Um mês depois...
Agarrei a mochila, e prendi melhor no meu ombro enquanto andava pela beira da estrada, cantando uma música que não saía da minha mente á dias. Shane, do meu lado, segurando a arma, revirou os olhos e sorriu.
Cheguei mesmo a improvisar uma dancinha, girando e abrindo os braços.
Parei mais na frente e olhei para trás, vendo que um zumbi nos seguia. Suspirei e Shane ergueu a sobrancelha, como tantas vezes fazia e olhou na mesma direção que eu.
- Prece a Sharon. - Falei.
Shane assentiu e depois continuou andando, me deixando sozinha.
Sharon fora uma garota que a gente achara, uma antiga enfermeira. Por mais que Shane negasse, eu sabia que ele se apaixonara por ela. Aquilo que ele tivera com ela, fora mais do que apenas noites de prazer.
Sharon nos acompanhara por semanas... até ser pega por zumbis e acabar morrendo nos braços de Shane.
Dei de ombros e voltei a andar, chegando em Shane e olhando ele pelo canto do olho.
- Foi mal. - Falei.
Ele deu de ombros. - Tá tudo bem. Esse mundo é uma merda, mesmo.
Abri a mochila e tirei uma garrafa de água. Shane bebeu um gole e depois eu peguei ela, bebendo. Mas quando inclinei a cabeça para trás, meus olhos perceberam algo ao longe, lá em baixo, se erguendo até perder de vista.
Parei de beber a água, fechei a garrafa e fiquei olhando. Era uma cidade. Peguei o rifle e espreitei pelo binóculo. Uma cidade enorme, onde uma coisa enorme, branca e pontiaguda se erguia quase tocando o céu.
- Não pode ser. - Falei.
- O que foi? - Shane voltou para junto de mim.
Indiquei a cidade e ele arqueou as sobrancelhas e depois me olhou.
- Sério? Não, não pode ser. - Falou.
Eu sorri. - Agora sabemos que estamos longe o suficiente de Woodbury. - Olhei meu irmão e fiz uma vênia. - Bem vindo aos arredores de Washginton, policial Walsh.
- Aos arredores? - Shane ria.
Dei de ombros. - Claro. Washington é ali, a gente está aqui, é arredores.
Bati no seu ombro e segui andando.
Achamos um daqueles bairros de subúrbios e decidimos invadir uma das casas.
Bati numa das portas e esperei, nada. Abri a porta e entrámos. Shane fez sinal que iria ver o andar de cima e eu assenti, largando a mochila no chão e andando até á cozinha. A casa estava vazia de zumbis, o que era bom. Larguei a katana em cima da mesa e abri os armários ,vendo que tinha bastante comida por ali, como se alguém tivesse saído nas pressas.
- Porque alguém iria escrever "Salvem a gente, Salvadores" numa parede? - Perguntou Shane, entrando na cozinha, segurando a arma daquele jeito que só ele fazia.
Olhei ele e franzi o cenho. - Quê? Quem são esses... como é? Salvadores? Deveria ser um desses grupos do início, não? - Pulei e sentei no balcão, abrindo uma lata de ananás.
Shane sentou numa das cadeiras. - Achou comida?
Assenti. - Quer uma?
- Tá, pode ser.
Lancei uma lata a ele e ficámos em silêncio, comendo.
Nesse momento, e como acontecia sempre que eu parava um pouco, minha mente voltou a lembrar do Daryl e onde ele estaria, se estaria vivo ou morto, longe ou perto. Bem, deveria estar longe né? Já que a gente tinha percorrido uma bela de uma distância nesses dias.
- Pensando no quê? - Perguntou Shane.
Olhei ele e neguei com a cabeça. Pulei do balcão, colocando a lata vazia na mesa e pegando a katana.
- Vou dar uma olhada nas outras casas antes de anoitecer.
- Sozinha?
Olhei meu irmão. - Preciso, Shane.
Ele assentiu e eu me aproximei dele, beijei sua cabeça e saí, olhando a rua.
Entrei na casa mais afastada da nossa e bati na porta derrubada, esperando. Um zumbi apareceu, com um vestido nojento e cheio de buracos. Respirei fundo, balançando a cabeça, pois sentia uma pequena dor na base do meu pescoço e rodei a katana nas mãos. Ergui os braços e espetei a cabeça do zumbi.
Sacudi o sangue da lâmina e entrei em casa, cantando bem alto para chamar a atenção de zumbis, mas nenhum de apareceu.
Vasculhei a cozinha, enchendo a mochila de água e comida. Depois fui andando pela sala, abrindo gavetas e armários, vasculhando cada canto. Achei uma caixa de munição e decidi levar.
Sentei por um momento, ali, completamente sozinha. Meus pensamentos voaram de volta no caipira e senti uma lágrima caindo pelo meu rosto. Limpei ela e respirei fundo. Eu iria sobreviver a esse mundo achar Daryl de novo.
Quando regressei a casa, perto do anoitecer, ajudei Shane a proteger as portas e janelas e depois subi nos quartos. Iria aproveitar para tomar banho e trocar de roupa. Procurei por roupas negras e, por sorte, achei.
- Merda! - Escutei Shane esbravejar no banheiro do outro quarto.
Sorri. - O que foi? - Gritei.
- Está gelada!
Rindo, entrei no banheiro do quarto onde eu estava e tomei um duche, sem nem me importar com a água. Isso já deixara de fazer diferença á meses.
Depois de anoitecer por completo, eu e Shane ficámos sentados na sala, cada um com seus pensamentos.
- Nunca mais vamos achar eles. - Falei.
- Leah...
- Estamos muito longe. - Olhei ele. - É impossível.
Shane esticou o braço, como sempre fazia, para que eu me deitasse no seu peito. Assim fiz, e ele me abraçou, me fazendo sentir segura.
- Desculpa.
- De quê? - Ele perguntou.
- Você é o melhor irmão do mundo. Desculpa eu sempre falar que não era.
Ele riu. - Eu sei. Mas foi você que me impediu de enlouquecer.
- Você enlouqueceu. - Falei. - Matou o Ottis, comeu a Lori...
- A Lori... foi um erro. E o Ottis... eu sei que não deveria ter matado ele.
- Shane, já pensou que o seu filho nasceu? Se nada aconteceu com a Lori, o bebê já nasceu a uns meses atrás.
Senti ele rir e depois soube que ele passava a outra mão no rosto, como sempre fazia quando estava nervoso.
- Lori nunca deixaria eu chegar perto.
Assenti. - Você que fez merda.
- É. É meio doido pensar que meu filho nasceu e anda nesse mundo... E eu nem conheço ele. Nem posso pegar, pelo menos.
Sorri. - Adorava conhecer meu sobrinho.
Shane beijou a minha cabeça e me apertou nos seus braços.
- Um dia, talvez. Talvez a gente ache eles e a Lori saia gritando para eu nem chegar perto da criança, que eu sou um imbecil que destruiu a vida dela... Sei lá.
Ri junto com ele e depois fiquei fazendo carinho no seu braço, com a ponta dos dedos.
- Ela teria razão.
Shane fingiu ficar ofendido e acabámos rindo e pegando no sono ali mesmo.
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Heart's On Fire
FanfictionLeah sempre sentiu que tinha de existir algo mais. Algo de diferente nesse mundo. Nunca fora como as outras garotas, isso era certo, e nunca fora a predileta da família - seu irmão mais velho ocupava esse lugar. Mas quando fez dezoito anos, Leah dec...