Capítulo 9

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                                   Capítulo 9

                                          Ane

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       Quero rir. Não por achar realmente graça de qualquer palavra arrastada que acaba de deixar os lábios de Nate, mas sim por perceber o quanto as pessoas podem ser incrivelmente idiotas e cegas em seus próprios universos paralelos. Universos esses que são tão minúsculos, que mal cabem suas esperanças falsas dentro. Não existe isso, não existe e nunca vai existir uma população que zela pela igualdade do reconhecimento. Ou você está no topo, ou está na lama, é simples e pessoas como Nate; que não se dão o trabalho de tentarem subir, sempre irão falar que "lutam" por um mundo sem competitividade. E se pararmos pra pensar, iriamos desmoronar dolorosamente se simplesmente parássemos de tentar alcançar nossos objetivos.

— É irônico escutar essas palavras, vindas de um universitário com bolsa em esportes — declaro por fim, sem esconder a ironia da situação, já que dentro de campo há bastante do que Nate diz não gostar, mais até do que fora.

— Ah não, não, não — Nate sorri novamente sem um porque plausível, enquanto repete sem necessidade sua negação — Não curso esportes, estou quase conseguindo meu diploma em psicologia — por mais que ele pareça realmente estar "animado" em compartilhar isso; sua voz soa lenta e calma como sempre.

Conforme penso no que Nate acaba de dizer; é impossível minhas sobrancelhas não se juntem um pouco. Percorro seu rosto novamente com os olhos o estudando e... Nem mesmo em três vidas diria que Nate cursa psicologia. Nada nele emana alguém que vá saber lidar, compreender e conduzir pessoas distintas a autodescobrirem emoções e sentimentos. Pra falar a verdade, se fosse chutar, diria que Nate só está aqui porque seus familiares o pressionaram, que Nate na verdade quer agir como aquele grupo de hippies esquisitos e burros que gritam em defesa das árvores, mas utilizam cartazes e folhetos que no fim? Vem do próprio derrubar de árvores.

— E joga por quê? — o questiono, ainda com a breve sensação de que ele está mentindo sobre seu curso.

— Porque é legal — seus ombros sobrem e descem uma única vez, conforme Nate me responde no seu tom lento, como se estivesse constantemente drogado, não que ele não esteja agora, afinal sequer o conheço.

         Antes que eu perceba; meus olhos estão correndo o rosto de Nate novamente, perdida e presa entre um ponto e outro da sua face. Seus olhos azuis, por mais claros que sejam, agora, estão levemente escuros pela iluminação ruim da lanchonete, no entanto ainda está ali, ainda da para notar a imensidão circular azulada que ora vibra leveza patética, ora vibra curiosidade. 

— "Por que é legal", não é algo que se classifique — minhas sobrancelhas se unem brevemente no segundo em que percebo que estou o encarando em silêncio e pronuncio a primeira coisa que me vem à mente.

— Talvez eu não queria ser classificado — Nate me responde simplesmente e sua resposta me pega brevemente de surpresa.

— Não, pode parar, primeiro você diz que não apoia competições e agora que não quer ser classificado? Você é aquele tipo de cara que curte outros caras? — o questiono unindo as sobrancelhas brevemente brava, já que se Nate curte outros homens, vim até aqui para absolutamente nada.

Talvez ApaixonadosOnde histórias criam vida. Descubra agora