Capítulo 69

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   Capítulo 69 (😏)

Ane

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         O bairro de Nate ainda é tão tranquilo e leve quanto na lembrança da primeira vez que estive aqui e isso, essa singela tranquilidade me faz ficar um bom tempo apenas observando as casas simples, com seus jardins medianos. Só deixo de encarar o bairro pela janela acima da pia, quando escuto alguém entrar na cozinha. Poderia dizer que ainda estou aqui só porque quero, mas ninguém acreditaria nessa mentira, principalmente porque está óbvio que não estou com coragem para presenciar os pais de Nate cuidando de tudo que o fiz passar... Porque não tenho coragem de encarar os hematomas que eu o fiz ter. O barulho de passos ressoa e me obrigo a me virar, enquadrando a senhora Holden na minha visão, caminhando tranquilamente até um dos armários na sua cozinha. Ela não diz nada e sequer olha na minha direção, o que por algum motivo me deixa incomodada.

— Ele... Está bem? — questiono por alguma razão, já que não me importaria nem um pouco de que todos nós brincássemos de um outro jogo hoje, um que não envolva tabuleiros, mas sim bocas e a única regra seria; quem falasse primeiro está fora.

— Vai ficar, o meu bebê é incrivelmente forte — sua resposta soa em uma voz diferente da qual ela estava falando anteriormente com Nate na sala, na verdade seu tom de voz me lembra do dia em que "discutimos" no seu jardim, um tom sério e frio, enquanto a mesma transfere sua atenção do bule que acabará de pegar, para mim.

— Aposto que sim — ainda incerta se ela estava ou não brava comigo; lhe respondo quase que dócil, enquanto a observo se aproximar e pedir licença para encher o bule.

Concordo com a cabeça e abro espaço para a mãe de Nate no mesmo segundo, respirando fundo, enquanto a assisto encher pacientemente o utensílio em uma corrente de água extremamente fina, quase que como se ela quisesse que aquilo demorasse.

— A questão chave de tudo... — a senhora Holden retorna da onde parou antes, como se eu sequer tivesse chegado a dizer algo — É se isso não vai voltar a se repetir? — seus olhos se desviam do bule sendo enchido, para se fixar nos meus e a sensação estranha que nos rodeava antes; triplica.

— Eu posso garantir que isso não vai mais se repetir — a asseguro, porquê sei que na verdade não foi Nate quem encheu a cara naquele bar e também sei que nunca mais farei isso novamente e mesmo que eu estivesse sendo totalmente sincera com a mãe de Nate, ela continua me observa atentamente como se estivesse buscando saber se eu estava mentindo ou não.

— Seja sincera, como está se sentindo? — sua pergunta me pega desprevenida porque; em nenhum momento pensei que ela estaria preocupada comigo e quando estou prestes a respondê-la; a mesma continua — Sabendo que só foi você aparecer para que ele ficasse daquela forma? Gastando mais do que temos em bebidas e cheio de hematomas — o complemento a sua pergunta anterior, transborda veneno e me sufoca de um modo que nem mesmo o veneno de Samanta e Natasha haviam conseguido antes.

— Eu... Não... — uma parte patética minha tenta se defender e outra tira sarro de mim mesma.

Makuhine me ignora e fecha a torneira, tampando o bule antes de se virar e ir em direção ao fogão, o ligando e encobrindo o fogo com a parte de baixo do utensílio. A observo em um silêncio patético fazer tudo em movimentos lentos e sem preocupação.

— Não gosto de tirar julgamentos precipitados de pessoas, Ane; mas desde o princípio você não parece ser a garota que o meu bebê merece — seus olhos miram os meus e cada uma das suas palavras me acertam como tapas fortes, no entanto ao invés da Ane consciente de que todas essas palavras de certa forma foram verdadeiras tomar a frente e abaixar a cabeça; a Ane perversa, a qual odeia que tentem ficar acima de si; me faz rir sem humor.

Talvez ApaixonadosOnde histórias criam vida. Descubra agora