Leah sempre sentiu que tinha de existir algo mais. Algo de diferente nesse mundo.
Nunca fora como as outras garotas, isso era certo, e nunca fora a predileta da família - seu irmão mais velho ocupava esse lugar.
Mas quando fez dezoito anos, Leah dec...
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Assim que saí do meio das árvores, Dog começou a latir, mas depois correu na minha direção. Fiz carinho nele enquanto Lydia, na frente, chamava Daryl. Andei na direção da casa, e Daryl me esperou junto da porta, me abraçando assim que cheguei perto o suficiente. Abracei ele de volta, adorando ter ele de volta nos meus braços. - Demorou. - Se afastou e me olhou. - Achou a Jude? Assenti. - Está em casa. Estiquei o braço e Lydia se aproximou, me abraçando e sorrindo. - É bom ter você de volta. Daryl é muito rabugento. - E você deve pensar que é bastante fácil de lidar. - Falou Daryl, bagunçando o cabelo dela. Ri e entrámos na casa.
Meses depois, entrámos em Alexandria. O tempo quente regressara o que, para mim, era um alívio. Lydia se afastou junto com Carl, Daryl se afastou, indo até Carol que estava ali com o rei, Henry e Jerry. Vi Rick se aproximando e sorri. - Que bom que puderam vir. Assenti. - O trânsito não estava tão aborrecido assim. Rimos os dois e ele me olhou. - Soube que o problema com Negan ficou resolvido. - É, ficou. Acho que podemos viver todos juntos. Rick assentiu. - Isso é bom. Achava que tínhamos de prender Negan de novo. Eu ri. - Boa ideia. Rick riu junto. - Credo, tem dias que você se parece bastante com o babaca do seu irmão. Olhei ele. - É... sorte a sua. Rick colocou um braço sobre os meus ombros e seguimos para junto dos outros. - Daryl, cuidado, Rick está tentando roubar sua garota. - Falou Ezekiel. Daryl nos olhou e sorriu. - Tenho pena do Rick. Soltei Grimes e soquei o ombro do Daryl, que me abraçou e beijou o topo da minha cabeça. Vi Negan mais afastado e suspirei, saindo debaixo do braço de Daryl. Ele percebeu e me olhou. - Leah... - Ficarei bem. Me afastei e Negan colocou as mãos nos bolsos. Parei na sua frente. - Foi mal, Leah. Desculpa, de verdade. Cruzei os braços e olhei ele. - Endoidou? Você nunca me chama de Leah. Ele riu. - Não é para sermos todos amigos? - Negan... - Olha, temos de colocar tudo para trás, certo? Eu mudei, de verdade. Assenti, mordendo o lábio. - Você matou o meu irmão, Negan, isso não tem perdão. Ele suspirou, fechando os olhos e depois me olhou. - Mas podemos recomeçar? Olhei ele demoradamente. Como eu podia confiar nele? Como eu não iria odiar Negan por ter me beijado? Depois lembrei da forma como ele protegia Judith, da forma como me protegia. Suspirei e estiquei a mão. - Oi, sou a Leah. Leah Walsh, ex Sargento do exército dos EUA, atuando na base do Afeganistão. Ele sorriu e apertou a minha mão. - Sou o Negan, apenas um idiota que sobreviveu a esse mundo fazendo um monte de merda. Sorri e depois assenti. - Vem. Olhei em redor, depois de chegar junto dos outros e percebi que faltava alguém. - Onde está a Maggie? - Perguntei para Michonne. - Oceanside. - Hum. E quem ficou no comando de Hilltop? - Tara e Jesus. - Ela riu. - Tara faz um trabalho muito melhor do que ele. Jesus nunca quis liderar. Revirei os olhos. - Sei como é. Michonne me sorriu. Passado algumas horas, Daryl sentou do meu lado, nas escadas de uma das casas e sacudiu o cabelo do rosto, colocando os cotovelos em cima dos joelhos. - O que você está fazendo aqui? Olhei ele e dei se ombros, olhando a rua de novo. - Até parece que tudo está normal de novo. Que não é o fim do mundo. Ele me olhou, com aquele jeito dele. - Eu não acho que seja o fim do mundo. No início sim, parecia, mas agora... Olha bem, estamos reconstruindo. Eu ri. - Parece a Michonne. Daryl riu. - Mas é o que estamos fazendo. Estamos voltando. - É, pode até ser, mas mesmo assim. Ele pegou na minha mão. - Não posso pedir para esquecer tudo o que aconteceu. Sei que é impossível. Mas agora estamos bem, temos uma casa longe dessa confusão, temos a Lydia... Sorri torto. - E o Dog. Ele riu. - E o Dog. - Ele passou a mão no meu rosto. - E eu tenho você. - Você sempre me teve, Daryl. Desde o acampamento. Eu não fiquei na cidade, naquela tarde, por gostar do seu irmão. Eu fiquei porque ele era sua única família. Eu fiquei por você. Daryl ficou me olhando durante uma eternidade e depois assentiu, mordendo o lábio. - Merle não merecia o que você fez por ele. Eu ri. - Verdade, o babaca estava bem, lá em Woodbury. Ele até achou o meu irmão. - Leah... - Eu estou bem. Sério. - Toquei no seu rosto. - Eu tenho você. Daryl segurou o meu rosto e me beijou. Depois de anos sobrevivendo ao fim dos tempos, perdendo as pessoas que eu gostava, finalmente me senti em paz. Daryl conseguiu, aos poucos, me fazer perder o medo besta por música e por espaços demasiado fechados. Os pesadelos ficaram mais leves também. Agora eu tinha uma família enorme, além da minha própria família, já que Lydia era como uma espécie de filha. Alexandria, Hilltop e o Reino estavam bem, livre de ameaças. Nossas crianças cresciam seguras. Isso sim, era uma prova de que estávamos nos reerguendo nesse mundo. Com vontade de vencer e continuar. Nunca uma frase, dita pelo Rick, anos antes, fazia tanto sentido como naquele momento: nós éramos, definitivamente, os "The Walking Dead".
