Prólogo

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Do que adianta ter tanto dinheiro e tão pouca empatia? As vezes vale mais uma vida miserável e uma alma nobre, do que posses, do que uma conta bancária com incontáveis zeros, do que um título de nobreza. 

Mais uma vez, Anahí olhou pela janela de seu quarto, respirando fundo. Eram quilômetros e mais quilômetros de terras, chegava até perder de vista. Pessoas andaram agitadas de um lado para o outro, e lhe faltavam dedos para contar quantos funcionários tinham ali. 

Como que podia ter tanta gente lhe cercando, e se sentir a pessoa mais solitária do mundo? 

– Com licença – Anahí sorriu, acenando para uma de suas empregadas – O almoço está servido – Se posicionou ereta, com as mãos atrás do corpo – A senhorita vai descer, ou prefere que seja servido aqui? 

Como podia ter mais carinho por uma empregada do que pela própria mãe? 

Anahí: Meu pai está aqui? – Anahí suspirou, ao vê-la negar – Obrigada, eu... vou ficar por aqui mesmo. 

– Parece um pouco abatida – Andou até Anahí, se abaixando a frente dela – Está tudo bem? 

Anahí: Está sim, Má – Disse com um sorriso fraco – Eu só... estou cansada de tudo isso. 

Martha: Deve cansar mesmo, ter gente que faz tudo pra vocês o tempo todo – Acariciou a perna de Anahí – É como se não pudéssemos ter o controle da nossa própria vida – Anahí riu, olhando com graça a mulher a sua frente. 

Anahí: Acredita mesmo que um dia eu terei o controle da minha própria vida? – A pergunta saiu amarga, assim como era sempre tocar naquele assunto.

Martha: Seus pais só estão pensando no teu futuro, pequena – Anahí riu sem humor – Eles sabem o que é melhor pra você.

Anahí: Eu só não queria me sentir sozinha assim o tempo todo – Suspirou, abraçando as próprias pernas – Não queria que se aproximassem de mim por interesse, não queria carregar o peso de uma responsabilidade que não é minha. 

Martha: Mas um dia será – Acariciou a perna de Anahí – Não dá pra fugir de quem somos, infelizmente – Buscou os olhos de Anahí, sorrindo com ternura – Um título de nobreza não deveria trazer tantos problemas...

Novamente Anahí olhou pela janela, tudo o que via era governado por seu pai, que tinha grande nome e poder naquela região. Não existia uma só pessoa que nunca ouviu falar da família Puente e tudo o que significavam. 

– Será que um dia serei amada de verdade? – Olhou novamente para Martha – Pelo o que sou e não pelo o que tenho? – Martha sorriu, um sorriso sereno, tranquilo, de quem sabia muito bem o que ia falar. 

Tão jovem, tão impaciente...

Martha: Eu não tenho dúvidas de que um dia o seu coração encontrará um lar – Tocou com a ponta dos dedos o peito de Anahí, que sorriu esperançosa – E ele valerá mais do que qualquer título que venha antes do seu nome. 

Em uma simples conversa, Anahí aprendeu a mais valiosa lição: dinheiro e poder não é o maior bem que se pode ter, quase sempre, será o coração quem ditará as regras do jogo. 



Em breve. 

Segunda vez amorOnde histórias criam vida. Descubra agora