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Na manhã seguinte, saí do banheiro depois de fazer minhas higienes, amaldiçoando o inverno pela água gelada

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Na manhã seguinte, saí do banheiro depois de fazer minhas higienes, amaldiçoando o inverno pela água gelada.
Fui no quarto e peguei minha jaqueta, que vesti, e depois fiquei parada, olhando as janelas sem as proteções.
Daryl sumira antes de eu acordar, e eu acordei na cama, quando lembrava perfeitamente de ter adormecido no sofá.
Saí na sala, mas ele não estava lá. Aliás, nada naquela casa indicava que Daryl estaria por ali. Nada de roupa, nada de arma, nada de nada.
Meu coração começou a bater mais rápido. Ele tinha me abandonado? A noite anterior fora demasiado prematura? Fechei os olhos. Droga, fora cedo demais. Onde eu estava com a cabeça?
Sentei no chão, não tendo mais forças nas pernas e coloquei as mãos sobre os olhos. Lembrava de cada detalhe da noite anterior, cada suspiro, cada toque, cada gemido... tudo parecia estar bem. Daryl parecia ter me amado de verdade. Ele fora perfeito comigo, até me colocara na cama.
Baixei as mãos e respirei fundo. Calma. Ele iria voltar. De onde quer que estivesse. Assenti e levantei, indo na direção da cozinha e meu coração parou de bater. Em cima da mesa estava uma das flechas de Daryl, junto de um papel escrito com carvão. Peguei, com mãos trêmulas e li: "fui pegar madeira."
Sorri. Ele não tinha me abandonado.
Muito mais animada do que minutos antes, andei pela casa, retirando as proteções das janelas e vendo que o sol brilhava lá fora... mas tudo estava branco.
- Começou. - Gemi.
Eu não gostava de neve, significava que estava demasiado frio para chover, além de que eu adorava o sol e o calor, e aquilo era o exato oposto.
Olhei para trás, vendo a lareira já acesa e que Daryl tinha deixado alguns paus para eu poder colocar antes de ele regressar.
Fui na cozinha, abrindo uma lata de pêssego e pegando um garfo. Encostei no balcão e fiquei vendo a neve na parte de trás da casa.
Depois de alguns minutos, escutei a porta fechando e passos percorrendo a sala, seguidos de um som de madeira caindo no chão. Sorri discretamente, nem precisava confirmar, conhecia o som dos passos do Daryl.
Quando ergui o olhar, já ele estava parado na porta da cozinha, segurando a besta no ombro, me olhando. Sorri e ele colocou a besta no chão, entrando na cozinha e se aproximando.
Vi ele colocar um saco velho em cima da mesa e pulei do balcão, espreitando por cima do seu ombro.
- Achei isso na floresta, dá para comer, e tem bastantes. - Ele deu de ombros. - Talvez você goste. - Ele me olhou. - E descobri porque temos água encanada ainda.
Arqueei as sobrancelhas e olhei ele.
- Sério?
Ele assentiu. - Tem um poço lá atrás, a água é límpida, deve vir de algum lado.
Daryl se afastou, indo até o armário e abrindo.
Eu peguei um das frutas negras e coloquei na boca, mordendo e sentindo o suco doce na minha língua.
Suspirei. - É ótima.
Daryl me olhou, antes de pegar um garfo e sentar numa das cadeiras, colocando uma lata na mesa e abrindo.
Terminei minha lata e respirei fundo.
- Você me colocou na cama.
Ele ergueu o olhar e assentiu. - A fogueira apagou no meio da noite. Ficou demasiado frio para você dormir na sala.
- E você?
Daryl deu de ombros. - Peguei uns cobertores e fiquei no sofá.
Cruzei os braços sobre o peito. - Poderia ter ficado no quarto.
- Não, eu não consegui dormir mesmo. Por isso...
Mordi minha língua.
- Desculpa.
Daryl franziu o cenho. - De quê?
Dei de ombros. - Por ontem.
Ele parou de comer, me olhando de uma forma que eu não reconheci, e depois inclinou a cabeça para o lado.
- Você... você está arrependida?
Senti meus olhos se abrirem muito, de espanto. Ele estava mesmo perguntando aquilo?
- Não! - Respondi, mas depois fiquei nervosa. - Você está?
Daryl não respondeu logo, mas depois baixou o olhar, mexeu com o garfo no conteúdo da sua lata e me olhou de novo. Negou com a cabeça.
- Não. Nem teria deixado acontecer se não quisesse. - Ele deu de ombros. - Por isso deixei você se aproximar, porque também nunca iria fazer nada que você não quisesse fazer.
Assenti, devagar, tentando esconder minha felicidade.
- Entendi. Valeu.
Daryl me deu um sorriso fraco e terminuou de comer. Depois levantou, passou por mim e ficou de frente para a pia, colocando o garfo para lavar.
Senti uma vontade doida de abraçar ele e me aproximei, sem pensar, e rodeei sua cintura com os braços, encostando a cabeça nas suas costas.
Daryl ficou quieto, mas depois senti suas mãos nos meus braços.
- Pensei que você tivesse ido embora. - Falei, de olhos fechados.
- Nunca deixaria você para trás.
Me afastei um pouco e Daryl rodou nos meus braços, ficando na minha frente. Sorri e assenti.
Então, senti a mão de Daryl tocando no meu rosto e fiquei quieta, tentando perceber o que ele estava fazendo. E foi quando ele se aproximou mais e senti seus lábios nos meus.
Eu sabia que tinha de ter calma, mas meu corpo parecia não saber, porque assim que ele me beijou, meus braços subiram e rodearam seu pescoço, puxando para mim.
Daryl interrompeu o beijo e ficou com a testa junto da minha.
Eu sorri, respirando com dificuldade, de olhos fechados.
- Desculpa minha reação. - Falei.
Senti ele rir. - Pelo menos assim eu sei o que você sente.
Eu ri, sem nunca largar ele. - Você nem imagina.
Depois Daryl se endireitou e me olhou.
- E se acharmos os outros? - Perguntou.
Eu entendi a pergunta e assenti, respirando fundo. Depois dei de ombros.
- Não existe ninguém naquele grupo com quem eu preferisse estar aqui.
- E o Shane?
- Se ele estiver vivo, e a gente achar ele, vai ter de aceitar. - Sorri e tirei um cabelo da frente dos seus olhos.
Daryl assentiu.
- Shane deve estar vivo. Não é a primeira vez que somos atacados por zumbis.
- Dessa forma é.
Daryl ficou me olhando e depois senti sua mão tocando na minha, e seus dedos se entrelaçando nos meus.
- Se eles estiverem por aí, a gente acha eles.
Assenti. - É, só não sabemos as condições em que vamos achá-los.

Heart's On FireOnde histórias criam vida. Descubra agora