Capítulo 77

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                                Capítulo 77

                                          Ane

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       Ainda não sei classificar tudo que fizemos ontem. Foi insano no mesmo tempo que irresponsável. Insano, porquê nunca havia me divertido tanto em nenhuma outra festa, quanto a essa improvisada que tivemos na noite passada. Irresponsável, porquê não esperamos para beber como se não houvesse um amanhã, já que o amanhã existe e ele está acontecendo agora, algumas — poucas — horas antes da aula de cada um começar. Entretanto, por mais que a dor chata de cabeça esteja super presente, não a classificaria como um "erro" ou algo do tipo, porquê definitivamente foi uma noite que entrará para a história desses meus novos amigos patéticos. A percepção de que a noite anterior foi tão boa por simplesmente a Ane que sente nojo ou até mesmo repulsa de praticamente todos os gestos e pessoas ao seu redor não ter "aparecido" me vem à mente e gosto da sensação que percorre minhas veias ao perceber que apesar de não ser o melhor dos locais; a Ane de hoje em dia não dispensaria dormir no carpete fino de uma casa que deve ter a idade dos meus avós ou mais. Como se meu corpo todo rejeitasse a ideia de agir mais rápido do que estou me movimentando; arrasto os pés, até cair no colo de Nate, já sentado na mesa, assim como seus... Quer dizer; assim como os nossos amigos. Percebo que todos estão com um semblante péssimo, como se tivéssemos virado a noite estudando para uma prova mega importante. Ai está uma ótima desculpa para usarmos com os professores. Uma das mãos de Nate pousa na minha cintura, enquanto a outra afasta brevemente meus cachos, apenas para me presentear com um beijo doce na bochecha. Seu gesto delicado me faz sorrir e acabo envolvendo meu braço ao redor do seu corpo, me aninhando ainda mais em si, como um bicho preguiça, só que no meu caso a árvore na verdade é um tronco e tanto, cheio de músculos.

— Como se sente, Mimado? Para quem pensou que namoro significava abandonar a diversão, os amigos e agora está aqui rodeado pelos dois? — Brooke levanta uma conversa e recebe a atenção de todos, conforme passava manteiga na sua fatia de pão.

— Você pensou que iniciar um relacionamento significaria deixar a diversão pra trás? — Daytes questiona Chuck com uma careta antes que ele tenha tempo de responder a sua namorada e o cara respira fundo, já prevendo que seria bombardeado de argumentos contra a sua suposição patética.

— Muitas vezes é iniciando um vínculo que ela começa de verdade, a diversão eu digo — meu loiro entra na conversa — Conhecer pessoas é expandir horizontes e se aprofundar nelas é uma viajem infinita — Nate continua com sabedoria e acaricia minha cintura com o seu polegar em movimentos carinhosamente lentos e leves.

         É reconfortante saber que mesmo que sua atenção esteja focada parcialmente nas pessoas ao nosso redor; Nate nunca me deixa de lado, nunca age como se eu não estivesse aqui.

— Que papo sentimental — a voz de Julie surge antes que a mesma entre no meu campo de visão com sua bolsa de esportes e uma careta.

— Juh! — Gretta se anima e ergue seus braços na direção da sua amiga, que vai até si e a presenteia com um abraço.

— O que aconteceu aqui? Vocês parecem que viraram a noite — Julie finaliza o abraço correndo olhar em cada um por volta da mesa com as sobrancelhas brevemente juntas expressando confusão.

— Quase isso — Thomas a responde com um breve sorriso no rosto e Julie ergue as sobrancelhas, abraçando Brooke.

— Ok, eu não preciso de detalhes, eu acho — a garota que nem a muito tempo atrás sequer me olharia nos olhos; ri ao pronunciar sua observação e deixa Brooke vindo até a cadeira que Nate e eu estamos dividindo.

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