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- Estamos, aos poucos, tornando Negan num membro produtivo da comunidade

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- Estamos, aos poucos, tornando Negan num membro produtivo da comunidade. - Explicou Rick. - Sem facilidades e nem liberdade, mas se ele quer continuar comendo, tem de ajudar. Está fazendo algumas tarefas simples e nada que coloque em perigo a vida dos Alexandrinos.
Meus dedos batiam sem parar na mesa, na minha frente, enquanto eu colara meu olhar na mesma.
Quase surtara quando vi Negan, mas apenas Daryl sabia a verdadeira extensão do meu problema: era ele que,  agora, também tinha de lidar com os meus pesadelos, era ele quem me via tremer de cada vez que escutava uma fechadura se trancando, era ele quem me via encolher de cada vez que escutava música. Rick e os outros, apenas achavam que eu sentia ódio por Negan... Mas a verdade era que ele mexera com meu psicológico. Pensei que com o tempo fosse melhorar. Eu estava enganada. Ficou pior!
Ergui o olhar para Rick, sentindo as mãos de Daryl nos meus ombros, enquanto ele permanecia de pé, atrás de mim.
- Negan é um assassino. Ele deveria ter morrido. - Falei. - Eu te ajudei, Rick! Eu  estava lá dentro, do lado dele, eu sei como ele é!
Rick olhou Daryl e eu senti ele dando de ombros. - Eu falei porque ela não queria vir aqui.
Grimes suspirou e me olhou. - Está tudo controlado, Leah. Ele não vai machucar ninguém. Ele nem está armado.
Levantei da cadeira e sacudi as mãos de Daryl, encarando Rick.
- Fala isso para a próxima pessoa a quem ele abrir a cabeça.
- Escondemos o taco. - Falou Michonne.
Olhei ela. - E o que adianta isso para alguém como a Maggie? Alguém como eu? Isso vai trazer o Glenn e o Shane de volta? - Gritei.
Saí dali, ignorando todos eles batendo com a porta. Desci as escadas rapidamente e andei em direção da cela de Negan.
Laura guardava a porta e se colocou na minha frente.
- Leah...
Tirei a katana da bolsa e segurei, pronta a usar. - Sai da frente.
- Não posso.
- Sai da frente! Agora!
Laura suspirou e saiu do meu caminhou. Guardei a katana, desci as escadas e abri a porta, entrando e batendo com ela. Avancei pela cave e parei a alguns centimetros da porta da cela.
Negan, sentado na cama, me olhou. Estava totalmente diferente, perdera a pose.
- Leah Walsh... Não esperava você em Alexandria.
Eu queria gritar e matar ele, mas me mantive firme. Estar ali era ainda pior do que eu imaginara.
- Eu esperava você morto.
Ele sorriu. - É, eu suspeitei, tendo em conta que você ajudou a me colocarem aqui. E o Dixon? Vocês já estão juntos de novo?
Avancei e soquei as grades, segurando elas com força.
- Cala essa boca imunda! Só ainda não matei você porque Rick quer fazer de você a merda de um exemplo!
Ele assentiu, enquanto arqueava as sobrancelhas. - Ah! Eu já falei para aquele lá que não sou exemplo para ninguém, mas fazer o quê? - Ele ergueu a mão. - Escuta, a garota que veio com você, é sua filha e do Daryl? Porque eu estive fazendo contas e, se for, não deveria ter uns seis anos? Aquela lá é uma adolescente, andou escondendo filho também?
- Achámos ela á um tempo, não é minha filha.
Ele sorriu. - Que bom, por momentos pensei que você tinha deixado o Daryl fazer você carregar um selvagem feito ele.
- Preferia carregar dentro de mim, mil selvagens feito o Daryl, do que um só ser feito você.
- Au, Sargento, essa doeu, hein?
- Você é um imbecil, Negan. Mas quer saber? Não adianta perder meu tempo. Rick está empenhado em manter você vivo e nada do que você fez parece... Não importa mais, sabe? Parece que todo mundo esqueceu. - Encarei ele. - Mas eu não. Eu nunca vou esquecer e sabe porquê? Shane era meu irmão e você tirou ele de mim, tirou minha liberdade e ainda prendeu o Daryl, bagunçando a cabeça dele também.
- Você parece mais afetada do que ele, baby doll.
- Não sou sua baby doll!
Negan suspirou, abaixou a cabeça e depois ergueu se novo, me olhando.
- Leah, eu... Quer saber a verdade? Eu não me orgulho pelo que fiz você passar. Na verdade, e após todos esses anos, eu... Eu queria pedir perdão. Eu tentei, sabe? Eu tentei fazer com que alguém nessa comunidade me matasse, mas nada deu certo.
Franzi o cenho. - O quê?
Ele respirou fundo e me olhou de um jeito que nunca tinha olhado antes. Parecia... perdido.
- Desculpa. Quando perdi tudo, nesse mundo doente, eu queria vingança pela morte da minha mulher, pelo que estava acontecendo com a gente... Eu prometi a mim mesmo que nunca mais iria sentir merda nenhuma e todos eram culpados, de alguma forma, pelo meu sofrimento, e mereciam sofrer igual.
Sentei no chão, sentindo minhas forças me abandonarem e abaixei a cabeça, para depois erguê-la de novo.
- Você é a pessoa mais horrível que eu conheço. - Falei. - Sabe quando isso começou? Eu perdi minha unidade, os homens que me acompanhavam em Atlanta, todos eles. Depois perdi meu grupo, depois o Daryl, depois o Shane... Eu não estava preparada para perder o meu irmão. - Olhei ele. - E você estragou minha cabeça com aquela tortura dos gritos e da música.
Negan fechou os olhos por dois minutos.
- Eu não menti para você. - Abriu os olhos de novo. - Você era, sim, a melhor e eu gostava de você. Mas você me traiu.
Eu ri. - Você matou meu irmão, eu traí sua confiança. Estamos no mesmo patamar, a diferença é que eu fiquei com a minha mente bagunçada.
- Leah...
A porta da cela abriu e Daryl desceu as escadas correndo, parando quando me viu no chão e correndo de novo, dessa vez para mim. Segurou meu braço e me levantou, analisando meu rosto.
- Você está bem? - Perguntou, e eu assenti. Depois seu olhar caiu em Negan. - Nem tenta chegar perto, nunca mais.
- Ela que veio até aqui. - Falou Negan.
- Está avisado. - Daryl me levou até á rua e depois me fez olhá-lo. - Que merda passou pela sua cabeça para ir até lá?! Tem ideias suicidas agora?! Virou amante da dor?
Olhei para baixo e, do nada, meu corpo estremeceu e eu comecei a chorar, soluçando e não conseguindo parar.
Daryl pareceu ficar atrapalhado com tudo aquilo, mas me puxou para si e encostou minha cabeça no seu peito, rodeando meu corpo com seus braços.

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