Capítulo 17 - El descenso

898 79 412
                                    

Demorou um pouco até que Anahí reagisse e saísse daquele chão frio e sujo, bateu as mãos na barra da saia tirando a poeira, limpando as lágrimas em seguida.

Não tinha ideia do que faria, mas ficar ali chorando não a levaria para lugar nenhum. 

Ligou para Murillo inventando uma desculpa qualquer para que ele a liberasse do restante das aulas. Não tinha cara para enfrentar Alfonso, como tinha combinado. Ele sacaria sua cara e como sempre, Anahí acabaria se enrolando ainda mais na própria mentira.

— O que o senhor está fazendo aqui? — Suspirou jogando sua mochila no canto da sala.

Murillo: Você disse que não estava bem, eu vim cuidar de você — Sorriu, abraçando Anahí — Então... — A puxou para o sofá, se sentando ao lado dela — Quer me dizer o que aconteceu de verdade? 

Anahí: Pode ser daqui a pouco? — Encostou a cabeça no peito dele, encolhendo as pernas em cima do sofá — Agora eu só quero um colo do meu pai. 

Murillo: Claro que sim — Acariciou os cabelos dela, estendendo a perna sobre a mesa de centro — Podemos ficar assim por todo o tempo que quiser.

Com um suspiro pesaroso, Anahí apoiou a cabeça no peito do pai, fechando os olhos e se permitindo desabar. Ele era o seu porto seguro, sua fortaleza. Onde se sentia completamente segura e amada por quem era.

Por mais que todo seu mundo agora desmoronasse em suas costas, o peito dele sempre a traria aconchego, amor, esperança. 

As mãos estavam cerradas em punhos na perna do pai, os olhos cheios de lágrimas e por dentro, o coração estava dilacerado, a garganta seca queimava, como se pegasse fogo. 

— Como pode existir pessoas tão ruins no mundo? — Disse abafada contra o peito de Murillo — Por que minha própria mãe não quer me ver feliz? 

Murillo: O que Alma fez? — Arqueou uma sobrancelha, encarando Anahí da forma que podia.

Anahí: Ela... — Engoliu a seco o nó que se formou em sua garganta — Ela descobriu sobre Alfonso e eu — Murillo suspirou, negando levemente com o rosto — E ela ameaçou... ela ameaçou acabar com ele! Como pode? Eu sou filha dela! — Disparou, rancorosa. 

Murillo: Filha, se tem algo que nunca entenderemos é a cabeça das pessoas — O olhar dele agora parecia distante e perdido, enquanto acariciava os cabelos dela lentamente — Infelizmente nem todas as pessoas são boas e compreensivas. As vezes elas... não valem a pena. E contra essas pessoas, é preciso agir com inteligência. 

Anahí: O que quer dizer com isso? — Inclinou a cabeça para encarar o pai.

Murillo: Ana, a sua mãe é... ambiciosa — Mediu as palavras, procurando não ofendê-la — Ela sempre esteve disposta a fazer de tudo pra ter o mundo a seus pés, sempre gostou de sentir que tinha o poder em mãos. Eu demorei muito a perceber com o tipo de mulher que estava casado, mas quando entendi... passei a agir com inteligência, porque hoje eu sei que sou só mais um peão no jogo de xadrez dela, e posso ser executado a qualquer momento — Declarou, respirando fundo — Se mantenha sempre a um passo a frente. 

Anahí: Eu não estou entendendo — Negou com o rosto, se sentando para encará-lo — Ela te ameaçou? É isso?

Murillo: Não, claro que não — Amenizou, puxando-a novamente para seu colo — Mas eu estou um passo a frente deles, e se isso acontecer... estarei mais do que preparado. 

Anahí: Agir com inteligência... — Repetiu, refletindo sobre — Será que existe uma saída para esse beco em que me enfiei? 

Murillo: Sempre tem uma saída de qualquer que seja o caminho que tenha tomado — Garantiu com um sorriso — Lembre-se sempre: mais vale uma verdade dolorosa do que uma mentira agradável. 

Segunda vez amorOnde histórias criam vida. Descubra agora