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Baixei o som do rádio e lancei um olhar na vedação, onde Daryl já estava junto dos zumbis

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Baixei o som do rádio e lancei um olhar na vedação, onde Daryl já estava junto dos zumbis.
Fiquei vendo ele ali, e minha cabeça só conseguia pensar em achar um jeito de tirar ele daquele lugar. Daryl não merecia aquilo.
- Onde você foi ontem á noite?
Olhei para o lado, vendo Dwight, também ele com os braços apoiados no corrimão, na mesma posição do que eu.
Franzi o cenho.
- E o que você tem a ver com isso?
- Nada. - Deu de ombros, sorrindo. - Mas é meio estranho você ter escolhido exatamente a noite em que Negan não estava para sair assim.
Assenti. - Você não é meu dono e eu não devo nada a você. Mas quer mesmo saber? Fui no posto e se não acredita, coisa que pouco me importa, pode perguntar para o Alden. Ele me viu lá, ele estava lá.
Dwight ficou me encarando, mas eu segurei o seu olhar. Aquele merdoso tinha me visto sair, e isso não era bom. Ainda bem que eu passara no posto avançado antes de regressar no Santuário.
- No posto.
- É, no posto. Sabe, aquele que já foi atacado quando era do Simon, mas agora é meu e tal... - Mexi as mãos. - Esse.
- Tem algo aí. Impossível alguém ser perfeito junto do Negan. Todos nós daríamos tudo para que Negan sumisse, e você simplesmente aceita?
Olhei Daryl e percebi que ele nos olhava de forma intensa.
- Cala a boca, Dwight. Você não sabe de nada sobre mim.
- Vai matar o homem? - Perguntou.
Eu ri, o que deixou ele surpreso.
- Quê? Claro que não. Eu matava o Negan e você ficava livre com a sua mulherzinha? Eu fazia o trabalho sujo? Nem pensar.
Dwight se mexeu, parecendo, de repente, muito seguro de si.
- E você ficaria livre com o seu caipira.
Estreitei os olhos. - O quê?
- Eu já percebi a forma com aquele lá olha para você e ontem vi você saindo da cela dele.
Sem pensar, avancei sobre Dwight, pegando ele de surpresa e empurrando contra a parede, segurando pela jaqueta, com toda a força que eu tinha.
- Eu vou acabar com a sua raça, seu imbecil! Eu não estou fazendo nada com o caipira!
Dwight sorriu. - Sério?
Sorri. - Vai, conta essa mentira para o Negan. Pode ir. E eu conto sobre seus encontros com a Sherry.
Dwight mudou de cor na minha frente e eu percebi que tocara no ponto fraco.
Então, uma voz chegou até nós, vinda da direção do portão.
- Que é isso, baby doll? Esganando o Dwight?
Fechei os olhos, respirei fundo e abri de novo, largando o desgraçado lá. Olhei Negan.
- Está tudo resolvido. - Falei.
Negan assentiu e depois sorriu, fazendo sinal na direção da pick up. Franzi o cenho.
- Olha o que eu trouxe.
De dentro dela, saiu Eugene, assustado, e ainda ficou mais quando me olhou.
Indiquei o doutorzinho. - Que é isso?
Negan ergueu Lucille na minha frente e eu olhei aquele taco, antes de olhar de novo para ele. Arqueei as sobrancelhas.
- A Lucille?
Negan revirou os olhos e colocou o dedo junto de uma bala que estava alojada no taco.
- Esse gênio sabe fazer munição para qualquer arma. Do nada! - Disse Negan.
Olhei Eugene, que encarava o chão, e depois para Negan. - Sério?
- Ele fez essa daqui para que a amiguinha pudesse atirar em mim. Eu castiguei ela e trouxe ele. Imagina só, munição infinita!
Passei a mão pelos olhos e depois abaixei.
- E precisava trazer ele? Eu vi ele lá em Alexandria, é um medroso que nem atirar sabe. Por favor, ninguém merece.
Negan abaixou o taco. - Escutou o que eu falei? Ele é essencial.
Sorri, irônica. - Ah, tá, esqueci.
- Insuportável você, hein baby doll. Credo, acordou cedo demais?
Revirei os olhos, dei as costas e me afastei dali, indo em direção do meu quarto. Entrei e fechei a porta, suspirando e sentando no sofá.
Peguei o rádio e chamei ele do outro lado.
- Já viu a prenda que Negan levou?
- Não era para isso acontecer! - Falei.
Ele riu do outro lado. - Fala isso para o teu patrãozinho! Agora se vira, Walsh! Negan está ganhando tempo!
Encostei o rádio na cabeça, fechando os olhos e tentando pensar.
Merda, merda, merda!
- Walsh?
- Quê?
- Tem três dias.

