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Eu estava sentada na frente da mesa, rodando aquela faca na mão e com a cabeça cheia de pensamentos

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Eu estava sentada na frente da mesa, rodando aquela faca na mão e com a cabeça cheia de pensamentos.
Não dormira nessa noite, simplesmente não conseguira. Só o facto de poder ter estado tão perto do meu irmão me deixava ansiosa. Eu queria ter visto ele, vivo ou morto, pelo menos para acalmar meu coração que vivia naquela ansiedade doida de não saber.
Daryl entrou na cozinha, passou por trás de mim, parando e beijando minha cabeça, antes de seguir em direção do armário e retirar algo para comer. Ele sentou na minha frente e me olhou.
- Você não pregou olho.
Neguei com a cabeça e suspirei. - Não consegui.
Ele assentiu e depois indicou a faca. - É mesmo dele?
Tirei a minha do cinto e coloquei em cima da mesa, do lado da de Shane, e mostrei ao Daryl, indicando os desenhos.
- É. - Falei. - Tenho certeza. - E guardei as duas.
Daryl assentiu novamente e depois mudou de assunto.
- Vamos na floresta?
Franzi o cenho. - Hã?
Ele sorriu. - Você pediu para caçar, lembra?
Sorri e passei a mão pelo cabelo. - Posso usar a besta?
Ele revirou os olhos. - Adianta dizer não?

- Assim.
Daryl, atrás de mim, colado no meu corpo, ergueu os braços e tocou nas minhas mãos, me explicando melhor como eu deveria levantar a besta.
Sorri. - Desse jeito eu não vou conseguir me concentrar.
Senti ele rir atrás de mim. - Ótimo! Assim você esquece essa ideia e deixa a besta para quem sabe usar.
Revirei os olhos. - Nem pensar.
- Agora é do mesmo jeito que você fez lá na estrada, quando matou aquele zumbi, lembra? Mas para matar um animal, tem de ter mais paciência.
Assenti e mirei o alvo, atirando e acertando.
Daryl passou por mim, indo pegar a flecha e depois me entregou.
- Vem, vamos procurar algo vivo.
Andamos pela floresta durante um tempo e Daryl não voltou a falar sobre Shane. Ele sabia que isso me machucava. Além disso, aceitar que ele estivesse vivo seria a mesma coisa que dizer que iríamos procurar, e eu não sabia se realmente queria isso. Eu estava amando ficar sozinha com o caipira. Parecia que tudo acontecia de forma natural, a gente se entendia sem nem precisar falar e para não falar que minhas noites começaram a ser muito melhores desde que ficara sozinha com ele.
Daryl era a única pessoa que eu alguma vez amara em toda a minha vida, e eu não estava pronta para voltar a dividir sua atenção com outros. Além de que só nós dois era bem mais sossegado.
Daryl parou de andar e tocou no meu ombro, indicando depois algo mais na frente. Olhei e vi um pássaro enorme em cima de um ramo de uma árvore.
Ergui a besta, mirei e atirei, vendo o pássaro escuro cair no chão.
Olhei o caipira e sorri, orgulhosa.
- Pfff, não fica se achando. - Ele falou, andando em direção do animal.
Eu esperei, sabendo o que ele iria ver, e sorri quando ele pegou nele. - Não devo ficar?
Daryl me olhou e voltou para junto de mim, olhando o animal e depois para mim de novo.
- No olho? - Daryl indicou o olho do pássaro, onde a flecha atingira ele. Coloquei a mão livre na cintura e ele suspirou. - Tá bom, é para ficar orgulhosa, mesmo.
- Eu ficaria de qualquer jeito. - Me aproximei e olhei o animal. - É mais fácil quando sabemos atirar.
- É. Vem.
Continuámos, mas não achámos mais animais, pelo que decidimos regressar a casa, já que o caminho de volta nos tomaria grande parte da tarde e não queríamos andar por ali ao anoitecer.
Nessa noite, Daryl e eu estávamos sentados na cama, comigo no seu colo, e as mãos dele percorriam as minhas costas, enquanto sua boca beijava meu pescoço.
Agarrei no seu rosto e fiz ele me olhar.
- Promete que não vai sumir. Nunca.
Ele ficou me olhando mas depois assentiu. - Vou fazer os possíveis.
Sorri e beijei ele, que devolveu o beijo cheio de desejo.

Meses depois, algumas semanas depois do início da Primavera

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Meses depois, algumas semanas depois do início da Primavera...

- Daryl! - Gritei.
O caipira correu para mim, pegando uma das flechas e tirando da cabeça do zumbi morto, tudo sem parar de correr.
Corremos os mais que conseguimos, fugindo daquele grupo enorme.
Droga! Tinhamos de sair da cidade e rápido!
Rodei a katana nas mãos e cortei a cabeça de um zumbi que se aproximava, continuando a correr.
- Vamos nos separar. - Falou Daryl. - Sobe ali, naquele prédio, eu vou dar a volta e tentar levar o grupo do outro lado e achar um jeito de os fazer continuar andando. - Daryl segurou meu rosto. - Se eu não voltar, vai pra casa, eu te encontro lá.
- Não, Daryl!
- Leah, te vejo em casa. - E me beijou, se afastando depois.
Suspirei derrotada, mas corri em direção do prédio, entrando e fechando a porta.
Esperei, dando tempo para que Daryl regressasse... Mas ele não regressou.
O tempo foi passando e eu ia ficando cada vez mais ansiosa. Onde ele estava? Me recusava a aceitar que ele... enfim... tinha morrido. Porque Daryl não iria morrer, né? Ele sabia se virar naquele mundo.
Começou a escurecer e não aguentei mais, saí do prédio, segurando a katana na mão e olhando em volta.
Tinha nébula por todo o lado, rodeando a cidade e eu não conseguia ver para além de alguns palmos na minha frente.
- Perfeito. - Falei. - Era só o que me faltava.
Comecei a andar, atenta a qualquer som ou movimento, mas sempre procurando por Daryl. E foi quando escutei aquele som e parei de andar. Parecia uma porta de um carro abrindo... Não era Daryl, com certeza, se fosse ele falaria algo.
Recuei, devagar, e comecei a andar na outra direção, querendo me afastar o mais possível do que quer que fosse aquilo.
Então, me pegando de surpresa, escutei o som de tiro e algo sendo atingido bem do meu lado.
- Merda! - Eu fora descoberta e não pelo Daryl.
Corri o mais rápido que consegui, um  pouco as cegas e foi quando bati de frente com uma parede. Gemi de dor, abaixada no chão, mas escutei passos e pessoas á minha volta e levantei, ignorando a dor e segurando a katana.
Uma luz acendeu na minha frente, mas longe o suficiente para não me cegar, e olhei nessa direção, vendo alguém se aproximado, preparando uma arma e mirando ela em mim.
O que chamou a minha atenção, em primeiro lugar, foi as placas de identificação que ele trazia no pescoço, que brilharam um pouco, e depois olhei bem no seu rosto e senti o mundo parar. Quase deixei cair a katana. Eu estava chocada sem saber o que fazer.
Na minha frente, abaixando a arma de cenho franzido, estava um homem que eu pensava morto...
- Leah? - Ele falou.
Meu coração deu um baque quando escutei sua voz.
- Shane?

Heart's On FireOnde histórias criam vida. Descubra agora