Capítulo 88

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Capítulo 88

Nate

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Chego ao ginásio uma hora antes do horário do treino por ter sido dispensado mais cedo da aula e no segundo em que adentro o lugar, percebo um senhor pintando o gramado. Nem mesmo o boné desbotado no topo da sua cabeça; ajuda a controlar as diversas gotas de suor escorrendo pelo seu rosto. Hoje está extremamente quente e o fato do ginásio não ser coberto não ajuda muito também. Pensar em calor me faz lembrar do incrível sexo que eu e Ane tivemos na mesa da sua empresa há algumas horas atrás e automaticamente um sorriso toma conta do meu rosto. Seus seios indo para cima depois para baixo, conforme nossos corpos se colidiam está sendo e acho que sempre será uma das minhas melhores lembranças. Sou arrancado dos meus pensamentos perversos quando escuto uma sequência forte de tosses e percebo que elas estavam vindo do senhor de idade. Em um movimento rápido; deixo minha bolsa de esportes no chão e me aproximo do homem no meio do gramado, colocando uma mão nas costas dele.

— Calma aí — brinco e começo a depositar algumas batidas nas suas costas, porquê em qualquer filme é isso que se faz quando uma pessoa não para de tossir.

— É tudo culpa dessa maldita tinta! — o homem consegue pronunciar mesmo em meio a mais uma sequência de tosses fortes e aponta com o queixo para a máquina que utilizava para pintar o gramado — Meus pulmões não são mais o mesmo de 15 anos atrás — ele se queixa e tira o boné para secar o rosto totalmente vermelho, só que não de uma forma graciosa igual o rosto de Ane fica quando ela se altera, na verdade o rosto do homem está em um nível de vermelho preocupante.

— Você está debaixo desse sol há quanto tempo? — o questiono e o senhor parece pensar um pouco.

— Há umas duas horas? Sei lá — suas sobrancelhas com pelos pretos e brancos se aproximam e seus olhos com olheiras profundas partem para encarar o outro lado do gramado.

       Minha atenção acaba se desviando para o mesmo lugar qual o senhor estava encarando e percebo que ele já tinha feito boa parte do seu serviço. Retorno minha atenção para o homem recolocando o seu boné e percebo que nunca pensei que fosse um senhor de idade que pintasse todo o gramado... Ainda mais embaixo desse sol. Umedeço os lábios e me ofereço para terminar de lançar a tinta nessa parte do gramado, o que mesmo que não seja lá aquela ajuda imensa, para os pulmões irritados do senhor já seria alguma coisa. O homem me encara e parece pensar duas, até mesmo três vezes se confiaria sua máquina — provavelmente bem cara — nas minhas mãos, entretanto sua exaustão vence a sua preocupação e ele começa a me instruir a como usar a sua maquina. O primeiro jato me surpreende pela força, mas logo me acostumo. Não é tão difícil quanto pensei que fosse e não demoro para pegar o jeito. Em certo momento começo a pensar que é um jogo, estilo os quais eu, G, C e T jogamos no Xbox da sala... Só que com o gráfico bem mais realista, já que o cheiro forte da tinta começa a irritar minhas vias respiratórias. Em certo momento coloco a gola da blusa que estou usando presa no nariz e continuo a contornar e pintar as marcações na grama. Assim que finalizo a última letra; abro um sorriso por perceber que a parte que fiz não saiu tão mal quanto pensei que sairia. Quer dizer, podia jurar que os contornos ficariam todos trêmulos. Adoto um sorriso orgulhoso e olho na direção dos bancos reservas onde havia visto o senhor caminhar despreocupadamente naquela direção antes e no instante que o encontro levando um cigarro até os lábios; meu sorriso é substituído por um unir de sobrancelhas. A tinta que está acabando com os seus pulmões, não é? Nego de leve com a cabeça e deixo o expelidor de tinta apoiado no seu motor, antes de caminhar até minha bolsa de esportes, próxima ao senhor.

Talvez ApaixonadosOnde histórias criam vida. Descubra agora