Anahí nunca tinha se visto paralisada diante um problema, como estava agora na porta de Miguel.
Já tinha quase trinta minutos que estava ali, andando de um lado para o outro, enquanto tentava encontrar coragem para entrar e contar a ele tudo o que tinha pra falar.
Ensaiou o discurso, indo e voltando diversas vezes, planejando mentalmente quais as palavras certas pra usar, e por onde seria mais rápido a fuga, se Miguel realmente se irritasse com a novidade, que aos olhos dela era maravilhosa.
O pontapé que Anahí precisava apontou no topo da escada, e ao reconhecer o som do salto de Alma contra o porcelanato do corredor, esqueceu todo o medo que tinha de Miguel, entrando o mais rápido possível no quarto do irmão, antes que Alma a encontrasse.
Era mais fácil enfrentar a fúria dele, do que aguentar dois minutos de conversa com a mãe.
— Ei! Esqueceu como que bate na porta? — Se virou, encarando Anahí sobre o ombro — Eu poderia estar pelado aqui, já parou pra pensar nisso, garota?
Anahí: Isso seria decepcionante — Riu, andando até ele — E se você estivesse sem roupa, essa porta estaria trancada.
Miguel: Isso é o que você pensa — Deu de ombros, voltando a atenção para o livro aberto a sua frente — Eu tiro a roupa quando me dá vontade, e nem sempre eu me lembro de trancar a porta.
Anahí: Credo, Miguel — Implicou com uma careta — Por que você tiraria a roupa do nada?
Miguel: Pule a enrolação, Ana — Girou a cadeira, ficando de frente para ela — Você não veio aqui pra me questionar sobre quando eu tiro a roupa ou não — Anahí sorriu nervosa, escondendo as mãos trêmulas — O que está acontecendo?
Anahí: E por que tem que estar acontecendo alguma coisa? — Se jogou de frente na cama de Miguel, balançando as pernas no vento — Eu não posso só querer vir aqui, passar um tempo com meu irmão?
Miguel: Pode, mas nós dois sabemos que não é isso o que você quer — Se jogou ao lado dela, sorrindo — Vamos, pirralha. Desembuche.
Anahí: Primeiro me prometa que não ficará bravo com isso — Pediu, olhando-o — E que não vai sair gritando como um louco, menos ainda comentar sobre isso com nossos pais.
Miguel: Já vi que é sério mesmo — Se virou de lado, apoiando o rosto em sua mão — Você quer que eu bata em alguém? — Levantou o outro braço, forçando o músculo — Pode falar que eu estou pronto!
Anahí: Ai, não, Miguel — Bateu no braço dele — Esquece isso, você não vai bater em ninguém, por Deus.
Miguel: Hum, isso é o que nós vamos ver — Acertou um tapa fraco sobre o braço dela — Então é fofoca? Eu também gosto de saber das fofocas! Quem a Maria-chuteira beijou dessa vez? Você deve saber, ela sempre te conta tudo!
Anahí: Meu Deus do céu — Apertou a ponte do nariz — Como ousam dizer por ai que fofoca é coisa de mulher? — Miguel gargalhou com a careta divertida de Anahí — Quem disse isso, com certeza não te conhece.
Miguel: Eu escondo esse meu lado do mundo — Deu de ombros — E só estou tentando quebrar o clima, dá pra ver de longe o quão nervosa está — Anahí o olhou desconfiada, e Miguel apontou para suas mãos — Suas mãos não param de tremer, você não consegue parar de balançar as pernas, e toda hora fica desviando do assunto — Sorriu sem dentes, satisfeito por conhecê-la tão bem — Tá bom ou quer mais?
Anahí: Tá, já chega — O empurrou, deitando-se de barriga pra cima — Mica, você se lembra quando eu disse que sempre seria sincera com você? — Miguel assentiu, ainda encarando-a — Você sempre será o primeiro a saber sobre todas as coisas que acontecesse em minha vida. E é por isso que eu estou aqui — Respirou fundo, fechando os olhos — Miguel, eu estou namorando — Disparou direta, jogando a bomba de uma vez no colo do irmão.
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Segunda vez amor
Fanfiction"Nem todos os amores são como nos contos de fadas. Nem todos os amores nasceram para dar certo, ao menos não na primeira vez. Uma história mal contada, um passado conturbado e um futuro feliz? Talvez! Da vingança ao amor é apenas um passo."