Capítulo 98

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Capítulo 98

Nate

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Não tenho palavras para descrever como foi presenciar Ane enfrentar sua mãe com jogadas sutis e de mestre. O pequeno fato da mãe dela ser bizarramente igual a ela também é outro detalhe que não irei conseguir esquecer tão cedo, no entanto esse detalhe não chega nem aos pés da forma segura, fria e direta que Ane contornou e se sobrepôs na situação embaraçosa que estávamos. Era como se ela estivesse com todas as peças do tabuleiro na mão esse tempo todo, esperando pacientemente só para jogar o jogo que ela quisesse hoje. Ainda estou tentando me convencer de que Ane enfrentando sua mãe não deveria ser uma cena de certo modo excitante, mas meu corpo todo não me dá importância e fica reprisando várias e várias vezes o momento em que Ane tirou todas as palavras da boca da mulher que ela puxou o nariz arrebitado, o formato do rosto e lábios... Talvez também isso esteja ligado aos drinks que Ane não para de pedir pra gente; é, eles podem ser o responsável pela cena não parar de se repetir. Não faço ideia de qual seja o número da taça que estamos virando nesse instante, porém a ruiva deixou claro que essa noite ela seria ela mesma e ela estava com sede, não com vontade de contar, então não falei mais nada e apenas a acompanhei, porquê essa é a decisão dela, ainda que não seja a mais sábia, ou boa, ainda é algo que Ane decidiu e eu não vou estar ao lado dela só nas vezes que ela acerta.

— Armando Ferraza — o nome do homem que aparentemente é o 'X' no mapa, deixa os lábios de Ane novamente, porém por ela estar nitidamente bêbada; a forma como a ruiva o pronuncia se iguala a forma que eu pronuncio qualquer coisa, bem lenta, me fazendo sorrir por isso.

— O nosso 'X' — concordo sem ter um motivo plausível e Ane olha ao arredor das pessoas que em algum momento deixaram de nos observar de olhos arregalados e passaram a agir como se não houvesse acontecido nada.

— Estou tentando encontrar com ele... — seus olhos se espremem ainda olhando ao arredor — E nem sei porquê, já que não enxergo nada que esteja a mais de três passos de distância — Ane acaba pronunciando o fato em um tom de brincadeira e isso acaba me fazendo rir. Mesmo que não devesse.

— Quer andar entre as pessoas? — a questiono a melhor saída que meu cérebro consegue encontrar e Ane nega com a cabeça retornando seus olhos esmeraldas para mim.

— Quero que você pegue algo pra gente beber — um sorriso que mexeria com qualquer pessoa, surge em seu rosto e ela se aproxima ainda mais pressionando sua taça, novamente vazia, contra meu peito.

— Doce? — totalmente hipnotizado em cada pontinho do seu rosto, acabo sorrindo quando uma careta toma conta do seu rosto.

— Doce? — Ane repete a pergunta que eu havia feito antes, deixando claro que não havia entendido e eu envolvo meus dedos livres na sua taça que estava sendo pressionada contra meu peito.

— É... Você quer algo doce para beber? Ou prefere algo mais forte? — não me sinto sóbrio, mas definitivamente estou melhor que Ane, já que apesar de ter bebido tanto quanto a ruiva bebeu; quem leva alguns instantes a mais para processar o que o outro diz é ela.

— Meio termo — outro dos seus sorrisos que mexem com cada órgão meu surge e sinto vontade de beija-la.

         Pra ser sincero estou com vontade de devorar seus lábios desde o segundo em que a vi descendo aquelas escadas, porém não quero estragar a sua imagem a deixando com o batom chorado... Quer dizer; borrado ou os cabelos bagunçados. Quero que todos vejam o quanto Ane está linda essa noite.

Talvez ApaixonadosOnde histórias criam vida. Descubra agora