Mel P.O.V
Abri os olhos e por um curto espaço de tempo, achei que estava delirando.
O cheiro de mofo e xixi de rato dava um ar pesado ao ambiente, e com toda a certeza do mundo, aquele local era o local mais próximo em que eu já estive do inferno.
Meu calcanhar estava preso a uma corrente, o que me fez ter uma noção de que eu poderia levantar e caminhar um pouco. Mas a pancada em minha cabeça ainda a fazia doer, alem da tontura.
__ Carmella, que bom que acordou. Se morresse não iria ter serventia.__ A voz de Afonso me deu a certeza de que eu me envolvi com um maníaco.__ Seu noivinho vai dar tudo o que tem se te amar. Mas o que ele viu em você em?
__ Deixe-me ir embora.
__ Você sabe que não dá.__ Afonso ficou cara a cara comigo.__ Você é o meu passaporte pra pagar aos agiotas. Eu e Demetria já atrasamos o pagamento três vezes. Isso quer dizer que se eles nos encontrarem, e não estivermos com a grana. Eu e sua mãe morreremos. Você quer isso Carmella?
__ Eu... Quero...__ Sussurrei por sentir sede.
__ Desgraçada.__ Senti o tapa em contato com meu rosto.
Esse filho da puta me bateu? Ele me bateu. Homem nenhum encosta a mão em mim e sai impune, homem nenhum...
Não expressei sentimento algum, Afonso parecia perplexo por ver que eu não iria chorar ou algo do tipo.
__ Ora, ora, ora...__ Mamãe adentrou o local pela única porta.__ Que bom que acordou Carmella, olha só como esta esse seu cabelo. Esta lindo filha.__ Ela tentou toca-lo e eu me esquivei.__ Namorar jogador famoso é bom mesmo. Bom pra todo mundo.__ Ela gargalhou mostrando seus dentes imundos.
__ E aí? Falou com o Marconi?__ Afonso perguntou a ela.
__ Falei sim, e a noticia que tenho não é boa.
__ Conta.__ Os dois sentaram nun pequeno sofá.
__ Marconi disse que o Filemon e os homens dele estão atrás de nós. O cara esta puto da vida. Ele quer nos matar...
__ E ela é nosso fundo de garantia pra continuarmos vivos. Por isso, precisamos falar com o tal Pedro.
Depois de uma serie de tapas e socos naquela noite, resolvi dar o número do apartamento. Torci para que Pedro esrivesse com os pais e não estivesse em casa no momento. Naquela altura do campeonato ele já tinha dadi conta do meu desaparecimento, e eu torcia pra que ele não estivesse em casa para não atender a esse energúmeno.
Mas Pedro estava em casa. Atendeu ao telefonema, e tudo o que aconteceu só me deixou angustiada, eu só queria estar com ele, abraça-lo e contar as novidades.
~~~
Abri os olhos, pela fresta da porta dava para perceber que a manhã já havia chegado, meu corpo estava dolorido, e um pouco longe dava-se para ouvir a voz de Afonso combinando de receber dinheiro com alguém.
Era Pedro quem estava na linha, tentei grita-lo mas não consegui. Minha garganta estava seca, além de senti que ela iria inflamar por ter dormido no chão frio e cheio de poeira.
__ Acordou bela adormecida?__ Mamãe apareceu.
__ Quero comer...__ Sussurrei com uma sede imensurável.__ E água...
__ Você sabe que não pode comer. Precisamos de você assim.
__ Então, por favor...__ Engoli os restos de saliva.__ Só água...
__ Daqui a pouco.__ Ela se sentou e ficou a mexer em seu velho celular.
A sede que eu sentia era enorme, e eu precisava urgentemente de um plano pra sair daquele lugar, antes que Pedro gastasse tudo o que tem por mim. Eu não podia deixar que esses imbecis acabem com tudo que o meu menino construiu.
Vários planos surgiram em minha cabeça durante aquele resto de manhã, mas nenhum iria dar certo.
Afonso e Demeteria pareciam nervosos com algo, cochicharam por alguns minutos e saíram do pequeno local. Vi o celular de capinha vermelha em cima do sofá. Mamãe esqueceu.
Levantei e me aproximei so sofá, a corrente não me deixava alcançar o móvel. Me deitei no chão e me estiquei até alcançar o objeto telefônico.
O celular não tem senha, o que facilitou tudo. Adentrei o aplicativo de mensagens e vi um nome que causava medo em Afonso e mamãe... Filemon.
Havia várias mensagens de ameaças do homem para a mulher, e talvez eu me arrependa por fazeemr isso, ou eu carregue a culpa por dois assassinatos. Mas não posso deixar eles se safarem assim...
Mandei mensagem para o tal Filemon informando que era pra ele rastrear o celular pois queriamos encontra-lo. Depois de mandar, apaguei as mensagens apenas para que Demetria não há visse.
Coloquei o celular no mesmo lugar e voltei a me sentar. Se tudo sair como planejei, sairei daqui rapidinho.
~~~
Afonso trouxe um copo de água para mim, as chaves da corrente e das portas estavam penduradas em seu cinto.
__ Quero fazer xixi...__ Falei me levantando após beber a água.
__ Faz na roupa.
__ Deixa de crueldade e me leva ao banheiro.
Depois de eu insistir muito, ele me tirou do quarto, havia uma sala menor que o quartinho, uma cozinha e o banheiro que estava imundo. Esse tal Filemon deve estar demorando porque acho que eles sejam de São Paulo.
Alguem bateu na porta e mamãe olhou estranho pra Afonso. São eles.
Afonso me emburrou para que eu andasse depressa, mas não deu nem tempo pra que a porta fosse arrombada.
__ Olha só quem temos aqui.__ Um homem baixinho e barrigudo saiu detrás dum cara alto e portão.
__ Filemon?__ A voz de Afonso mudou de brava para medrosa.
__ Vim atrás do meu dinheiro.__ O homem baixinho disse sarcástico.__ Creio que vocês tem não é? Já que Demetria me mandou mensagem...
__ EU? Não mandei mensagem nenhuma.__ Mamãe estava apavorada.
__ Você me mandou.__ O homem pegou o celular e mostrou para a mulher.
#Continua
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O Cara do Time Rival
أدب الهواةCarmella Santoro havia sofrido durante sua vida toda, em seu caminho havia varias feridas há qual lhe impedia de deixar alguém se aproximar ou seguir em frente. Deixar São Paulo e tentar a sorte no Rio de Janeiro era uma otima ideia para enterrar o...