Capítulo 54 - Try again

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— Quer saber? Deixa isso pra lá — Desconversou, gesticulando com as mãos — Pra falar a verdade, eu não sei de nada, isso tudo é suposição. 

Anahí: Você falou com certeza demais para quem estava apenas supondo alguma coisa — O olhou desconfiada — O que você sabe, Christopher?

Christopher: Eu realmente não sei de nada — Encolheu seus ombros com um sorriso sem vida — Mas todos os dias que olho para esse lugar, me pergunto como um acidente pode ter causado um estrago tão grande — Ela olhou para a imensidão cinza, suspirando — Não fique encanada com isso, ok? Eu apenas comentei com você sobre algo que desconfio. 

Anahí: Eu realmente espero que esteja errado — Admitiu, negando com o rosto — Eu amava esse lugar, era tudo o que meu pai tinha de sua família. Eu não sei como reagiria, caso descobrisse ser proposital. Tem que ser uma pessoa podre e baixa demais, para fazer tamanha crueldade.

Christopher: Não fique com isso na cabeça, o que está feito, está feito — Colocou a mão no ombro dela — Infelizmente, não temos como mudar. Agora é bola pra frente. 

Anahí: Você tem razão, mas sei que no fundo, você sabe que não é bem assim — Bateu o dedo indicador no peito dele — Por mais que dizemos "o que passou, passou", o peito grita, porque o que passou, também deixa marcas. E nem sempre elas podem ser apagadas.

Christopher: E você sabe disso melhor do que ninguém — Anahí assentiu com um sorriso de canto — Espero que tenha conseguido reconstruir sua vida, da maneira que você merece. 

Anahí: Oh, não tenho como reclamar da minha vida de hoje — Passou as mãos por seus braços — Eu tenho uma filha de dezesseis anos, sabia? Ela é incrível! — Contou, surpreendendo-o — Trabalho em um dos melhores hospitais do país, tenho um cargo excelente e me casei com o homem que sempre amei — Suspirou ao encerrar — Não tenho como reclamar de nada do que me aconteceu. 

Christopher: Espera — Pediu, gesticulando — Você se casou com o Herrera? — Anahí assentiu com um sorriso orgulhoso, como se tivesse ganhado um prêmio — Isso é sério? Uau! Quem diria... 

Anahí: Ninguém mais acreditava que isso era possível, nem mesmo nós — Fechou os olhos brevemente ao se lembrar dele — Mas o tempo foi justo com nós dois, e hoje... estamos mais felizes do que nunca. 

Christopher: Eu fico feliz por você — Passou a mão pelo braço dela — Escuta, eu realmente preciso ir, mas quero te fazer um convite — Bateu as mãos em seus bolsos, até encontrar sua carteira — Tome, esse é o meu cartão. Se for continuar na cidade por mais algum tempo, me ligue. Gostaria que fosse conhecer o hospital onde trabalho — Anahí arqueou as sobrancelhas ao ler a especialidade dele no cartão — Te conhecendo como conheço, tenho certeza absoluta de que vai gostar de nos visitar. 

Anahí: Pediatria? — Ele assentiu com um sorriso imenso, sentindo verdadeiro orgulho por sua escolha — Por essa eu não esperava. 

Christopher: Vai se surpreender ainda mais, se aceitar nos visitar — Piscou para ela, se despedindo com um abraço — Foi muito bom te ver, Ana. Nós sentimos sua falta por aqui.

Anahí: Eu também senti falta desse lugar — Acenou em seguida, guardando o cartão em seu bolso — Até mais. 

Se virou novamente para as cinzas que um dia foi de sua casa, suspirando. E em silencio, andou em meio a ela, ignorando a sujeira em seu sapato claro. Era como se ainda pudesse se lembrar, exatamente o lugar de cada coisa por ali. 

Mesmo com o pesar, apenas agradeceu. Mesmo tendo perdido tudo, ninguém perdeu a vida, e isso já era uma grande conquista. 

Se abaixou próximo de onde era a sala de sua casa, pegando um pouco das cinzas em sua mão. Fechou os olhos brevemente, sorrindo ao se lembrar do dia em que ganhou de seu pai o patins que tanto pediu e amou. Caiu muito por ali, ralou, chorou e se levantou. Várias e várias vezes. Até aprender a seguir em frente.

Segunda vez amorOnde histórias criam vida. Descubra agora