Capítulo 14 - Un pedacito de paz

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Anahí chegou em casa com o coração em paz e a alma lavada. Fez o que tinha que ser feito, colocou a mãe em seu devido lugar e de quebra, aliviou para o lado de Alfonso e Christian.

Agora vinha a parte mais difícil: encará-lo enquanto dizia a ele que era filha dos marqueses. Como contaria a Alfonso que o sangue das pessoas que ele mais odeia e despreza no mundo, sempre correu em suas veias?

Como olhar nos olhos do garoto que ama e confessar que o engana desde que o conheceu? 

Seria uma conversa difícil, mas ela estava disposta a fazê-la. 

Era o certo, afinal. 

— Oi, Martinha — Sorriu para Martha, se sentando na mesa para o almoço.

Martha: Senhorita Puente — Serviu o prato de Anahí, que suspirou com pesar ao ser tratada daquele jeito tão formal.

Anahí: Por favor, não me chame assim — Pediu, tristonha — Sente-se aqui, vamos conversar — Bateu na cadeira ao seu lado, e Martha assim o fez — Já almoçou? 

Martha: Ainda não — Respondeu sem olhá-la, cruzando as mãos sobre a mesa. 

Anahí: Então faça um prato e almoce comigo — Sugeriu, puxando um prato vazio para ela — Eu quero me explicar pra você, e ainda não tive tempo pra isso — Respirou fundo, se virando de frente para Martha — Você é a pessoa que mais me conhece nesse mundo, a pessoa que me criou, a pessoa que eu amo e respeito como mãe... Eu não menti para Alfonso com a intenção de enganá-lo, de brincar com os sentimentos dele. Isso começou com uma mentira inocente, no dia que o conheci no colégio. Ele era um cara legal, não se preocupou com meu sobrenome, nem com o que tinha na minha conta bancária...

Martha: Meu filho não é interesseiro, Ana — O defendeu, e Anahí assentiu — Nunca foi e tenho certeza de que dinheiro nenhum será mais importante do que seus próprios valores. Ele não a trataria diferente por puro interesse.  

Anahí: E eu sei disso desde que o conheci — Afirmou com um sorriso — Ele é bom, puro e muito mais sobre do que qualquer um que carregue um título na frente do nome. Alfonso nunca me trataria de qualquer outra maneira por interesse, mas me trataria diferente a partir do momento que soubesse quem eu sou de verdade, meu sobrenome, e de onde vim. E eu sei que você sabe disso... 

Aquele fato, Martha não tinha como negar. 

Tinha conhecimento do conflito que o filho vivia com a marquesa, não só em seu trabalho, mas em tudo o que a envolvia e isso era desde sempre. 

Era como se tudo de ruim que acontecesse em volta de sua família, fosse associado a Alma. Não era nem um pouco saudável, mas era exatamente o que acontecia. 

E por mais que nem Anahí e nem Miguel tivesse absolutamente nada a ver com isso, seriam eles quem colheriam no futuro, o fruto da discórdia causada pela própria mãe. Era totalmente errado e injusto, mas era a realidade. Anahí já vivia aquilo em sua própria pele e Martha não podia negar que tudo o que parecia estar ruim, ainda tinha por onde piorar. 

— De toda forma, essa mentira acaba hoje — Martha levantou os olhos, encontrando com os de Anahí — Eu não aguento mais ter que viver uma vida de mentira com a única pessoa que merece toda a minha sinceridade — Secou uma lágrima, abaixando o olhar — Eu sinto muito que tenha conhecido assim, a nossa história. Eu sinto muito por ter começado de forma errada... mas eu não posso dizer que me arrependo. Eu não posso mudar quem eu sou, Martinha... e essa mentira, fez eu conhecer a pessoa mais maravilhosa que existe nesse mundo. A pessoa que me ajudou a lutar contra meus medos, que segurou a minha mão quando eu tinha tudo pra cair nessa maldita doença. A pessoa que mostrou que minha vida vale a pena e que... me fez sentir coisas que eu jamais vou viver ao lado de outra pessoa. 

Segunda vez amorOnde histórias criam vida. Descubra agora