Talvez Apaixonados

Capítulo 46

                           Capítulo 46

Ane

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

         Há várias formas de você não se sentir bem vinda em algum lugar... Pessoas te encarando de cara feia sempre, a forma rude como te tratam e — claro — o olhar que Julie está me lançando nesse momento. O mais estranho de tudo é que não sei se ainda quero essa sua reação, já que... Ontem algumas coisas mudaram. Na verdade, todo mísero segundo passado ao lado de Nate está me fazendo modificar, amassar e jogar fora por completo meu plano patético e junto uma parte de mim mesma, uma parte que não sei muito bem se gostava, porquê no fim Nate é o único que conseguiria me ajudar sem fazer parecer que estamos competindo, sem me fazer acreditar que só está fazendo aquilo para se sair melhor ou acima de mim. É o melhor de Nate, a parte em que ele é tão atencioso e gentil com qualquer pessoa e sequer percebe. É como se estivesse em seu sangue e eu acabei descobrindo que do dia pra noite preciso disso, preciso de cada partícula do que Nate é... Porque dentre milhões de pessoas, ele foi o único que insistiu e me viu de verdade, foi o único a perceber que sou mais que apenas uma farsa disfarçada com cabelos escorridos e arrogância. Nate não só apenas percebeu que não sou sempre inabalável, como também descobriu que nem sempre quero estar no topo. É patético pensar nisso, mas... Nate, a última pessoa que pensei que algum dia trocaríamos mais que duas palavras; está me fazendo rir de verdade, está sempre preocupado comigo e acima de tudo está sempre trabalhando para que se a resposta for "não"; ela se modifique e vire "sim" o mais rápido possível, não importa se haverá cães raivosos envolvidos ou seus pais chapados.

— Já vou — Julie anuncia para o pessoal na cozinha e a sensação que ela só está indo por minha causa me deixa brevemente incomodada.

— Mas Juh, você sequer terminou seu café — Gretta aponta e une de leve as sobrancelhas — Fica mais um pouco — Daytes pede e sua sombra/amiga negando com a cabeça pega sua mochila e coloca uma alça no ombro.

— Perdi o apetite — Julie cantarola e olha diretamente na minha direção, deixando claríssimo o porquê não quer mais permanecer no ressinto e no mesmo segundo uma risada sem humor deixa minha garganta.

— Acho tão pouco provável eu fazer alguém perder o apetite, quanto a Louis Vuitton falir do dia pra noite — pronuncio também a encarando e Julie dessa vez quem ri sem humor.

— Quem te perguntou algo? Na verdade, o que você está fazendo aqui? Não percebeu que ninguém se sente confortável com você presente? — a amiga de Gretta e Nate questiona com raiva nítida e estarei mentindo se disser que cada uma das suas perguntas não soou como um soco em meu estômago, entretanto já estou familiarizada com esses socos.

— Julie — Nate que até poucos segundos atrás estava sorrindo; agora adotou o mesmo semblante sério de quando estava me defendendo dos meus irmãos na noite anterior.

— É a verdade, não posso fazer nada... — Julie da de ombros — Só você, por alguma razão misteriosa, consegue ficar mais que o extremo necessário perto dela e cara você merece um prêmio — Julie prolonga sua sequência de golpes e parte de mim, aquela Ane perversa quer desesperadamente rebater tudo que a garota está falando no mesmo nível, entretanto permaneço em silêncio porque quero ser melhor... Por Nate.

— Por favor, para — o loiro ainda com as mãos presas em minhas cinturas pede seriamente à sua amiga, que o ignora.

— Não, ela sempre falou essas drogas na cara de todo mundo e nós não podemos falar nada para a princesa também? — os olhos de Julie migram para os meus e é fácil identificar fúria nítida neles — Você é insuportável, estar perto de você deixa qualquer um mal porque todos sempre tem que estar abaixo dos seus pés — ela continua despejando sua raiva e acabo respirando fundo, percebendo que todos os pares de olhos presentes na cozinha estão nos encarando de sobrancelhas juntas.