Demorou um pouco até que Anahí reagisse e saísse daquele chão frio e sujo, bateu as mãos na barra da saia tirando a poeira, limpando as lágrimas em seguida.
Não tinha ideia do que faria, mas ficar ali chorando não a levaria para lugar nenhum.
Ligou para Murillo inventando uma desculpa qualquer para que ele a liberasse do restante das aulas. Não tinha cara para enfrentar Alfonso, como tinha combinado. Ele sacaria sua cara e como sempre, Anahí acabaria se enrolando ainda mais na própria mentira.
— O que o senhor está fazendo aqui? — Suspirou jogando sua mochila no canto da sala.
Murillo: Você disse que não estava bem, eu vim cuidar de você — Sorriu, abraçando Anahí — Então... — A puxou para o sofá, se sentando ao lado dela — Quer me dizer o que aconteceu de verdade?
Anahí: Pode ser daqui a pouco? — Encostou a cabeça no peito dele, encolhendo as pernas em cima do sofá — Agora eu só quero um colo do meu pai.
Murillo: Claro que sim — Acariciou os cabelos dela, estendendo a perna sobre a mesa de centro — Podemos ficar assim por todo o tempo que quiser.
Com um suspiro pesaroso, Anahí apoiou a cabeça no peito do pai, fechando os olhos e se permitindo desabar. Ele era o seu porto seguro, sua fortaleza. Onde se sentia completamente segura e amada por quem era.
Por mais que todo seu mundo agora desmoronasse em suas costas, o peito dele sempre a traria aconchego, amor, esperança.
As mãos estavam cerradas em punhos na perna do pai, os olhos cheios de lágrimas e por dentro, o coração estava dilacerado, a garganta seca queimava, como se pegasse fogo.
— Como pode existir pessoas tão ruins no mundo? — Disse abafada contra o peito de Murillo — Por que minha própria mãe não quer me ver feliz?
Murillo: O que Alma fez? — Arqueou uma sobrancelha, encarando Anahí da forma que podia.
Anahí: Ela... — Engoliu a seco o nó que se formou em sua garganta — Ela descobriu sobre Alfonso e eu — Murillo suspirou, negando levemente com o rosto — E ela ameaçou... ela ameaçou acabar com ele! Como pode? Eu sou filha dela! — Disparou, rancorosa.
Murillo: Filha, se tem algo que nunca entenderemos é a cabeça das pessoas — O olhar dele agora parecia distante e perdido, enquanto acariciava os cabelos dela lentamente — Infelizmente nem todas as pessoas são boas e compreensivas. As vezes elas... não valem a pena. E contra essas pessoas, é preciso agir com inteligência.
Anahí: O que quer dizer com isso? — Inclinou a cabeça para encarar o pai.
Murillo: Ana, a sua mãe é... ambiciosa — Mediu as palavras, procurando não ofendê-la — Ela sempre esteve disposta a fazer de tudo pra ter o mundo a seus pés, sempre gostou de sentir que tinha o poder em mãos. Eu demorei muito a perceber com o tipo de mulher que estava casado, mas quando entendi... passei a agir com inteligência, porque hoje eu sei que sou só mais um peão no jogo de xadrez dela, e posso ser executado a qualquer momento — Declarou, respirando fundo — Se mantenha sempre a um passo a frente.
Anahí: Eu não estou entendendo — Negou com o rosto, se sentando para encará-lo — Ela te ameaçou? É isso?
Murillo: Não, claro que não — Amenizou, puxando-a novamente para seu colo — Mas eu estou um passo a frente deles, e se isso acontecer... estarei mais do que preparado.
Anahí: Agir com inteligência... — Repetiu, refletindo sobre — Será que existe uma saída para esse beco em que me enfiei?
Murillo: Sempre tem uma saída de qualquer que seja o caminho que tenha tomado — Garantiu com um sorriso — Lembre-se sempre: mais vale uma verdade dolorosa do que uma mentira agradável.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segunda vez amor
Fanfiction"Nem todos os amores são como nos contos de fadas. Nem todos os amores nasceram para dar certo, ao menos não na primeira vez. Uma história mal contada, um passado conturbado e um futuro feliz? Talvez! Da vingança ao amor é apenas um passo."