivação certa. Vai ficar tudo bem.

- Sou corna, Andrew, corna!

Ele ri.

- Isso não tem graça. __ levanto minha cabeça e olho para ele quase chorando.

- Não tem, tens razão. Ele não te merece. Fique aqui, vou falar um pouco com ele.

- Com o Noah? Sobre o quê?

- Conversa de homens.

Ele levanta e sacode sua calça. Foram para um lugar mais privado.

Eu levantei e fui ter com a Marina.

- Ei, já vão? __ ela diz assim que me vê. Coloca alguma coisa no balcão e sorri.

- Acho que sim. O Andrew foi falar com o Noah.

- Fique a vontade.

- Obrigada. O que fazes?

- Cupcakes.

- Fixe. Por diversão ou negócio?

- Quem faz cupcakes por diversão?

- Não sei... __ digo sem jeito.

- É para vender.

- Tens a tua própria confeitaria?

Ela ri como se eu tivesse dito a coisa mais estúpida do mundo.

- Seria bom. Mas não, ainda não tenho.

- Porquê?

- Porque nem toda gente tem dinheiro.

- Ah...

- Mas vou conseguir um dia. __ ela diz positivamente. - E então você? O que faz?

- Bom... Não sei bem.

Como são os meus dias sendo a mulher de bilionário? Acordo, o pequeno almoço já está servido, acordo com tudo feito, vou às compras, faço viagens de luxo...

- Não sabes? Trabalhas?

- Não. Mas já trabalhei.

- Isso é bom, como...?

-  Uma garçonete, já foi há bastante tempo. Também tenho um sonho.

- Por Martin Luther King... __ ela diz e eu rio. - Qual é?

- Não sei se conheces a empresa EH-Company...

- Claro que conheço, quem não conhece?

- Meu sonho sempre é um dia  trabalhar lá.

- E o que te impede?

- As coisas não correram como imaginava.

- Ainda há tempo para dar uma volta.

- É...

- Prova. __ ela diz me dando um cupcake. Recebo e dou uma dentada, a primeira imagem que me veio na mente foi a Mila, pois ela também é ótima nisso.

- Está delicioso...__ digo de boca cheia.

- Obrigada. Vou preparar alguns para levar.

- Não precisa.

- É para te lembrares de mim.

- Acredite, nunca mais esqueço.

Ela ri.

♥¤♥¤♥

Obrigada por ter lido

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