No final do dia, levei Daryl para a sua cela e abri a porta, com minha mente rodopiando em pensamentos e meu corpo funcionando na forma automática.
Daryl parou junto da porta e me olhou.
- Você está bem?
Olhei ele, percebendo que continuava calada. Suspirei e assenti.
- Sim. - Indiquei a cela. - É melhor você entrar.
Daryl assentiu mas não se mexeu e eu continuei olhando ele.
- Negan... Ele... Ele já tocou em você? Porque parece que são bastante próximos. - Ele indicou o corredor, na direção da vedação.
Sorri e neguei com a cabeça.
- Não. Ele nunca encostou em mim. Apenas... sei lá. - Dei de ombros. - Ele é doido.
- Hum.
- Eu não... - Olhei ele. - Eu não tive ninguém depois de você. Nem quero ter.
Daryl assentiu, e eu vi confusão no seu olhar, bem como algo mais.
- A gente nunca deveria ter saído daquela floresta. - Ele falou.
Sorri. - É... Nunca mesmo.
- Leah...
Esperei, mas Daryl não terminou a frase.
Estiquei a mão e toquei na sua, sentindo um choque percorrer todo o meu corpo quando meus dedos tocaram na sua pele. Ele ficou quieto, igual estátua, me olhando. Vi seu rosto machucado e lembrei da surra que ele levara. Queria confortá-lo.
Dei um passo em frente e Daryl continuava parado, mas escutei sua respiração ficar mais funda. Sorri fraco, era bom saber que ele ainda sentia alguma coisa por mim. Minhas mãos subiram no seu peito e meus olhos encontraram os seus. Estava prestes a abraçar ele, seria ótimo ter aquele caipira nos meus braços novamente, e seria a minha morte, mas eu nem iria ligar. Mas escutei um som vindo do corredor e me afastei dele imediatamente.
Daryl entrou na cela e ficou me olhando, enquanto eu fechava a porta e Negan aparecia.
- Baby doll, ainda por aqui?
Tranquei a cela e assenti. - É. Precisa de alguma coisa? Ou posso seguir com minhas obrigações?
Negan riu.
- Credo, obrigações, que nome feio. Eu não obrigo ninguém a nada aqui dentro.
Indiquei a cela. - Sei.
Ele sorriu daquele jeito doentio. - E aí, o que achou da nova aquisição?
- Uma merda.
- Agora feriu meus sentimentos, Sargento. - Negan colocou a mão no peito. - Eugene iria fazer munição para Rick, agora fará para nós. Já pensou?
Assenti. - Já.
- O que houve com você?
- Estou cansada.
Negan esticou a mão e tocou no meu rosto.
- Você sabe que eu respeito você, nunca tentei nada que você não quisesse, mas... se quiser... eu posso tratar desse cansaço.
Franzi o cenho e, me assustando, um som forte veio da cela, como uma pancada na porta. Negan olhou por cima do meu ombro e eu rezei para que Daryl ficasse quieto no seu canto.
Negan me olhou, sorrindo, desconfiado e depois de aproximou da porta.
"Merda!" - Falei dentro da minha cabeça.
Virei e fiquei vendo ele abrir a porta e o que eu tentei evitar aconteceu.
Daryl saiu de lá, de repente, pegando Negan de surpresa e jogando na parede. Avançou sobre ele e socou seu rosto. Negan levantou e socou Daryl, que parecia um animal selvagem.
Do nada, Negan esticou a mão e vi ele pegar o taco e erguer ele.
Corri e me coloquei na frente de Daryl.
- Não! - Gritei.
Negan ficou parado, me olhando, tremendo de raiva e eu podia sentir Daryl atrás de mim, do mesmo jeito.
- Leah. - Disse Negan.
Me mantive firme.
- Não. Você não vai fazer isso. Se o caipira vai ser da minha equipe, você não vai matar ele! Ele é ótimo, você sabe e eu já perdi todos os meus homens. Quer matar, vai matar os do Simon ou do David, não os meus!
Negan lançou a Daryl um último olhar e depois abaixou o taco e me olhou.
- Só dessa vez, baby doll, só porque eu gosto de você. - Negan passou a língua pelos lábios. - Mas vê se trata desse aí, ou na próxima vez nem mesmo você vai me parar.
Negan saiu dali e eu fiquei no mesmo lugar, esperando. Quando tive certeza de que ele se fora, fechei os olhos e respirei de alívio. Rodei e vi Daryl me olhando.
- Não faz isso de novo, por favor. - Pedi.
Daryl ergueu o braço, indicando a direção que Negan fora, com aquele jeito bruto dele.
- Ele ia tocar em você! Ele queria...
- Eu sei, mas eu nunca deixei e ele sempre respeitou isso.
- Não dá para... Você vive no meio desses idiotas todos e seus amigos são ainda piores. E depois tem o Negan...
Sorri. - Ciúme, agora?
Daryl parou de falar e me encarou. - Ah, vai á merda, Walsh! - Ele deu as costas e entrou na cela.
Eu ri e segurei a porta, olhando ele.
- Vai você, Dixon. - Parei um pouco antes de fechar a porta e sorri para Daryl. - Além disso, você já teve muito mais do que eles. Já teve algo que eles nem sonham. - E fechei a porta, trancando.

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